sábado, 15 de fevereiro de 2020

Rio: capital carioca espera 2 milhões de turistas no carnaval










           



Ocupação de hotéis é maior que no último verão em período de 'entressafra'; na plataforma Airbnb, cinco bairros mais procurados para dias de folia no Brasil são cariocas

A orla da Zona Sul lotada de domingo a domingo e o som de diferentes sotaques e idiomas por todos os cantos indicam que o Rio está vivendo um bom momento no turismo. A impressão é que as ruas estão mais cheias de visitantes do que no último verão, e isso se comprova em números. Nesta “entressafra” entre o réveillon e o início do carnaval, a cidade tem 42.640 (82%) de seus 52 mil quartos de hotéis ocupados, de acordo com o Sindicato dos Meios de Hospedagens do Município. Em 2019, no mesmo período, a taxa era de 79,6%. Para a época de folia, a Riotur espera 300 mil visitantes a mais — no último carnaval, a cidade recebeu 1,6 milhão de turistas.

— Hoje, o preço do dólar favorece, faz o brasileiro viajar menos para o exterior e os estrangeiros virem mais para cá. Ao longo do ano passado foi feito um grande esforço para divulgar o Rio, e a ideia de um calendário com 50 dias de carnaval ajudou. Antes, existia uma lacuna entre o réveillon e o carnaval. O cenário agora é diferente, oferece atrativos. Há quantas semanas estamos falando de blocos e eventos? O momento é favorável —diz Alfredo Lopes, presidente do sindicato, que já comemora um aumento de 6% na procura por hotéis para a segunda metade de fevereiro.

Bares mais cheios

No comércio, a avaliação também é positiva. Fernando Blower, presidente do Sindicato dos Bares e Restaurantes do Rio, afirma que o setor vem percebendo um significativo aumento da presença de turistas, principalmente de outros estados.

— Janeiro costuma ser um mês bom para bares e restaurantes, mas, este ano, está melhor porque o turismo aumentou, devido à alta do dólar ao caráter festivo da cidade, que já entrou em clima de carnaval. Percebemos isso principalmente nos estabelecimentos da orla. Alguns comerciantes falam que, em relação ao mesmo mês do ano passado, o movimento cresceu em torno de 15%, impulsionado pelos turistas.

Para o empresário e publicitário Roberto Medina, uma aparente melhora na segurança pública e um calendário de eventos “esticado” contribuem para o atual cenário:

— No Brasil e no exterior, a imagem do Rio como um lugar inseguro sempre atrapalhou muito. Temos uma estrutura para os visitantes que não a justifica. O índice de criminalidade vem caindo de maneira expressiva, e isso tem sido divulgado.

Bayard Boiteux, vice-presidente da Associação Embaixadores do Rio, diz que o pré-carnaval, com desfiles de blocos e eventos, está dando resultado no segmento de turismo doméstico, mas não analisa o cenário de forma otimista:

— A decisão da prefeitura de aumentar os dias de folia, de forma intempestiva, não ajuda, em absoluto, o turismo internacional. Pode estar dando resultado, sim, no turismo doméstico, junto a moradores de Minas Gerais e São Paulo. Mas acho que a crise da água (a qualidade do abastecimento da Cedae foi comprometida pela contaminação de geosmina, substância de cheiro forte e gosto de terra produzida por micro-organismos) pode acabar reduzindo a quantidade de visitantes.

Roberto Medina destaca que “é preciso acabar com a mentalidade de que eventos são despesas”. Para o criador do Rock In Rio, eles podem ser a grande solução para as finanças da cidade:

— O turista brasileiro deixou US$ 17,5 bilhões lá fora no ano passado. Se fôssemos capazes de vender uma imagem mais positiva para os outros estados brasileiros, teríamos algo entre 15% e 20% desse valor injetado na cidade. O Rio tem tudo que o visitante quer, a gente precisa de pouco para melhorar.

Bairros mais procurados

Os bons números de janeiro aumentam a expectativa para o carnaval. Os hotéis cinco estrelas estão com 100% de reservas para o período, e há um aumento de 13%, em relação ao ano passado, na procura por quartos na Barra e em São Conrado e de 18% por acomodações no Flamengo e em Botafogo, de acordo com o sindicato do setor.

Na plataforma Airbnb, são do Rio os cinco bairros mais buscados em todo o Brasil para hospedagem entre os dias 22 e 26 de fevereiro: Copacabana, Ipanema, Barra, Leblon e Botafogo.

— No ano passado, tivemos uma curva de crescimento médio no turismo de 10% em relação ao anterior, e estamos numa crescente desde o réveillon. Para o carnaval, esperamos 1,9 milhão ou até 2 milhões de visitantes — afirma Marcelo Alves, presidente da Riotur.

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