segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Que tal você beber água captada nos ares límpidos da Amazônia?

Para quem gosta de fazer estilo ao beber águas importadas, é bom saber que uma empresa brasileira vai vender garrafa com água retirada do ar da Amazônia por R$ 20

   



O ‘raio gourmetizador’, como brincam os usuários das redes sociais com a moda de produtos cercados por cuidados mercadológicos – o bom e velho segmento premium – terá a partir de março uma pequena, mas já ilustre participante: uma marca de água mineral retirada não de debaixo da terra, mas da atmosfera da floresta amazônica.

Uma garrafinha da Ô Amazon Air Water, de 250 mls, terá preço sugerido de aproximadamente R$ 20. Ou, para ser preciso, E 6,5. Isso porque 95% da produção terá como destino o mercado europeu, onde será distribuído para 200 pontos de venda de luxo, como o hotel Four Seasons de Lisboa.

Os 5% restantes serão reservadas para o consumidor brasileiro, vendidas em um e-commerce da marca e por uma flagship store, ou loja conceito, prevista para ser anunciada em julho e, certamente, ocupando um endereço chique da cidade de São Paulo, como o Jardim Europa por exemplo.

Um grupo formado por quatro empresários brasileiros é responsável pela ideia. Já experimentados no empreendedorismo, eles aportaram R$ 20 milhões na empresa A2BR, que abriga a marca Ô Amazon. Outros R$ 10 milhões estão previstos para os próximos 12 meses, dinheiro destinado para o início da produção, marcado para a segunda quinzena de março, estratégias de marketing e comunicação, além do subsídio ao mercado na primeira leva a ser exportada. “Nós estamos com uma estratégia de abordagem de mercado onde a gente financia a primeira compra de nosso cliente, porque a gente seleciona quem a gente quer que revenda nosso produto”, conta o sócio Cal Junior, que em dez anos estima um retorno de 100 milhões de euros, em lucros.

Instalados em uma casa com cara de sede de startup na cidade de São Paulo, os quatro empresários, na verdade, mantém um parque fabril de 1,75 milhão metros quadrados às margens do rio Negro, na Amazônia. É lá, no espaço concedido por 30 anos pela prefeitura de Barcelos, que eles instalaram duas máquinas que se parecem com grandes geradores de eletricidade, e que serão responsáveis por condensar a umidade do ar da floresta, fazendo a água passar por filtros e equipamentos de mineralização.

O processo, para que o leitor possa compreender, é similar ao do aparelho de ar-condicionado, que desumidifica o ar e, em seguida, devolve o ar refrigerado, eliminando a água. Nesse caso, como o objetivo não é a climatização do ambiente, e sim gerar água potável, toda o potencial da máquina está voltado para o desempenho de condensação e, posteriores filtragem, mineralização e engarrafamento. Uma simples máquina, feita com exclusividade na China, é capaz de produzir 5 mil litros de água por dia.

“As pessoas nos perguntam qual será o impacto da produção na Amazônia e eu digo que é zero. É como tirar um copo de água de uma piscina olímpica, sendo que durante a noite, a natureza trata de restituir a perda”, afirma Ricardo Rozgrin, sócio e diretor financeiro do negócio. “Um dos nossos sócios, o Paulo Ferreira (filho de Nuno Ferreira, dono da empresa de logística internacional homônima), conheceu a tecnologia em uma transação logística e começamos a estudar esse mercado. No início, a gente queria produzir máquinas e vender no varejo. Só que nosso foco foi redefinido”, lembra Cal Junior, que promete apenas 6 milhões de garrafas por ano. “Vai ser a água de luxo mais exclusiva do mundo.”

Com embalagem de vidro e uma tampa com resina de amido de milho, repleta de sementes, a proposta é que o cliente depois plante a tampa e compartilhe a informação com a marca e demais consumidores por meio de um aplicativo para smartphones. Nosso projeto é totalmente sustentável, da embalagem de vidro à energia elétrica da fábrica, 100% solar”, afirma Cal.

O mercado, por sua vez, parece ter gostado da proposta do quarteto. Tanto que a fábrica que ainda não produziu uma gota de água sequer já é disputada por investidores. Dois gandes grupos de private equity já fizeram propostas pelo controle da empresa, mas foram descartados. Neste momento, entretanto, eles acertam as base de um contrato para ceder 15% da companhia para dois investidores físicos, que pagarão R$ 45 milhões pelas cotas, fazendo da empresa sem faturamento ou produto à venda, um empreendimento orçado na casa dos R$ 300 milhões.

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