Entre
as novidades da segunda edição, anunciada na quinta-feira (28/4), estão
o Esquina Mocotó, o Tête-à-Tête e o Kan Suke, em SP, e o Eleven, no
Rio, todos agora com uma estrela.
O Brasil
continua tendo apenas um restaurante excelente, de acordo com a
avaliação dos inspetores do Guia Michelin, o guia de restaurantes mais
famoso do mundo. O D.O.M, de Alex Atala, foi o único do País
classificado com a cotação de duas estrelas na edição 2016 do Guia
Michelin Rio de Janeiro & São Paulo, mantendo a classificação do ano
passado. As duas cidades têm, juntas, 18 restaurantes avaliados com uma
estrela - entre eles o Esquina Mocotó, o Tête-à-Tête e o Kan Suke, em
São Paulo, e o Eleven, no Rio, que acabam de receber a primeira estrela.
Mais
uma vez, nem uma casa brasileira conquistou a classificação máxima de
três estrelas da publicação, que de acordo com o diretor internacional
dos guias, Michael Ellis, significa que o restaurante vale a viagem.
Apenas duas casas perderam suas estrelas, ambas porque fecharam as
portas, o paulistano Epice e o carioca Oro, que ficou cinco meses
fechado e acaba de abrir em novo endereço e com nova proposta.
A
segunda edição do Guia Michelin Rio de Janeiro & São Paulo,
apresentada nesta quinta-feira numa cerimônia no Copacabana Palace, no
Rio, não apresenta grandes mudanças, porém traz algumas boas notícias. A
primeira é justamente a entrada do Esquina Mocotó na ala dos
estrelados. “Essa grata surpresa mostra que a alta cozinha pode ser
descentralizada e inclusiva”, disse Rodrigo Oliveira.
O
chef ficou sabendo da estrela 15 minutos antes do seu anúncio oficial e
por uma “malandragem”: quando foram anunciados os restaurantes que
oferecem boa comida e bons preços, os Bib Gourmand, o chefe do salão do
Mocotó, Nuno Arez, subiu ao palco e pegou um exemplar do guia. Sem
cerimônia, virou as páginas, viu a estrela do Esquina e mostrou para
Rodrigo.
“Juro, juro que eu pensei que podia
ser engano e disse para ele ficar frio”, conta Rodrigo. Muito feliz com a
estrela, o chef que atraiu a atenção do mundo para a Vila Medeiros, na
zona norte de São Paulo, diz que não esperava recebê-la: “Foi realmente
uma surpresa, não imaginava que um lugar com o nosso modelo de cozinha,
que serve o que servimos num ambiente como o nosso e com o nosso tipo de
serviço tivesse os requisitos para ganhar a estrela”.
A
entrada do paulistano Kan Suke, de Egashira, na lista foi a reparação
de uma injustiça. O talentoso sushiman, mestre de sushimen como Edson
Yamashita e outros, tinha sido esquecido no ano passado. Outra bem-vinda
correção da edição 2016 é a inclusão do Tordesilhas, de Mara Salles,
na lista de Bib Gourmand.
Contrariando as
apostas, o Attimo manteve sua estrela, mesmo com a troca de chefs, e seu
proprietário, Marcelo Fernandes, estava exultante: manteve a do Attimo e
a de sua outra casa, o Kinoshita, acabando com o mito de que a estrela é
do chef. “Foi uma superação, para mim e para o Francisco”, disse o
restaurateur sobre o novo chef do Attimo, Francisco Pinheiro.
A
cozinha japonesa no Brasil continua entusiasmando os inspetores do
Michelin, a ponto de causar certa polêmica, notadamente no caso do
Kosushi e do Huto, que têm cozinhas bem distantes de Jun Sakamoto, Kan
Suke e Kinoshita, embora tenham recebido a mesma cotação. Num total de
19 restaurantes estrelados estão seis japoneses - cinco em São Paulo e
um no Rio, o Mee, que além do Japão é dedicado também a outras
culinárias asiáticas.
A última boa notícia é o
desmentido de um boato, que vinha circulando recentemente entre os
chefs, o de que esta seria a última edição do Guia Michelin Rio de
Janeiro & São Paulo. Michael Ellis classificou o boato de ridículo e
garantiu que o guia segue firme e forte no País. “Vemos a gastronomia
brasileira em evolução e isso pode indicar novos restaurantes recebendo
estrelas ou mais estrelas nas próximas edições”, disse.
Em
entrevista ao Paladar, falou que, apesar de o guia digital ter
audiência mais ampla que o papel, as duas publicações são
complementares. “Na rua e em viagens, as pessoas consultam o digital,
mas em casa, preferem o papel.” Sem querer dar detalhes, o responsável
pelo guia centenário afirmou que sua equipe está estudando maneiras de
otimizar novos guias na América Latina.
Peru e
México? “Pode ser”, desconversou, “estamos estudando, já temos material
para fazer novos guias na região o problema é que os recursos são
limitados e temos que escolher, otimizar”. Ele disse que há quatro novos
Guias Michelin a caminho: Cingapura e Seul, que saem até o fim do ano, e
outros dois que deverão ser anunciados nas próximas semanas.
Veja a lista de estrelados e Bib Gourmand (restaurantes que oferecem boa relação de qualidade e preço) deste ano:
DUAS ESTRELAS
São Paulo
D.O.M. (Alex Atala)
UMA ESTRELA
São Paulo
Attimo (Francisco Pinheiro)
Dalva e Dito (Alex Atala, Luiz Gustavo Galvão)
Esquina Mocotó (Rodrigo Oliveira)
Fasano (Luca Gozzani)
Huto (Fábio Honda)
Jun Sakamoto (Jun Sakamoto)
Kan Suke (Egashira Keisuke ) - estreia no guia
Kinoshita (Tsuyoshi Murakami)
Kosushi (George Koshoji)
Maní (Helena Rizzo, Daniel Redondo)
Tête-à-Tête (Gabriel Matteuzzi) - estreia no guia
Tuju (Ivan Ralston)
Rio de Janeiro
Eleven Rio (Joachim Koerper) - estreia no guia
Lasai (Rafael Costa e Silva)
Le Pré Catelan (Roland Villard)
Mee (Kazuo Harada)
Roberta Sudbrack (Roberta Sudbrack)
Olympe (Claude Troisgros, Thomas Troisgros)
BIB GOURMAND
São Paulo
Antonietta Empório
Arturito
Le Bife - estreia no guia
Bona - estreia no guia
Brasserie Vitória
Casa Santo Antônio
Ecully
Jiquitaia
Manioca - estreia no guia
Marcel
Mimo
Miya
Mocotó
Petí Gastronomia - estreia no guia
Sal Gastronomia
Tartar & Co
Tian
Tordesilhas - estreia no guia
Zena Caffè
Rio de Janeiro
Anna - estreia no guia
Artigiano
Entretapas - estreia no guia
Gurumê - estreia no guia
Lima Restobar
Miam Miam
Oui Oui
Pomodorino
Restô
Riso Bistro - estreia no guia
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