Esse é um alerta específico para quem frequenta a noite paulistana, seja paulista ou turista, mas que pode servir para outros estados também. Empresários da noite estão tentando combater o avanço desta modalidade de crime, distribuindo panfletos de orientação para que as pessoas prestem mais atenção ao que bebem, e como bebem. E que não deixem seus copos, taças, à vontade. Na maioria das vezes, é nesse momento que acontece o crime.
Dados exclusivos obtidos pelo portal G1 mostram que, na cidade de São Paulo, 93% das vítimas do golpe "boa noite, Cinderela" são homens, e o objetivo do crime é roubar. Os números revelam ainda que os crimes estão concentrados na região central, no entorno de bares e casas noturnas.
As estatísticas se referem ao período de janeiro de 2016 a agosto de 2017. Os dados são da Secretaria da Segurança Pública (SSP) e foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação. Como o golpe não é tipificado criminalmente, a reportagem solicitou à pasta os boletins de ocorrência que citam o termo “boa noite, Cinderela” no histórico, parte do BO que conta como o crime ocorreu. A maioria dos casos é registrada como roubo ou furto.
Os dados indicam ainda uma tendência que pode ajudar a explicar as motivações do crime. Os homens foram as vítimas de 114 dos 123 boletins de ocorrência analisados (93% do total), e quase todos os golpes resultaram em roubo ou furto. Há ainda dois casos em que, além do roubo, as vítimas foram estupradas.
Entre as mulheres, vítimas menos frequentes deste crime (6% do total), o estupro é o resultado predominante para as vítimas. Foram sete registros de boletins de ocorrência feitos por mulheres, e cinco delas (71%) sofreram estupro após o golpe.
A substância usada deixa a vítima vulnerável e, antes de “apagar”, ela acaba muitas vezes fornecendo informações pessoais sigilosas. “O autor do crime, com acesso a informações bancárias como a senha, levava o cartão para fazer compras ou saques fora do local onde a vítima estava. Atualmente, nós começamos a receber a notícia de que o autor já traz consigo uma maquininha, dessas de crédito ou débito”, alerta um delegado.
Substâncias usadas
Mais de uma mistura podem ser usadas para se aplicar o golpe. De acordo o psiquiatra Dartiu Xavier, é comum a associação de duas substâncias: calmantes indutores de sono somados com quetamina (usada como anestésico) ou GHB (usado no tratamento de dependências) e até cocaína.
O calmante é o que causará o apagão de memória. Já a quetamina e o GHB, se estiverem em grandes quantidades, deixam a vítima muito vulnerável. “A pessoa não sabe quem é direto, nem onde está”, explica Xavier.
Essas substâncias só podem ser vendidas com receita médica. “Mas sabemos que existe um mercado paralelo dos remédios”, disse o psiquiatra.
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