quarta-feira, 26 de agosto de 2015
Cuidado, os casos de trombose no pós-operatório tem aumentado bastante
Instituto de Traumatologia no Rio de Janeiro faz campanha para prevenir coágulos em pacientes, aponta o estadão.
A dona de casa Elisabeth Miranda Dias, de 89 anos, passava pano de chão no banheiro, quando escorregou. Foi o tombo de número 26. Elisabeth é do tipo organizada e anota tudo: já havia caído na rua, no jardim, na sala de visitas, enumera. Desta vez, o fêmur direito ficou em formato de T. Viúva e sem filhos, estava sozinha em casa. "Nunca gritei tanto. Era muita dor. Gritei até os vizinhos ouvirem e me socorrerem."A queda 26 aconteceu em abril, mas Elisabeth continua internada. A causa é uma trombose, entupimento em uma das veias. Quando há o agravamento da trombose, o coágulo que se forma pode se soltar e seguir até o pulmão, provocando a embolia pulmonar e até a morte.
Elisabeth foi operada no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), no Rio, referência em cirurgias ortopédicas de alta complexidade. Em 2013, a trombose acometeu uma em cada cem pessoas operadas no hospital. Naquele ano, houve 9.729 cirurgias. Em 2014, veio o alerta: mesmo com a redução de 40% das operações por causa de uma greve que durou cinco meses, dois em cada cem pacientes tiveram trombose.
Elisabeth: 'Ando ralhando com Jesus. O que é que eu fiz para merecer isso?'
Elisabeth: 'Ando ralhando com Jesus. O que é que eu fiz para merecer isso?'
O aumento dos casos de coágulos pós-cirúrgicos levou o Into a lançar uma campanha para evitar o problema. "Aparece uma vermelhidão, a perna incha e esse inchaço dificulta a recuperação do paciente, retarda a mobilidade e aumenta o tempo de internação. Existem medidas que podem evitar esse quadro", afirma o diretor-geral do Into, João Matheus Guimarães.
Após a cirurgia, os pacientes recebem medicamentos anticoagulantes, que devem ser tomados entre 15 e 35 dias, dependendo do tipo de operação. Muitos acabam abandonando o tratamento, que consiste em injeções subcutâneas diárias.
Guimarães também recomenda a fisioterapia precoce. "O paciente tem de ser estimulado a se mexer. Ficar acamado aumenta o risco de trombose." Na cartilha que está sendo distribuída para as 10 mil pessoas que passam pelo Into diariamente, há dicas de movimentos simples, como mexer os pés para cima e para baixo por 20 vezes ou pressionar a coxa contra a cama, contar até seis, relaxar e repetir dez vezes. Também sugere-se ingerir dois litros de água por dia.
A trombose após as cirurgias acontece porque, no momento em que o paciente tem tecidos como pele e músculos cortados durante a operação, o organismo interpreta que está sofrendo uma agressão e libera substâncias na corrente sanguínea para coagular uma suposta hemorragia. Como não está acontecendo nenhum sangramento descontrolado, a reação acaba provocando coágulos.
Algumas cirurgias têm maior risco de provocar esse entupimento nas veias. No caso de lesão medular, varia entre 60% e 80% dos casos; politraumatizados têm 40% de chance de sofrerem trombose pós-cirúrgica. "A literatura médica mostra que neurocirurgias e cirurgias ginecológicas estão entre as que mais têm risco de trombose. Essas recomendações valem para todas as cirurgias", afirma Guimarães.
Os pacientes devem ficar atentos a sinais como uma dor diferente da dor da cirurgia, vermelhidão e inchaço que aparecem nas pernas (trombose periférica) ou nas coxas (trombose proximal). A temperatura também aumenta na perna que está doendo. Respiração curta e rápida e palpitações, que podem levar a desmaios, tosse com sangue e dor incomum no peito ou nas costas são sinais de que a situação se agravou.
Quedas. No Into, 65% das cirurgias de fraturas são provocadas por quedas. Dessas, 55% acontecem dentro de casa - é o caso de Elisabeth. Ela está satisfeita porque o inchaço na perna direita diminuiu, mas se queixa da internação prolongada, das dores. "Chorei hoje. Tinha de fazer ginástica, a moça queria que eu levantasse a perna. Ando ralhando com Jesus. O que é que eu fiz para merecer isso?"
Os riscos
Cirurgias em que os pacientes tem maior risco de desenvolver trombose:
1 - Ortopédicas (coluna, quadril,joelho);
2- Ginecológicas;
3- Oncológicas;
4- Abdominais.
Os sintomas
1- Tosse com sangue;
2- Dor no peito ou nas costas;
3- Respiração curta e rápida, palpitações;
4- Vermelhidão ou inchaço ao longo da perna;
5- Aumento da temperatura da perna que está doendo;
6- Dor em local diferente de onde ocorreu a cirurgia.
Exercícios recomendados
1- Movimente os pés para cima e para baixo 20 vezes;
2- Aperte a coxa contra a cama e conte até 6. Relaxe e repita por 10 vezes;
3- Aperte as nádegas uma contra a outra e conte até 6. Relaxe e repeita por 10 vezes.
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