quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Peruíbe vira praia de nudismo em São Paulo


Naturistas 'invadem' praia deserta e conquistam Prefeitura que sinaliza apoio para oficializar primeira praia naturista do Estado.
Para Fundação Florestal, prática de visitação sem roupa não é permitida. Naturistas já frequentam outras praias do Estado extraoficialmente.

Distante cerca de 23 km do Centro de Peruíbe, no litoral de São Paulo, a praia da Desertinha, localizada dentro da Estação Ecológica Jureia Itatins, tem atraído à atenção de um grupo de naturistas, pessoas que adotam estilo de vida em harmonia com a natureza, caracterizada pela prática da nudez coletiva. O sonho da Federação Brasileira de Naturismo (FBrN) de legalizar uma área pública no Estado de São Paulo para a prática é antiga. A causa tem ganhado o apoio da prefeitura local e de empresários do ramo turístico na cidade nos últimos meses. Segundo eles, a modalidade seria uma nova aposta para o turismo paulista, que não possui nenhuma praia oficial para quem gosta de tirar a roupa.

Em contrapartida, a Fundação Florestal, órgão ligado à Secretaria Estadual de Meio Ambiente, que é responsável pela administração da área, afirma que ‘a visitação sem roupas não é permitida’. Mesmo com a negativa inicial, a presidente do Conselho da FBrN, Renata Freire, tem esperança em uma mudança de cenário.

Ela garante que as características do local não seriam alteradas e que o grupo ainda ajudaria na manutenção e preservação ambiental da praia, como já acontece no Sul e no Nordeste do país. Ao todo, são sete as praias naturistas regulamentadas na costa brasileira. “Nós assumimos o cuidado. A preocupação deles é com a exploração, mas o nosso ideal é justamente ajudar a preservar os locais que frequentamos, sem agredir o meio ambiente. Nós já frequentamos praias no litoral norte e em Peruíbe mesmo, mas ainda não é oficial. Estamos pleiteando isso”, reforça.

Para Eduardo Monteiro Ribas, caiçara e empresário do ramo de turismo há 20 anos, há uma alternativa. “Por se tratar de uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS), o morador tradicional, da comunidade local, poderia, sim, explorar e ajudar no gerenciamento da praia. A participação deles é fundamental nesse processo”, afirma.

O secretário de Turismo de Peruíbe, Paulo José dos Santos, também acredita na viabilidade e afirma que o município está de ‘portas abertas’ para receber a primeira praia oficial de naturismo do Estado. “Eu acho perfeitamente viável. Ainda não conversamos oficialmente com a Federação, mas é um turismo diferenciado. Com certeza a prefeitura dará o seu apoio, desde que haja um planejamento e conscientização também da comunidade local”, aponta.

Renata reitera que em todas as praias frequentadas por naturistas, sejam aquelas regulamentadas ou somente com apoio da comunidade local, há um consenso entre os moradores. “Ficamos felizes em saber que parte do poder público está disposto a conversar. Temos boas experiências em diversos lugares e vamos procurá-los. Já conhecemos o local e em todos os lugares há leis que permitem a concessão de uso, com posto de fiscalização e tudo mais. O comércio não é impedido de funcionar e isso contribui para o turismo local”.

É comum que associações gerenciem o uso ordenado das praias de naturismo. É cobrada dos membros uma taxa de manutenção, dinheiro usado para manter a infraestrutura do local, com distribuição de saquinhos plásticos, panfletos explicativos e até elaboração de campeonatos esportivos.

Desde 2008

As praias da Juréia tem sido alvo dos 'pelados' pelo menos desde 2008. Para acessá-las, é necessário seguir por uma estrada de terra de cerca de 16 km, além de trilhas, dependendo do ponto escolhido. A própria representante da FBrN afirma ter visitado o local no início de 2010 e diz que visitas de grupos são frequentes. “Eu nasci em Santos e me mudei cedo para o interior, mas conheço um pouco da região. Estive na Desertinha com um grupo e, na época, encontramos apenas alguns surfistas. Eles estranharam, mas conversamos e eles perceberam que não era nada de sexualidade. Eu vou com os meus filhos e marido e houve muito respeito. Só não era permitido ficar pelado no camping”.

Para Renata, a liberação é questão de conversa. "Em São Sebastião, quando fomos pela primeira vez, a pousada era de um naturista e fizemos uma reunião com a Associação dos moradores que aceitou usarmos a praia. Depois, a associação mudou de diretoria e parou toda a negociação", explica.

Repórteres do portal G1 visitaram o local em um fim de semana de janeiro, mas não flagrou ninguém sem roupa. Durante um bate-papo com alguns moradores da região da Barra do Una, área de Reserva de Desenvolvimento Sustentável onde a praia está inserida, foi confirmada a presença de várias famílias naturistas ao longo de todo o ano.

2 comentários:

  1. sou a favor desde que haja respeito por parte dos frequentadores. Estamos no se culo 21. há coisas bem mais serias para serem resolvidas.

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