Para
quem gosta de fazer estilo ao beber águas importadas, é bom saber que
uma empresa brasileira vai vender garrafa com água retirada do ar da
Amazônia por R$ 20
O ‘raio gourmetizador’, como brincam os
usuários das redes sociais com a moda de produtos cercados por cuidados
mercadológicos – o bom e velho segmento premium – terá a partir de março
uma pequena, mas já ilustre participante: uma marca de água mineral
retirada não de debaixo da terra, mas da atmosfera da floresta
amazônica.
Uma garrafinha da Ô Amazon Air Water, de 250 mls, terá
preço sugerido de aproximadamente R$ 20. Ou, para ser preciso, E 6,5.
Isso porque 95% da produção terá como destino o mercado europeu, onde
será distribuído para 200 pontos de venda de luxo, como o hotel Four
Seasons de Lisboa.
Os 5% restantes serão reservadas para o
consumidor brasileiro, vendidas em um e-commerce da marca e por uma
flagship store, ou loja conceito, prevista para ser anunciada em julho
e, certamente, ocupando um endereço chique da cidade de São Paulo, como o
Jardim Europa por exemplo.
Um grupo formado por quatro
empresários brasileiros é responsável pela ideia. Já experimentados no
empreendedorismo, eles aportaram R$ 20 milhões na empresa A2BR, que
abriga a marca Ô Amazon. Outros R$ 10 milhões estão previstos para os
próximos 12 meses, dinheiro destinado para o início da produção, marcado
para a segunda quinzena de março, estratégias de marketing e
comunicação, além do subsídio ao mercado na primeira leva a ser
exportada. “Nós estamos com uma estratégia de abordagem de mercado onde a
gente financia a primeira compra de nosso cliente, porque a gente
seleciona quem a gente quer que revenda nosso produto”, conta o sócio
Cal Junior, que em dez anos estima um retorno de 100 milhões de euros,
em lucros.
Instalados em uma casa com cara de sede de startup na
cidade de São Paulo, os quatro empresários, na verdade, mantém um parque
fabril de 1,75 milhão metros quadrados às margens do rio Negro, na
Amazônia. É lá, no espaço concedido por 30 anos pela prefeitura de
Barcelos, que eles instalaram duas máquinas que se parecem com grandes
geradores de eletricidade, e que serão responsáveis por condensar a
umidade do ar da floresta, fazendo a água passar por filtros e
equipamentos de mineralização.
O processo, para que o leitor
possa compreender, é similar ao do aparelho de ar-condicionado, que
desumidifica o ar e, em seguida, devolve o ar refrigerado, eliminando a
água. Nesse caso, como o objetivo não é a climatização do ambiente, e
sim gerar água potável, toda o potencial da máquina está voltado para o
desempenho de condensação e, posteriores filtragem, mineralização e
engarrafamento. Uma simples máquina, feita com exclusividade na China, é
capaz de produzir 5 mil litros de água por dia.
“As pessoas nos
perguntam qual será o impacto da produção na Amazônia e eu digo que é
zero. É como tirar um copo de água de uma piscina olímpica, sendo que
durante a noite, a natureza trata de restituir a perda”, afirma Ricardo
Rozgrin, sócio e diretor financeiro do negócio. “Um dos nossos sócios, o
Paulo Ferreira (filho de Nuno Ferreira, dono da empresa de logística
internacional homônima), conheceu a tecnologia em uma transação
logística e começamos a estudar esse mercado. No início, a gente queria
produzir máquinas e vender no varejo. Só que nosso foco foi redefinido”,
lembra Cal Junior, que promete apenas 6 milhões de garrafas por ano.
“Vai ser a água de luxo mais exclusiva do mundo.”
Com embalagem
de vidro e uma tampa com resina de amido de milho, repleta de sementes, a
proposta é que o cliente depois plante a tampa e compartilhe a
informação com a marca e demais consumidores por meio de um aplicativo
para smartphones. Nosso projeto é totalmente sustentável, da embalagem
de vidro à energia elétrica da fábrica, 100% solar”, afirma Cal.
O
mercado, por sua vez, parece ter gostado da proposta do quarteto. Tanto
que a fábrica que ainda não produziu uma gota de água sequer já é
disputada por investidores. Dois gandes grupos de private equity já
fizeram propostas pelo controle da empresa, mas foram descartados. Neste
momento, entretanto, eles acertam as base de um contrato para ceder 15%
da companhia para dois investidores físicos, que pagarão R$ 45 milhões
pelas cotas, fazendo da empresa sem faturamento ou produto à venda, um
empreendimento orçado na casa dos R$ 300 milhões.
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