Conheça a raiz
peruana que transformou-se no melhor afrodisíaco. Muito mais que o
Viagra e além de tudo natural. Cientistas afirmam que ela beneficia a
memória e a fertilidade, além de diminuir a ansiedade. A planta já foi
tema de nossa reportagem e retorna devido ao maior interesse em seu
consumo.
Impulsionada pela moda dos chamados "superalimentos", a
maca peruana, também conhecida como "ginseng andino", tem se tornado um
dos principais produtos de exportação do país. As propagandas mais
exaltadas a anunciam como uma "resposta natural ao Viagra", apesar de
nenhum benefício em termos de potência sexual ter sido confirmado pela
ciência.
O que se sabe é que a maca tem propriedades energizantes
e benefícios comprovados que incluem o favorecimento da memória e da
aprendizagem. A raiz é cultivada na região andina, principalmente no
Peru, mais de 4 mil metros acima do nível do mar. Segundo registros
históricos, ela é consumida pelos nativos desde o século 17, mas de
acordo com pesquisadores é conhecida desde o ano 8.000 a.C.
Hoje
em dia, é comum encontrá-la em pó ou em cápsulas, em lojas de produtos
naturais ou na internet, onde é vendida a preços entre US$ 25 e US$ 35
(o pacote de 500 gramas). Só entre 2013 e 2014 as exportações de maca
peruana saltaram 109% – no ano passado, as vendas renderam US$ 28,7
milhões aos cofres do país.
O pó de maca é o formato cuja
exportação teve maior crescimento em 2014 – 111% em relação ao ano
anterior. Estados Unidos, Hong Kong, China e Japão são os maiores
compradores do "superalimento". O crescimento levou as autoridades
peruanas a criar a Promaca, uma entidade com o objetivo de
profissionalizar os produtores, aumentar a oferta internacional e
incentivar o processo de industrialização da raiz.
"Como setor,
assumimos o compromisso de apoiar o desenvolvimento e a promoção
internacional da maca, nosso principal produto", disse, no início de
fevereiro, a ministra do Comércio Exterior peruana, Magali Silva
Velarde-Álvarez, após assinar um convênio de cooperação institucional em
prol da maca.
Energizante e ansiolítico
"Estudamos a maca
há 15 anos e, em 2001, descobrimos que ela melhorava a fertilidade,
tanto feminina como masculina", diz o biólogo e endocrinologista da
Universidade Peruana Cayetano Heredia, Gustavo F. Gonzales Rengifo,
especialista nas propriedades da planta.
"E em 2005 percebemos
que a cada uma das diferentes variedades e cores da raiz, correspondiam
diferentes propriedades", completa.
Segundo Rengifo, a maca negra
favorece a memória e a aprendizagem, aumenta a quantidade de
espermatozóides e sua mobilidade, tem propriedades energizantes e, em
geral, diminui os estados de ansiedade. Já a maca vermelha pode ajudar a
reverter a osteoporose.
O especialista esclarece, no entanto,
que os experimentos com a maca foram realizados em animais, "apesar de
que outros, feitos em humanos em diversas partes do mundo, deram
resultados semelhantes".
Em 2010, um estudo com mil habitantes da
região dos Andes Centrais do Peru – onde se produz a planta – comparou a
saúde dos que consumiam a maca com a dos que não a consumiam.
A
pontuação alcançada nos testes pelos consumidores habituais com mais de
75 anos foi tão surpreendente que parecia que eles não tinham
envelhecido, diz Rengifo.
Diferente do Viagra
Com base
nestes estudos, e segundo sua própria experiência, diversos naturistas e
médicos tratam seus pacientes com maca. Alguns a receitam contra a
insônia, a fadiga ou a ansiedade. Ou ainda como complementar das
terapias hormonais durante a menopausa ou para aumentar a libido.
"Descobrimos
que (a planta) melhora o desejo sexual, mas não encontramos nenhum
benefício para a disfunção erétil, como muitas vezes se diz", afirma
Rengifo. O "Viagra andino", portanto, não passa de propaganda.
Estudos
feitos desde 2005 pela FDA, agência reguladora de substâncias e
medicamentos dos Estados Unidos, também afirmam que a raiz não é tóxica
nem para animais, nem para humanos.
Os habitantes dos Andes
centrais, de acordo com Rengifo, são prova viva. "Eles consomem até 40
ou 50 gramas da raiz por dia, 30 vezes mais do que qualquer um que tome
cápsulas de extrato de maca ou consuma a raiz em pó."
As
contraindicações geralmente assinaladas por médicos peruanos – eles
dizem que mulheres grávidas, crianças ou hipertensivos não podem
consumir a raiz, por exemplo – também não foram confirmadas
cientificamente, de acordo com o especialista.
"Muitas das coisas
tidas como certas sobre maca não foram comprovadas pelas pesquisas. Até
o ano 2000 se dizia que hipertensos não poderiam consumi-la, mas
descobrimos que, na verdade, ela diminui a pressão arterial", afirma
Rengifo.
Os pesquisadores acreditam que as virtudes da planta se
devem às condições em que ela cresce. "A maca nasce a quatro mil metros,
onde nada cresce, e é cultivada há pelo menos 2.600 anos. Ela
desenvolveu substâncias químicas que a permitiram sobreviver todo esse
tempo."
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