sexta-feira, 21 de agosto de 2015
Food trucks já têm vaga definida nas ruas do Rio
Especialista no entanto alerta para o fato de que, para sobreviver, o novo modismo importado dos EUA terá que vender seus produtos mais baratos. Veja essa reportagem do Extra, do Rio.
Depois de passearem por festivais gastronômicos em estacionamentos de shoppings e eventos fechados, mas sempre sem vaga definitiva, os food trucks — caminhões de comida, na tradução literal do inglês — agora vão estacionar de vez nas ruas do Rio. A prefeitura publicou no Diário Oficial de ontem os 38 restaurantes habilitados a servir as iguarias em pontos previamente definidos, em 24 bairros da cidade.
Os estabelecimentos têm autorização para funcionar por dois anos, em sistema de rodízio: estarão em lugares diferentes a cada dia da semana. Apesar de os trucks já terem sido selecionados pela prefeitura, só vão começar a bater ponto nas vagas daqui a cerca de um mês — tempo necessário para a regularização do alvará com a Secretaria de Ordem Pública. A empolgação, no entanto, já começou.
— A rua é para quem pode, não é para quem quer. Não tem aquela moleza dos eventos, onde você tem uma boa estrutura. É para quem tem disposição e competência. Estamos brigando por esse espaço há mais de um ano — vibra Maurício Furtado, conselheiro da Associação de Comida Sobre Rodas do Rio (Acaso-RJ) e dono do Rio Food Truck Bar, um dos contemplados.
Qualidade diferenciada e pratos exclusivos: essas são as promessas dos food trucks. Entre os nomes que assinam os quitutes, está o da premiada chef Roberta Subrack, que serve um cachorro-quente gourmet a R$ 20.
Apesar de terem preços mais acessíveis do que nos restaurantes, os trucks ainda cobram alto para os padrões de comida de rua. Por isso, na opinião de Maurício Furtado, a tendência é cobrar menos do que nos eventos fechados.
— Quem quiser trabalhar bem vai ter que baixar os preços — diz ele, que venderá sanduíches sofisticados a partir de R$ 15.
Cada ponto foi escolhido a dedo pela prefeitura. Segundo Antonio Pedro Figueira de Mello, secretário de Turismo, um dos objetivos é levar gastronomia boa e acessível a bairros com poucas opções.
— Foi uma forma de preencher lacunas nesses bairros com baixa oferta de bares e restaurantes. Agora vamos avaliar para, em seguida, abrir uma nova leva de vagas pela cidade — diz Antonio Pedro.
‘Podrões’ não têm medo
Há 21 anos no mesmo local, na Tijuca, o Ponto de Encontro já se tornou tradição entre moradores do bairro. Nos dias de maior movimento, o “podrão” vende mais de 500 cachorros-quentes. A receita não tem segredo: preço atrativo — cada lanche sai a R$ 7 — e porção muito, mas muito generosa.
— Como aqui há mais de dez anos. Pode botar um food truck aqui do lado que não vou mudar meu hábito — garante a operadora de caixa Luana Christofaro, de 32 anos.
À frente do estabelecimento, que herdou do pai, Simone Farias não tem medo da concorrência com food trucks. O ponto, próximo ao Shopping Tijuca, é um dos que vai receber os caminhões de comida.
— Tem espaço para todos — diz Simone.
Dona de uma barraquinha de salgados no Largo da Carioca — que também foi escolhido pela prefeitura para receber os food trucks — Eugênia Lima Mello vê com desconfiança a novidade. Há três meses no ponto, a nordestina vende 800 quitutes por dia. O preço é o que atrai: R$ 2 por um salgado e um refresco.
— As pessoas querem encher a barriga e pagar pouco. Isso tudo, na maior rapidez possível, pois é local de passagem. Acho que não é o ponto ideal para uma comida sofisticada. Mas podem vir, clientes não faltam — diz.
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