segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Vamos comer de uma maneira mais Zem?

      
                        

Dona de restaurante em Visconde de Mauá, no interior fluminense, Kashi Dhyani lança livro em que ensina as receitas dos adeptos da raw food.

Bobó de palmito? Vatapá de chuchu? Jacalhau? Os adeptos do veganismo, se não conhecem — e nosotros também, por que não? —, devem correr para ler as receitas de Kashi Dhyani, que lança seu livro “Delícias da Kashi” dia 25, na Livraria Argumento. É o primeiro da coleção Culinária Consciente, idealizada pelo chef, fotógrafo e editor Alex Herzog.

Nascida Dhyani Pereira, a moça, de 38 anos, viveu até os 7 em Visconde de Mauá, em completa integração com a natureza. Filha de uma massagista e de um professor de tênis, sua alimentação sempre foi macrobiótica.

— Nos fins de semana, na casa dos amigos, provávamos a comida deles. Lembro que na volta sempre falava para minha mãe que integral era muito melhor — conta ela, que dirige há oito anos o Restaurante da Kashi, com 25 lugares, que funciona de sexta a domingo para almoço. Onde? Em Mauá, é claro, onde Kashi mora no meio do mato cercada por duas cadelas, três gatos, jabuticabeiras, araucárias e... grilos.

Depois de morar no Rio, em São Paulo e em Florianópolis, casou-se e chegou à conclusão de que gostaria de virar aeromoça, trocando as delícias da terra pelas do ar. Em 2002, já separada e demitida da Varig, foi para a Costa Rica, onde havia uma comunidade dos discípulos de Osho, a eco-vila Pacha Mama. Sim, porque a moça não só é adepta da comida viva como pratica a meditação, faz jejuns purificadores, pratica ioga, colhe e planta seus vegetais. Foi lá que ela teve contato com a chamada raw food e, em pouco tempo, abriu, com dois sócios, o Wild Treats Cacau Bar, que servia doces e sucos vivíssimos, além de pequenos lanches. Nessa época, Kashi fez viagens aos Estados Unidos, Índia e Israel para aprofundar seus conhecimentos. Mas bateu a saudade e a vontade de reencontrar a família e os amigos.

— Foi um retorno bastante sofrido, quase desisti, mas acabei fazendo uma casa no terreno da minha mãe em Mauá. Abri um pequeno restaurante numa loja do Hotel Büller onde faço um bufê de saladas e um prato quente. É tudo muito simples, a comida é gostosa e o ambiente é de um templo espiritual. Acho bacana explicar para as pessoas a importância da boa alimentação. Dou cursos, convido as pessoas a preparar a refeição junto comigo, canto mantras e deixo redes espalhadas para quem quiser descansar. Tem gente que entra e chora quando sente o clima do ambiente. Eu as abraço e conforto — diz Kashi.

Para quem não está familiarizado com a comida viva — ou raw food — a autora, cujo nome de batismo Dhyani significa arcanjo (Kashi ela recebeu na Costa Rica, quer dizer flor brilhante, como ela explica no livro), ensina que devemos consumir no mínimo 50% de alimentos crus em todas as refeições e que a culinária vegana é conceitual. Seus adeptos estão preocupados também com os reflexos em toda a cadeia alimentar. Ela alerta que a pecuária é responsável por 39% da poluição do mundo, sem contar com a emissão do gás metano dos rebanhos. E, atenção!, estressamos nosso sistema imunológico toda vez que comemos alimentos cozidos.

Dentre os alimentos recomendados por essa corrente de alimentação estão o açaí, o mel, a babosa, a semente de cânhamo (opa!), o cacau, o óleo de coco extra-virgem e as goji berries. E a cozinha não precisa de ter tantos utensílios: um liquidificador, boas facas, um ralador de legumes, coadores e panelas de pedra, de barro e de vapor, por exemplo. Kashi ensina também a germinar, dando o passo a passo, que inclui potes de vidro de boca larga, tule, elásticos, sementes, cereais, castanhas e leguminosas.

E os alimentos quentes?

— A técnica é o amornamento: os alimentos são aquecidos até 42°C, para que as enzimas sejam preservadas. Também podemos cozinhar no vapor, que é o que mais conserva os nutrientes e o sabor do produto.

Kashi, que adora escrever e fez sozinha os textos do livro, dá dicas em quase todas as 208 receitas, que vão de entradas a chás. Mas, com o ELA, divide um detalhe curioso: certos alimentos vivos são afrodisíacos, entre eles o grão de cacau, as castanhas e as frutas secas, que estimulam a libido e a longevidade. Já a maca (que lembra o rabanete), um viagra natural, é originária do Peru.

Fonte Ela.

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