Elas culpam a indústria da moda pela "extinção" dos pelos femininos
Teve
uma época em que as mulheres brasileiras não se preocupavam tanto em se
depilar, principalmente nas partes íntimas, o que as mantinham sexy
para os homens. A partir daí, com a libertação feminina, algumas
passaram a se preocupar com isso, ajudadas pela indústria de cosméticos e
coisa e tal. Para vermos essa evolução basta olhar algumas revistas de
"mulher pelada" das décadas de 60, 70 até parte de 80, para constatar a
realidade. Ou, se preferir, acesse o Canal Brasil, que passa, nas
madrugadas, filmes brasileiros da era das pornochanchadas, em que o
"matagal" na maioria das vezes aflorava. No Globo deste sábado, uma
matéria discute ao que chamamos de "nova onda", indagando se arrancar
pelos é uma questão de gosto ou uma imposição social. Veja:
É bom lembrar que a depilação é uma técnica inventada no Egito e na Grécia Antiga.
A
primeira depilação é como um rito de passagem à vida adulta para as
meninas de hoje. Cera, creme, linha, lâmina... As moças podem escolher
entre os muitos métodos de extração de pelos (ou seriam de tortura?),
alguns deles inventados milênios atrás. Mas essa tradição antiga vem
sendo questionada. Especialmente hoje, na véspera da comemoração do Dia
Internacional da Mulher, elas se perguntam: arrancar os pelos é uma
questão de gosto ou uma imposição social? Enquanto os produtos
depilatórios ficam cada vez mais sofisticados, grupos feministas têm
criado campanhas na internet que clamam por uma imagem mais natural do
corpo feminino. Seria a hora de exterminar esse “sofrimento” milenar?
Apesar
de só ter se popularizado no início do século XX, o hábito de se
depilar já existia nas civilizações antigas. Há relatos de que a rainha
Cleópatra, do Egito, usava tiras de tecido ou de pele de animal,
banhadas em cera quente de abelha, para arrancar seus pelos. Na Grécia,
onde os pelos eram arrancados com as mãos, era comum que as moças
bebessem muitos goles de vinho para aguentar a dor. Já as romanas usavam
pastas depiladoras e uma vareta curva, chamada “estrigil”, para raspar a
solução junto com os pelos depois. No Oriente Médio, a depilação com
linha também era praticada.
Durante séculos, no entanto, o
costume de extrair os pelos ficou “adormecido”. Por muito tempo, os
pelos pubianos e das axilas eram muito valorizados, como um símbolo
máximo da feminilidade, segundo a historiadora Mary Del Priore. Os pelos
das axilas tinham um potencial erótico enorme e jamais eram tirados,
pois permitiam que os homens vislumbrassem a coloração na região pubiana
da mulher. Os pelos púbicos, por exemplo, eram usados em todo tipo de
feitiçaria amorosa, para “amarrar” os homens, como mostram documentos da
Inquisição.
Mas, com a inserção da mulher no mercado de
trabalho, tudo mudou. As tarefas nas fábricas exigiam movimentos com os
braços e, por isso, os vestidos perderam as mangas. Deixar os pelos das
axilas, esses elementos tão erotizados, à mostra seria então uma
indecência sem tamanho. Portanto, a remoção deles começou a ser
aconselhada às moças “de família”, primeiro nos Estados Unidos e,
depois, em outras parte do mundo. No Brasil, os primeiros anúncios de
serviços de depilação, em salões de beleza das capitais, começaram a
circular nas revistas femininas por volta de 1915.
Pouca roupa e pouco pelo
Os
pelos das sobrancelhas, do buço e das axilas foram os primeiros a
sumirem. Nos anos 30, apareceram, nas farmácias, cremes depilatórios
químicos e aparelhos específicos para extração de pelos. A depilação
passou a ser tratada como uma questão de higiene e uma exigência
estética para as mulheres “elegantes”. Foi nesse momento que a
higienização do corpo feminino começou a ser vendida como sinônimo de
beleza.
- A noção de que a mulher precisa estar sempre perfumada e
limpa começou nessa época. Até então, o odor da fêmea era considerado o
máximo. Napoleão Bonaparte, por exemplo, escrevia para sua mulher,
Josefina de Beauharnais, pedindo: “Estou voltando para casa, por favor,
não se lave nos próximos dias” - conta Mary Del Priore, autora dos
livros “Histórias e conversas de mulher” e “Histórias íntimas”. - Com a
obsessão pela perfeição da pele da mulher, como algo que não suja, não
amarrota e não tem odor, perdeu-se uma enorme carga erótica.
A
evolução da depilação acompanhou a da moda. À medida que as saias foram
ficando mais curtas e as meias-calças mais finas, os pelos das pernas
foram desaparecendo.
A libertação das grossas meias de náilon foi
considerada uma vitória, mas veio acompanhada da exigência de depilar
as pernas. Uma reportagem de agosto de 1955 do GLOBO destaca logo no
título: “O verão exige pernas lisas”, e avisa que “toda mulher elegante
tem o dever de apresentá-las impecáveis”. Um ano antes, a revista
“Fon-Fon” publicou a reportagem “Pernas bonitas”, afirmando que “pelos
supérfluos são desgraciosos” e listando os tipos de depilação existentes
na época: cera, pasta, lâmina e aparelho elétrico.
