segunda-feira, 2 de novembro de 2015
Dólar alto faz aéreas liquidarem passagens na classe executiva
TAM: também está na briga por passagens na faixa de US$ 1 mil. Com as ofertas, as aéreas estão de olho em compras por impulso, diz o Extra.
Voar para os Estados Unidos de maneira superconfortável: embarque antecipado, poltronas espaçosas — praticamente uma cama —, TV individual, mais opções de refeições, vinhos, mais milhas e malas. É isso o que oferece a classe executiva. Todo esse conforto custa entre US$ 3 mil, numa tarifa promocional normal, e US$ 21 mil, no valor cheio. Mas num cenário de crise econômica e dólar a R$ 4, as aéreas estão em busca de passageiros. E, de maneira discreta, estão liquidando assentos na classe executiva, com passagens na casa dos US$ 1 mil. O fenômeno é novo: começou no fim de julho e ganhou fôlego em outubro. Se a demanda não aumentar, deve continuar no ano que vem.
Os bilhetes superpromocionais de executiva variam entre US$ 634 e US$ 2.300. Normalmente, têm restrições, como emissão no mínimo de sete a 14 dias antes do embarque. E estão disponíveis para os principais destinos de brasileiros nos EUA: Nova York, Miami e Orlando. As companhias europeias não têm seguido o movimento.
PREÇO BAIXO MANTÉM VENDAS
Quem tinha US$ 634 na sexta-feira podia comprar passagem para Miami, na classe executiva da Copa Airlines, embarcando no próximo dia 13, com volta no dia 23. Um bilhete desses, na tarifa cheia, saía a US$ 5.218. Na promocional comum, custava US$ 2.359. A consolidadora de bilhetes High Light acompanha diariamente os preços das passagens aéreas no sistema e, quando encontra algo fora do comum, dispara a informação para as cerca de 700 agências de viagens com as quais trabalha no Rio.
— Na classe econômica sempre houve promoções, mas esse nível de desconto na executiva é novo. As ofertas começaram no fim de julho. Em outubro, voltaram — diz Adriana Sales, coordenadora de vendas da High Light.
Dilson Verçosa Jr., diretor regional de vendas da American Airlines (AA), confirma que esses preços na executiva são uma novidade. A alta do dólar e o grande número de assentos em voos rumo aos EUA levaram as empresas a rever suas estratégias para aumentar a demanda.
— Não dá para mudar de um dia para o outro só por causa da crise. Há uma quantidade imensa de assentos que não têm procura. A solução: baixar preço.
A tarifa aérea agora pode ser até o mais barato de uma viagem, já que na classe econômica há bilhetes a US$ 200, US$ 300 — menos do que uma noite de hotel em Nova York, lembra Verçosa.
Para o executivo da AA, essas promoções vão ocorrer pelo menos até dezembro. Se a alta temporada for fraca, a liquidação deve voltar em fevereiro e seguir até o meio do ano. O objetivo é ocupar também os 44 assentos mais espaçosos dos Boeings 777-200 ER que partem de Rio e São Paulo rumo a Nova York e Miami.
— É preciso ser competitivo ao extremo. Não vamos perder mercado, mesmo que às custas de tarifas baixas.
Diógenes Toloni, gerente-geral da Copa Airlines no Brasil, também diz que a empresa precisa ser competitiva. Ele não divulga o percentual de assentos de executiva com descontos de até 45%, mas admite que o retorno ficou acima do esperado.
A TAM também está na briga com passagens de US$ 1.000 na executiva rumo a Miami e Nova York. Até anteontem, a Azul tinha voos de classe executiva de Campinas a Fort Laudardale, na Flórida, a partir de US$ 980. Para Orlando, a tarifa inicial de ida e volta era de US$ 1.140.
OFERTAS RELÂMPAGO
Não é fácil conseguir as pechinchas na classe executiva. As empresas não alardeiam os preços e as promoções somem com a mesma velocidade com que aparecem. João Matta, professor de Diagnóstico Estratégico de Marketing da ESPM-Rio, diz que as aéreas não divulgam valores de propósito, pois há um dilema entre exclusividade e algo que ninguém quer.
— Faz parte de uma estratégia. A classe executiva é um objeto de desejo, e o simbólico tem que continuar. Mas voar com a executiva totalmente vazia é ruim para essa ideia de desejo. A aérea sabe fazer a oferta cirurgicamente: só a alguns, por poucas horas, em alguns voos — diz.
A oferta da Copa Airlines , por exemplo, não estava disponível em todos os canais. Os valores promocionais só podem ser adquiridos via venda indireta e por meio de agentes de viagem.
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