segunda-feira, 7 de março de 2016
Pré-diabete já atinge 40 milhões de brasileiros
Estágio antes da doença é comum em pessoas com circunferência abdominal aumentada. O que acontece se eu cortar o açúcar da dieta? Tratamento inadequado da diabete pode levar à cegueira e doença renal crônica. Veja dicas publicadas no Estadão deste domingo.
A diabete é uma doença grave e que preocupa muitas pessoas atualmente. O período de desenvolvimento é de 10 anos e, durante esse tempo, é comum que as pessoas entrem no estágio da pré-diabete, caracterizado pelo índice glicêmico em jejum entre 99 e 127. O precedente da doença também é importante e precisa ser tratado, antes que evolua para a diabete.
"Em geral, pessoas que tem pré-diabete são aquelas que estão acima do peso e têm risco de desenvolver diabete tipo 2", explica o endocrinologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Rogério Silicani. Além disso, o especialista afirma que, normalmente, o estágio está relacionado ao aumento de gordura, especialmente a abdominal.
Estima-se que para cada diabético, três pessoas estejam na condição de pré-diabete, isto é, aproximadamente 40 milhões de brasileiros. Apesar do número elevado, o coordenador do Centro de Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Ricardo Cohen, afirma que poucas pessoas que estão nesse estágio têm conhecimento.
Há alguns fatores de risco que podem levar pessoas a desenvolverem a pré-diabete, como genética favorável para desenvolver diabete, já ter tido índices elevados de glicemia, mulheres que tiveram diabete gestacional ou filhos com mais de 4 kg, ter circunferência abdominal aumentada, ser hipertenso, sedentário ou ter mais de 40 anos.
Para descobrir que está no estágio de pré-diabete, é preciso verificar o índice glicêmico. "É comum descobrir em exames de rotina", explica Cohen. O endocrinologista do Albert Einstein alerta que, embora o exame dê o diagnóstico, possuir fatores de risco já é motivo para se preocupar.
Não há sintomas para a pré-diabete, a única mudança que pode acontecer no corpo é a "acantose nigricans", ou seja, a pigmentação das dobras do corpo aumenta. Isso acontece devido à resistência de insulina, comum em pessoas com excesso de gordura abdominal.
"Embora a pré-diabete não seja uma doença, é um estado ligado a um maior risco cardiovascular", diz Silicani, que apresenta esse como mais um fator para se preocupar com os altos índices glicêmicos. O médico do Hospital Oswaldo Cruz também alerta sobre riscos dessa condição: entre 10% e 15% dos pacientes pré-diabéticos já podem ter lesões no rim, na retina e nos nervos.
Para prevenir que o estágio evolua para a diabete, é preciso ter uma vida saudável. De acordo com o Silicani, a meta deve ser diminuir entre 5% e 7% do peso corporal e fazer 150 minutos de atividades físicas por semana.
Seis mitos sobre a diabetes
O diabetes é uma doença crônica que atinge 13 milhões de brasileiros, de acordo com o Ministério da Saúde. Ela ocorre quando a insulina não é suficiente ou não consegue agir de maneira adequada para metabolizar o açúcar presente nos alimentos e transformá-lo em energia, resultando no excesso de glicose na corrente sanguínea
O diabetes é uma doença crônica que atinge 13 milhões de brasileiros, de acordo com o Ministério da Saúde. Ela ocorre quando a insulina não é suficiente ou não consegue agir de maneira adequada para metabolizar o açúcar presente nos alimentos e transformá-lo em energia, resultando no excesso de glicose na corrente sanguínea;
O coordenador da equipe de Endocrinologia do Hospital São Luiz, Alex Leite, esclarece seis mitos sobre a doença; entenda:
Caldo de cana e mel
O consumo desses alimentos não é aconselhável. Eles são ricos em açúcar e podem atrapalhar o controle da glicemia
Insulina
A insulina não provoca dependência. Quando o paciente precisa deste hormônio com frequência é porque ele realmente é deficiente na produção da insulina
Doces e outros alimentos
Além dos doces, outros alimentos também podem se transformar em açúcar no sangue e contribuir para o aparecimento da doença. Entre eles estão os alimentos ricos em amido como pães, bolos, raízes e massas
Frutas
O consumo de frutas tem de ser controlado porque elas contêm um açúcar chamado frutose que pode contribuir para o descontrole glicêmico no organismo. A recomendação é que o diabético coma até quatro frutas ao dia, de tipos diferentes e em horários diversos
Canela
Muitos alimentos, como a canela, podem trazer benefício no controle glicêmico. Porém, não substituem a necessidade de dieta, uso do medicamento e acompanhamento médico periódico
Bebidas alcoolicas
Ele pode consumir bebidas alcoólicas com moderação e se o médico autorizar. Recomenda-se evitar bebidas adocicadas como vinho doce, caipirinhas que levam açúcar, bem como a cerveja, que contém carboidrato
Tomar remédios para controlar a evolução da pré-diabete também é importante. "Para um diabético, as mudanças não freiam a doença, apesar de atenuarem, mas um pré-diabético pode evitar a diabete", frisa Cohen sobre a importância de se cuidar.
Para pacientes obesos com essa condição, a cirurgia bariátrica diminui em oito vezes as chances de o estado evoluir para diabete tipo 2.
Silicani reforça que a alimentação saudável e a prática de esportes não é recomendada apenas para pessoas com pré-diabete, mas para todos. "A maior parte das pessoas tem dúvida de como montar uma refeição ideal: primeiro, ter as três refeições principais, café da manhã, almoço e jantar. E dividir o prato em quatro partes, um quarto carboidratos, um quarto proteínas e o resto deve ser divididos entre legumes, verduras e salada", explica.
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