Sem subsídio da
União para diesel, pesca de SC perde R$ 7,5 milhões. Documentos para
obter auxílio foram apreendidos em operação em 2015. Com subsídios,
pescadores pagavam 30% a menos no litro de diesel.
Quem vai pagar o pato é o consumidor brasileiro, principalmente das regiões sul e sudeste.
No
primeiro trimestre de 2016, o setor pesqueiro de Santa Catarina amargou
prejuízo de R$ 7,5 milhões. A perda passou a ser registrada desde que o
estado deixou de receber ajuda do governo federal para subsidiar o óleo
diesel usado nos barcos de pesca. Isso aconteceu porque documentos que
seria usados na renovação da licença estavam entre papéis apreendidos
durante a Operação Enredados, da Polícia Federal, em outubro de 2015.
Considerado
o maior polo pesqueiro do Brasil, Santa Catarina enfrenta dificuldades
provocadas pelo atraso na regularização da chamada subvenção do óleo
diesel. Atualmente, o preço do litro do óleo diesel para uso marítimo
custa R$ 3. Quando o repasse estava em dia, os pescadores conseguiam
pagar até 30% menos.
O subsídio é concedido desde 1997 e
empresários do ramo dizem que sem ele, a pesca se tornaria inviável. Os
problemas no repasse começaram seis meses depois que a Polícia Federal
deflagrou a Operação Enredados, que investigou irregularidades na
liberação de licenças de pesca em todo o país.
Documentos apreendidos
Em
Santa Catarina, os policiais levaram entre a documentação apreendida
todo o cadastro das embarcações que seria entregue ao governo federal
para renovar a subvenção do óleo diesel.
“A polícia, certamente,
desconhecia a natureza dos documentos que estavam na superintendência do
Ministério da Pesca em Florianópolis e acabou levando papéis que não
tinham absolutamente nada a ver com a operação que estavam deflagrando.
Assim, estes documentos ficaram apreendidos sem finalidade”, disse o
presidente da Câmara Setorial do Óleo Diesel – Sindipi Francisco Carlos
Gervásio.
O sindicato dos armadores e das indústrias da pesca de
Itajaí e região - Sindipi só teve acesso aos documentos em fevereiro.
Eles foram atualizados e entregues à ministra da agricultura, Kátia
Abreu, em março, mas até agora nada mudou.
O G1 entrou em contato
com a assessoria de imprensa do Ministério da Agricultura, e aguardava
retorno até a publicação desta notícia.
200 barcos parados em Itajaí
Só em Santa Catarina, 600
embarcações, industriais e artesanais, dependem do subsídio para
continuar atuando, em sua maioria em Itajaí, onde 200 barcos estavam
parados na manhã desta segunda-feira (4).
“O armador já tem seus
compromissos, inclusive financeiros. Ele precisa que a embarcação vá
para o mar para honrar seus compromissos, mas fica bastante limitado,
porque há uma competição desigual com os estados que já têm este
auxílio”, disse o secretário da Pesca de Itajaí Agostinho Peruzzo.
Aumento do custo da produção
Jorge
Seif Júnior é um dos donos de terminal pesqueiro em Itajaí. Os oito
barcos da empresa dele ainda estão em operação, mas o empresário não
sabe até quando. Sem o subsídio, o custo de produção aumentou muito e
isso pode refletir no preço final do pescado.
"Hoje, nós
gastamos, em média, 150 mil litros de óleo ao mês, seriam R$ 50 mil de
prejuízo para nossa empresa. Ou eu quebro, paro de produzir ou o
consumidor acaba pagando esta conta", relatou.
Conforme a
vice-presidente do Sindipi, só o óleo diesel, representa na cadeia
produtiva da pesca em torno de 65% dos custos operacionais de uma
embarcação, “Logo quem vai pagar a conta, inicialmente, será o armador,
mas também o consumidor final, porque os repasses são naturalmente
refeitos”, afirmou Gervásio.
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