Ação
serve de alerta contra o assédio às mulheres que vem acontecendo com
frequência na capital carioca, e foi criada por idealizadores do bloco
Mulheres Rodadas. Evento já conta com o apoio de normalistas e de
Valesca Popozuda.
Mais de 50 anos após a criação da minissaia, a
peça continua sendo um símbolo de liberdade para as mulheres. No domingo
(8/2), Dia Internacional da Mulher, um grupo vai celebrar o “Dia
Internacional da Minissaia” no Posto 4 da Praia de Copacabana, na Zona
Sul do Rio. Homens e mulheres estão convidados a ir à praia com
minissaias para defender o direito de mulheres usarem as roupas que
quiserem sem ser assediadas.
A data fictícia foi criada pelas
jornalistas Renata Rodrigues e Débora Thomé, as idealizadoras do bloco
de carnaval Mulheres Rodadas, que satiriza comportamentos machistas.
Nos
últimos dias, a manifestação ganhou mais adesões. Jovens normalistas,
colegas da adolescente de 16 anos assediada em um ônibus na terça-feira
(3/2), na Zona Sul do Rio, prometem participar vestindo os seus
uniformes, levando cartazes e pedindo respeito.
“É importante
elas poderem ir para a rua conosco, terem a noção de que não são elas
que estão erradas. É o mundo que tem que mudar e ser menos machista. Eu
tenho o direito de usar o que eu quiser”, afirma Renata.
Débora
conta que a ideia do “Dia Internacional da Minissaia” surgiu antes do
caso de assédio no ônibus, episódio que, para ela, releva uma revoltante
realidade. “Essa triste coincidência evidencia o problema.”
Até
uma música, inspirada no "Rap da Felicidade", promete embalar os
participantes do evento. Os versos dizem: “Eu só quero é ser feliz,
andar tranquilamente com a roupa que escolhi. E poder me assegurar: de
burca ou de shortinho, todos vão me respeitar.”
Além das jovens,
outro reforço de peso recebido pelo grupo foi o de Valesca Popozuda. A
cantora não poderá participar, porque tem um show agendado, mas gravou
um vídeo convocando as mulheres para o movimento. O vídeo está
disponível na página do evento, que foi definido por Débora Thomé como
uma ação de celebração à liberdade feminina.
"Ela [Valesca] luta
pelo empoderamento feminino e é pró-liberdade. Nós a procuramos, falamos
do bloco e apresentamos o projeto. E ela enviou um vídeo”, explica
Renata.
Contra o assédio
“A ideia [do evento] surgiu quando eu
estava me arrumando para ir para à aula de dança. Eu estava com roupa
de ginástica e pensei: ‘Será que eu posso sair na rua assim?’ Eu ia
pegar um táxi. E fiquei pensando se eu ficaria ameaçada pela minha
roupa. Isso é um problema,” conta Débora.
Há menos de um mês, o
bloco de carnaval organizado por Débora e Renata, o Mulheres Rodadas,
levou cerca de duas mil pessoas ao Aterro do Flamengo na Quarta-Feira de
Cinzas. Na ocasião, começou a surgir a ideia de criar um evento para o
Dia Internacional da Mulher.
Apesar de preverem algo mais
político do que o bloco de carnaval, o “Dia Internacional da Minissaia”
contará com a presença de uma DJ que tocará músicas relacionadas ao
universo feminino e que faz alusão a rodar, como no bloco.
Para Débora, a importância de um evento como este é a possibilidade de melhorar o cenário para as próximas gerações.
“Ficaremos
felizes se conseguirmos chamar a atenção para este caso da menina e
este problema da roupa. É algo para as futuras gerações, para aquelas
que hoje estão com 16 e 20 anos, por exemplo.”
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