Dorival Caymmi cantou a Bahia para o mundo inteiro
Salvador está de cara nova aos 470 anos. A cidade é um completo roteiro turístico que se renova valorizando as heranças culturais e riquezas históricas.
Salvador, capital baiana, que completou 470 anos na sexta-feira (29/3), se renova sem abrir mão do passado. É essa mistura que faz da capital soteropolitana uma das cidades mais multiculturais do país. Roteiros que unem referências da tradição e da modernidade reforçam a vocação turística da cidade que, durante 214 anos, foi a capital do Brasil Colônia, entre 1549 e 1763. No centro histórico, que abriga monumentos reconhecidos pela Unesco como patrimônio histórico e cultural da humanidade, novos empreendimentos misturam-se às edificações centenárias. Além de vias e calçadas que foram reestruturadas com obras de requalificação em nome do conforto e da acessibilidade, dois prédios históricos viraram hotéis de luxo.
Elevador lacerda em primeiro plano na capital baiana
Na Praça Castro Alves, porta de entrada do centro histórico, o turista vislumbra uma das novidades da estética retrô local. O antigo prédio do jornal A Tarde, de fachada imponente em estilo art déco, deu lugar a um suntuoso hotel. Os visitantes ainda desfrutam de restaurante e terraço com bela vista para a Baía de Todos-os-Santos. Na mesma região, o antigo Palace Hotel, em formato triangular herdado do nova-iorquino Flatiron Building, virou referência internacional ao abrigar um novo hotel de luxo com piscina de borda infinita e lounge também com vista privilegiada para a Baía.
Outros investimentos públicos valorizam ainda mais o legado arquitetônico da cidade. A atual Rua Chile, construída pelo então governador-geral do Brasil Tomé de Souza, por si só é um atrativo turístico no acesso ao Pelourinho. A via ganhou pavimentação de paralelepípedos, novas calçadas e fiação subterrânea, valorizando as fachadas dos prédios históricos renovados. O passado está bem preservado no casario, nas igrejas e nos museus.
No Terreiro de Jesus, na entrada do Pelourinho, a arquitetura colonial e barroca se destaca nas igrejas com alguns dos templos mais antigos e importantes de Salvador. A Catedral Basílica, em estilo maneirista, inaugurada em 1657 e reformada recentemente, reabriu para visitação e serviço religioso. No Largo do Cruzeiro de São Francisco, a Igreja de São Francisco é outra parada obrigatória dos turistas em Salvador, com sua fachada barroca e o interior folheado a ouro. Descendo o Largo do Pelourinho, a também reformada Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos chama a atenção pela fachada em estilo rococó e as torres em formato de bulbos.
No bairro de Santo Antônio Além do Carmo, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Boqueirão é outra que passou por reforma recentemente e ostenta um conjunto de arcadas na parte posterior. No Alto do Carmo, a Igreja do Santíssimo Sacramento do Passo, construída em 1736, reabriu depois de reformada. O templo ficou famoso pela cena do filme “O Pagador de Promessa”, de 1962, na qual o protagonista Zé do Burro sobe a longa escadaria, também restaurada, ligando a Ladeira do Carmo à Rua do Passo. Por conta deste destaque, além da arquitetura e do estilo barroco, o local costuma atrair muitos turistas.
Na Praça Tomé de Souza, onde está o Elevador Lacerda, fica o imponente Palácio Rio Branco, que abriga o Memorial dos Governadores da Bahia. Construído em 1549, o prédio de estilo eclético passou por várias reformas. O turista pode visitar várias salas com tapetes e obras de arte, entre outros objetos de valor histórico e cultural. Destacam-se a Sala dos Espelhos, em estilo rococó, e a Sala Pompeana, com afrescos dos séculos IX e XX. No segundo piso, os aposentos utilizados no passado pelos governadores, desde o período colonial, aguardam o visitante.
Os museus mais importantes da Bahia também estão no Centro Histórico de Salvador. Entre eles, estão o Tempostal (postais, fotografias e estampas históricas), Abelardo Rodrigues (peças de arte sacra), Udo Knoff (azulejaria e cerâmica), Eugênio Teixeira Leal (moedas e medalhas), da Misericórdia (móveis, pinturas e azulejos portugueses) e da Cidade (acervo diversificado). Há, ainda, o Museu Nacional de Cultura Afro-Brasileira (Muncab), no prédio neoclássico do antigo Tesouro, que virou centro de referência da herança cultural africana, e a Casa do Carnaval, referência sobre a festa mais popular do Brasil com exposições interativas.
NOVA ORLA – Com 46 km de praias, a orla de Salvador também está de cara nova. São várias intervenções urbanas nas praias voltadas para o mar e dentro da Bahia de Todos os Santos. Entre outros trechos, o projeto de requalificação da orla de Salvador já contemplou os bairros da Barra, Boca do Rio, São Tomé de Paripe e Tubarão. As intervenções mais recentes foram no bairro do Rio Vermelho, Amaralina, Praia da Paciência e Ondina. O projeto inclui, ainda, as praias de Ponta de Humaitá, Jardim de Alah, Armação, Plataforma, Piatã, Itapuã, Stella Maris, Flamengo e Ipitanga. Uma das áreas mais impactadas com a revitalização foi a Barra, com novo paisagismo, iluminação, piso compartilhado com ciclistas e pedestres e tátil para pessoas com deficiência, rampas de acesso à praia, quiosques para informações turísticas e comércio de coco e acarajé, sanitários públicos, posto salva-vidas, entre outras intervenções. Parte dos recursos foi viabilizada pelo Prodetur Nacional.
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