segunda-feira, 18 de abril de 2016

Cerrado brasileiro tem Planta como esperança contra vitiligo

   
                    

O vitiligo atinge cerca de 1% da população mundial. Pelo menos 70 milhões de pessoas são portadoras da doença.

Fabíola Moreira é uma delas. Tem no corpo as manchas brancas que caracterizam o vitiligo e elas ficam bem mais evidentes quando o médico Celso Lopes apaga a luz do consultório e acende a luz negra para iluminar o rosto de Fabíola.

Há oito anos, ela vem fazendo tratamentos para conter o avanço da doença, que é incurável. Se não tratada, as manchas podem se espalhar. 

O dermatologista atende apenas doentes de vitiligo e explica que a doença impede que as células chamadas melanócitos produzam a melanina, a substância que dá a cor à pele.

Existem vários medicamentos e tratamentos usados para conter o vitiligo e dos campos de cerrado pode vir mais um. Em Caldazinha, Goiás, Miguel das Raízes percorre a mata de olho em cada planta.

Com a arte dos antepassados, ele vai reconhecendo as plantas medicinais do cerrado, mas a planta que busca hoje fica em campo mais aberto. A mama cadela é nativa do cerrado e seu nome científico é brosimum gaudichaudii.

Ela chega a virar uma árvore de sete metros de altura, o nome popular, dizem, vem de seus frutos que, quando maduros, ficam alaranjados e soltam um leite, parecendo uma teta de cadela.

O conhecimento popular foi parar em Goiânia, no laboratório da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goiás. Há quatro anos são estudados os princípios ativos contidos na raiz da mama cadela.

O farmacêutico Edemilson Cardoso da Conceição coordenou o projeto. O primeiro passo foi retirar o extrato da planta, a partir daí foram desenvolvidos alguns tipos de comprimidos e o remédio na forma de creme e gel.

O trabalho com a mama cadela conta com a ajuda da farmacêutica Mariana Cristina de Morais. Quando entrou para o projeto, ela não sabia qual seria a planta estudada, nem o seu uso. A coincidência é que Mariana é portadora de vitiligo desde os três anos de idade.

Uma vez comprovada a eficácia destes remédios, a demanda pela mama cadela, claro, vai aumentar. É aí que entra o trabalho dos agrônomos. João Carlos Mohn Nogueira e Vítor Cardoso trabalham na Emater nos testes para o plantio comercial da mama cadela. Até agora ela só é obtida através do extrativismo.

Para que os medicamentos à base de mama cadela cheguem às farmácias, ainda deve demorar alguns anos. E como ainda não existem estudos, há riscos no uso da planta. O médico especialista, que já ouviu falar dos efeitos da mama cadela, alerta. “Se a pessoa ingerir esse produto e se expor ao sol, pode haver risco de queimadura. O segundo ponto é que a substância pode ser tóxica para o fígado, dependendo da dose que se vai usar, por isso, a importância dos ensaios clínicos que vão ser realizados dentro da universidade”, explica Celso Lopes.

Enquanto isso, o cerrado vai mostrando sua riqueza, suas novas possibilidades de uso que parecem infinitas. Preservar as plantas e o conhecimento popular é muito importante. O saber que também está ameaçado desaparecer.

A Universidade Federal de Goiás espera agora por um laboratório farmacêutico interessado em fazer uma parceria. O próximo passo seria testar os produtos à base de mama cadela em pacientes com vitiligo.

Fonte Globo Rural

Nenhum comentário:

Postar um comentário