sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Carnaval 2016

                            

Samba para esquecer a politicagem

Veja o que rola nas escolas de samba do Rio de Janeiro e aproveite bastante. Nas quadras, ritmistas, mestres-salas, porta-bandeiras ou gente que só quer se divertir nos ensaios das escolas de samba fervem ao som das baterias.

Grande Rio - Queridinha de nomes conhecidos da TV, a sede da escola, em Caxias, tem também um clima bem tradicional e é um orgulho para os moradores da Baixada Fluminense. Ampla e bem cuidada, a quadra é a única que oferece cervejas importadas. Para garantir a disposição de sambar a noite inteira, o menu inclui opções como sopas de ervilha e de legumes e caldo de mocotó. Os quitutes são preparados por Marilene, responsável pela ala das baianas, que aprendeu a cozinhar com a mãe, Dona Madalena, de 77 anos, que frequenta a quadra e acompanha o preparo de suas receitas.

Estácio - Focada na tradição, a Estácio de Sá, primeira escola de samba registrada do Brasil, tem uma quadra bem simples, mas de fácil acesso e que atrai em grande quantidade tanto moradores do bairro quanto frequentadores da Lapa, que têm o espaço como pré ou pós-noitada. O ensaio das segundas-feiras, gratuito e bem mais cedo, é o que mais lota — para começar a semana com a animação 10, nota 10!

União da Ilha - Reformada em 2011, a quadra que ganhou refrigeração e tratamento acústico tem uma das melhores infraestruturas. Na hora do samba, os ritmistas são comandados por um dos mais conhecidos comandantes de bateria: mestre Ciça.

Mangueira - A quadra mistura comunidade, artistas, gringos e o público da Zona Norte à Zona Sul. No cenário consagrado por compositores como Cartola e Nelson Cavaquinho, os ensaios são regados a clássicos de antigos carnavais, além do samba-enredo de 2016 em homenagem a Maria Bethânia, que desfilou pela escola em 1994, quando a Verde e Rosa levou os Doces Bárbaros à Sapucaí. Com 18 títulos (o último veio em 2002), a escola, fundada em 1928, é uma das mais populares. A quadra é ventilada, e o teto, retrátil, é aberto em noites de tempo firme. A Velha Guarda também figura entre os destaques da agremiação, que tem como presidente de honra o baluarte Nelson Sargento, de 91 anos. Conhecida pela marcação e pelo surdo de primeira, a bateria da Mangueira é comandada pelos mestres Rodrigo Explosão e Vitor Art. Com a morte do intérprete Luizito em setembro, quem assume o microfone é Ciganerey.

Beija-Flor - Com apenas um décimo perdido dos pontos, a escola de Nilópolis conquistou este ano o seu 13º título em meio a uma polêmica: o patrocínio recebido da Guiné Equatorial, que vive sob ditadura e que foi tema do desfile. Para 2016, o assunto levado à Avenida será bem menos delicado: o enredo homenageia quem deu nome ao lugar, o Marquês de Sapucaí. A quadra é uma das maiores entre as escolas, com uma área a céu aberto com barraquinhas de comida e bebida. A escola, que tem Laíla como o carnavalesco à frente de seu desfile, reúne a cada ensaio cem ritmistas.

Imperatriz - Fundada há 50 anos, a Imperatriz Leopoldinense tem sua quadra em Ramos. Não estranhe se, no ensaio, avistar violões, touros mecânicos, chapéus e botas. O motivo é o enredo de 2016: a escola vai combinar samba e sertanejo, contando a história da dupla Zezé di Camargo & Luciano.

São Clemente - Representando a Zona Sul da cidade, com sua quadra em plena Av. Presidente Vargas, a São Clemente tem um clima típico de comunidade e sempre recebe estrangeiros curiosos pelos batuques das escolas de samba. O clima nos ensaios ferve. E ferve mesmo. O calor da quadra é escaldante, mas a cerveja é geladíssima. Outra boa pedida é o pastel de queijo e presunto, ali chamado de napolitano (é recomendável se adiantar, porque o petisco pode acabar no meio da noite).

Mocidade - A quadra da Mocidade, transferida da Vila Vintém para a Av. Brasil em 2012, é a maior da cidade. São 1,7 mil metros quadrados no térreo, que deram à escola de Padre Miguel o título de “Maracanã do samba”. Tudo ali ainda tem cheiro de novo e clima de festa. Os ensaios acontecem às quintas e aos sábados e atraem até 9.200 pessoas, a capacidade máxima. A bateria, comandada pelo mestre Dudu, é um dos trunfos da escola, mas divide a nota 10 com a feijoada da Tia Nilda e do chef Thiago Castro, campeã no Prêmio Rio Show de Gastronomia 2015.

Portela - Reformado em 2012, o ninho da escola da águia azul e branca de Madureira guarda um clima familiar. Tem pipoca, salgadinhos, crianças correndo, gente circulando, jovens atrás de uma paquera... Mas o preço das bebidas é salgado. O show que anima os frequentadores da quadra da escola fica por conta da bateria Tabajara do Samba e de seu agogô de quatro bocas bem característico, rivalizando com o Império Serrano no destaque dado ao instrumento.

Salgueiro - O Salgueiro é pop e poliglota. A Academia do Samba tem placas de informação e atendentes em outras línguas e cardápio com comidinhas árabe e japonesa. Uma das poucas com ar-condicionado — e potente —, a quadra no atrai pelo clima de azaração e pela acústica. Antes de a bateria Furiosa entrar em ação, o grupo Ritmo Total lembra clássicos do samba carioca, com show das passistas coreografadas por Carlinhos Salgueiro.

Unidos da Tijuca - A quadra da Unidos da Tijuca, ao lado da rodoviária, não é grande, mas é um point nas noites de sábado. A novidade é que este ano os ensaios vão das 19h à meia-noite, numa espécie de esquenta para a noitada. Grande parte do público é LGBT. Na parte externa, um DJ toca música eletrônica numa pista de dança.

Vila Isabel - No coração de Vila Isabel, a quadra, após problemas com a Justiça, chegou a ser fechada em julho, mas já resolveu os obstáculos e está bombando. Bem localizada, de fácil acesso e com isolamento acústico, o espaço é arejado quando não está cheio (é raro). A frequência é familiar, e o ensaio de rua, no Boulevard Vinte e Oito de Setembro, aos domingos e às quartas, é point dos jovens do bairro.

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