O clímax
dessa trajetória se deu nos anos 60, com o surgimento do biquíni e, é
claro, de sua maior companheira: a depilação íntima.
- Aqui no
Brasil, um país onde é verão durante nove meses do ano, esse hábito se
espalhou rapidamente. Não é à toa que somos conhecidos
internacionalmente pela Brazilian wax, ou seja, a depilação total do
órgão reprodutor feminino - aponta Denise Bernuzzi de Sant’Anna,
professora da PUC-SP e autora do recém-publicado “História da beleza no
Brasil”. - Especialmente depois dos anos 80, ter pelos se tornou
sinônimo de sujeira e descuido. E para a mulher, principalmente, mostrar
desatenção com o corpo virou um pecado.
Indústria e massificação
A publicidade também teve um papel crucial da massificação do hábito.
-
O boom da remoção dos pelos nasceu a partir do mercado masculino -
afirma Selma Felerico, professora de Comunicação da Universidade
Presbiteriana Mackenzie de São Paulo.
Quando marcas como
Gillette, Bic e Bozzano perceberam que a moças estavam “roubando” as
lâminas de barbear dos maridos para raspar as pernas, nos anos 50, as
empresas enxergaram ali um grande mercado ainda não explorado. Bastou
colorir a haste da lâmina de cor-de-rosa e veicular campanhas
publicitárias direcionadas às damas. As agências publicitárias que
começaram a se estabelecer no Brasil naquela época criaram anúncios que
valorizavam a pele “lisinha” da mulher. As atrizes de Hollywood também
contribuíram para solidificar essa imagem nas décadas de 1940 e 1950.
-
A mídia não criou o hábito da depilação, mas reforçou - comenta Selma. -
Esse é um mercado interessante para a indústria, com dezenas de cremes
que removem pelos, loções pós-depilação, lâminas, ceras, aparelhos
elétricos, produtos antialérgicos... São gôndolas e mais gôndolas de
cosméticos nas farmácias e muito dinheiro circulando.
Na contracultura
Na
contramão dessa lógica, estão alguns grupos feministas que não
concordam com a exigência estética. O documentário “My body, my hair”
(“Meu corpo, meus pelos”, em tradução livre), filmado em Londres, mostra
o dia a dia de seis mulheres que optaram por não se depilar. Já o site
brasileiro “Pelos pelos” traz dezenas de fotos de corpos femininos “ao
natural”, com a intenção de provocar uma reflexão sobre “a naturalidade
dos pelos”. Algumas meninas têm até pintado os pelos das axilas com
cores chamativas - verde, azul, cor-de-rosa - para exibir, com orgulho, o
traço feminino.
- Há uma explosão de tendências, muitas delas
tentam reforçar a ideia de que toda mulher tem o direito de fazer o que
quiser com seu corpo - observa Mary Del Priore. - Numa época em que até
os homens estão se depilando, a mulher não é mais obrigada a passar por
esse ritual, se não quiser. Hoje, não há regras. Tudo é uma questão de
escolher de qual tribo você quer fazer parte.
A professora de
História Denise Bernuzzi de Sant’Anna, porém, faz questão de separar a
moda do tingimento dos pelos do movimento de contracultura da década de
1970, quando as hippies se recusavam a depilar-se, tanto nas axilas
quanto na virilha. Na época, a liberdade era o valor mais prezado, e as
exigências estéticas foram totalmente rejeitadas.
- Nos anos 70,
as mulheres hippies não tinham qualquer cuidado cosmético com os pelos, e
isso foi um fenômeno totalmente fora da curva - afirma a historiadora. -
Já as meninas de hoje raramente conseguem escapar dessa exigência
estética. Mesmo as que colorem os pelos, para afirmar a libertação do
corpo feminino, estão demonstrando um cuidado, até bem grande, com os
padrões de beleza.
nossa vi este artigo so agora , e nao tenho como passar sem dizer o quanto eu odeio este modismo nojento que se instaurou nesta geração oca e acabou com a beleza natural da mulher que eera tao gostoso e belo. principalmente pra mim que tenho fortissima atraçaõ por mulheres bem peludas, uma quaestao de atração mesmo e gosto desde de criança, hoje as mulheres estao plastificadas, artificias , sem gosto, sem nada . tenho problemas para arrumar namorada que goste .abaixa a calcinha e é tudo igual, ridiculo este padrao idiota , perdeu o glamour da mulher verdadeira. parecem tudo crincinhas, eo piro disso tudo ea padronizaçao mental que se faz na mente das menos inteligente com argumento de falta de higiene , meu deus esqueram o cerebro em casa . o mundo so piora e transforma o certo em errado . eo podre em certo. procuro ate hoje o amor da minha vida , uma mulher natural peluda, autentica, como as hippies que nao ligue para esta porcaria de depilação e ser feliz . se alguma mulher que ler este comentario e for assim me escreva , eu quero conhecer vc. meu email:oobservador744@gmail.com
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