terça-feira, 31 de outubro de 2017

Mais saúde com a Medicina Tradicional Chinesa -Medicina integrativa

A Organização Mundial da Saúde definiu a saúde como "um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”, descrevendo assim a sua percepção da necessidade de ir alem da abordagem centrada no tratamento de órgãos e sistemas doentes, mas também adicionar ações que possibilitem aos pacientes uma melhor adaptação ao ambiente ou fatores envolvidos no processo da doença, e por conseqüência, ações para prevenção de saúde.

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Uma pesquisa bem abrangente publicada em 2008 nos Estados Unidos pelo NIH (National Institutes of Health), NCCAM (National Center for Complementary and Alternative Medicine) e NCHS (National Center for Health Statistics) revelou que 4 entre cada 10 adultos americanos utilizavam rotineiramente pelo menos uma terapia complementar associada ao tratamento médico convencional. Este resultado não é surpreendente, pois vinte anos antes médicos e pacientes já haviam identificado uma tendência à pluralidade e interdisciplinaridade no modo de se praticar a saúde. Ou seja, ao mesmo tempo em que a medicina afirmava que “não existem doenças e sim doentes”, o que se estava observando era o surgimento de novas técnicas, disciplinas e especialidades médicas – observando-se como resultado a fragmentação do atendimento ao paciente. Diante desta situação, a busca comum passou a ser por modelos terapêuticos que viabilizassem a abordagem da causalidade da doença dentro de um contexto mais amplo, centrado no paciente e não na doença em si.

A Medicina Integrativa representa um sistema de cuidados que reúne e incorpora diversas ações tanto de natureza médica como não médica, e que tem como meta principal colocar o paciente no centro da atenção e enfatizar o bem-estar e a cura de todas as pessoas em suas diferentes dimensões: física, emocional, mental, social, espiritual, ambiental e estilo de vida.

No Brasil, as práticas integrativas de saúde tiveram início na rede de atenção à saúde pública há pouco mais de 15 anos. No início dos anos 2000 havia em São Paulo cerca de seis unidades da Secretaria Municipal da Saúde que adotavam um modelo de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), com expansão, a partir de 2002, dessas modalidades em toda a rede de saúde. Atualmente são mais de 520 unidades de saúde praticam pelo menos uma das modalidades que integram o rol dessas práticas, como a Medicina Tradicional Chinesa (MTC), a Homeopatia, a Medicina Antroposófica, além de recursos terapêuticos como a fitoterapia, as práticas corporais e meditativas.

A Medicina Tradicional Chinesa é uma prática médica que persiste há cerca de quatro, cinco mil anos.  A teoria da MTC enfatiza a conexão existente entre a mente e o corpo, e a presença de causas externas e internas para cada doença. As seis causas externas são o vento, frio, calor, umidade, secura e calor do verão. As duas causas internas podem ser subdivididas em distúrbios emocionais e endógenos.

A MTC é um sistema muito complexo e lógico, e que fornece métodos diagnósticos mais individualizados, incluindo a tomada de dados médicos, cheiro e som, inspeção visual, e em especial uma inspeção detalhada da língua e diagnóstico de pulso do paciente.

O paciente é avaliado de acordo com os oito princípios do diagnóstico: problemas com interior ou exterior e Yin e Yang, problemas com a natureza quente ou fria e problemas de constituição fraca ou forte.

A MTC inclui terapias como a acupuntura, acupressão, massagem, fitoterapia, Tai Chi, Qi Gong e dietoterapia.

Dentre os métodos terapêuticos que compõem a MTC, a acupuntura tem tido maior evidencia e uma demanda crescente - tanto espontânea quanto por referência médica - nestes últimos anos. Este avanço pode ter sido embasado pelo expressivo número de pesquisas e publicações científicas, principalmente sobre a eletroacupuntura - modalidade terapêutica derivada da acupuntura manual, em que pequenos estímulos elétricos com parâmetros previamente determinados são aplicados às agulhas inseridas no paciente.

Os efeitos terapêuticos mais conhecidos e utilizados da acupuntura e eletroacupuntura estão relacionados ao alívio da dor e da inflamação, regulação do funcionamento de órgãos internos, alivio de sintomas relacionados a tensões físicas e emocionais.

Talvez uma das áreas de grande perspectiva de atuação futura da Medicina Tradicional Chinesa como um todo, e da acupuntura em especial – seja a abordagem dos sintomas relacionados ao câncer e seus tratamentos. Vários estudos recentes têm demonstrado o benefício percebido pelos pacientes com relação à redução no uso de medicamentos analgésicos - principalmente opióides; controle de náuseas e vômitos secundários à quimioterapia; melhora das queixas de insônia, fadiga e boca seca.

Esta associação terapêutica, aliada à visão geral da Medicina Integrativa, permite a abordagem do paciente como um todo, sem prejuízo da visão específica das partes - pois a medicina ocidental e a medicina oriental compartilham do mesmo objeto - o ser humano doente, mas também compartilham do mesmo objetivo - a cura do indivíduo e o restabelecimento ou mesmo expansão de sua saúde*.

Fonte Estadão

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