Atendente: Com canela?
Cliente: Não, apenas café e a espuma do leite.
Atendente: então o senhor não quer um capuccino. Capuccino tem chocolate e canela.
Cliente: Então me veja um café com leite
Atendente: Ah, o senhor quer uma média? Por que não falou antes?
Cansamos de vivenciar o ocorrido acima até o ponto em que desistimos. Se não
estivermos em uma das boas e poucas cafeterias que já temos no Brasil, é mais garantido pedir uma média. Até já nos perguntaram: capuccino italiano ou brasileiro? O italiano, nesse caso, vinha com chocolate.
Todas as vezes em que nos deparamos com uma situação como essa, nos perguntamos: por que é que no Brasil as coisas tradicionais tem que ser distorcidas. Por que chamam de capuccino um café que em nada se parece com um tradicional italiano?
A matéria publicada no último dia 5/2, no Estadão PME, sobre a febre das Paletas Mexicanas demonstra mais um caso como o descrito acima: as paletas “mexicanas” brasileiras só se assemelham as mexicanas legítimas pelo formato. Lá, não são recheadas, não são cremosas e não são feitas com leite condensado e brigadeiro. Porque chamá-las, então, de Paletas Mexicanas?
Vamos mais adiante. Quem conhece um iogurte grego de verdade sabe que o que nos vendem aqui no Brasil também está longe de ser parecido com o tradicional. Açúcar em excesso e cremosidade de menos são as características da maioria dos iogurtes “gregos” brasileiros. Os tradicionais tem menos açúcar, e por isso são mais ácidos. E mais saudáveis.
E no mundo dos queijos, segmento em que atuamos? A “grande” contribuição brasileira foi chamar de Gruyere um queijo que em nada, mas em nada mesmo, se assemelha ao Gruyere original. O Gruyere brasileiro é todo furado. São as chamadas olhaduras. O Gruyere suíço não tem furos. O sabor é, também, completamente diferente.
E assim vamos nós, ingênuos consumidores brasileiros, acreditando naquilo que nos vendem, por falta de referências e informação.
Desde a época da Cervejaria Eisenbahn, gostamos de fazer as coisa da maneira correta. Educar o consumidor, ser honesto com ele, vender gato por gato. Não chamávamos nossa cerveja por um nome e envasávamos outro líquido dentro. E não faremos queijos tradicionais apenas no nome, mas também nas receitas. Está aí um grande diferencial que as pequenas e médias tem frente aos grandes, que precisam “popularizar” suas receitas para vender volumes imensos. Eles não podem ter rejeição. Nós podemos.
Não estamos dizendo que aqui só se deve copiar o que existe lá fora. Mas se lançar um produto inspirado lá fora, mas com características diferentes, por favor, escolha um novo nome para ele.
Bruno e Juliano fundaram a premiada Cervejaria Eisenbahn, um pub inglês em Blumenau e tocam uma fábrica de queijos especiais em Pomerode. Escrevem todas as terças no Blog do Empreendedor.
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