quinta-feira, 12 de setembro de 2019
CUIDADO - Casos de caxumba no Rio são mais que o dobro dos outros anos
De janeiro a agosto, segundo a Secretaria de Estado de Saúde, já somam 2.115 casaos oficialmente. Aumento de 130% em relação ao ano passado no estado do Rio.Prefeitura, mais uma vez, tenta minimizar a questão. Mas procure regularizar a vacina das crianças, pelo menos. O aumento do número de casos da doença, uma infecção viral aguda e contagiosa, já acendeu um alerta para o governo estadual. O número de casos já ultrapassa o registrado em todo o ano de 2018 e 2017.
De acordo com a Superintendência de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Secretaria estadual de Saúde (SES), de janeiro a agosto de 2019, foram registrados 2.185 casos de caxumba. No mesmo período de 2018 e 2017, foram 948 e 1.015, respectivamente. Ao todo, ocorreram 1.973 registros, em 2018, e 1.376, em 2017. Não houve mortes provocadas pela doença de 2017 até agosto deste ano.
Os primeiros sintomas da doença são febre, calafrios, dores de cabeça, musculares (ao mastigar ou engolir), além de fraqueza. Uma das principais características da doença é o aumento das glândulas salivares próximas aos ouvidos, que fazem o rosto inchar. Nos casos graves, a caxumba pode causar surdez, meningite e, raramente, levar à morte. Após a puberdade, ela pode causar inflamação e inchaço doloroso dos testículos (orquite) nos homens ou dos ovários (ooforite) nas mulheres e levar à esterilidade.
A caxumba é altamente infecciosa. Os vírus são transmitidos por gotas de espirros, tosse, respiração em ambiente fechado ou por contato direto com a saliva, especialmente em copos, pratos e talheres. O vírus também pode sobreviver fora do organismo por algumas horas e, em seguida, ser transmitido por contato direto.
A SES afirma que não há surto da doença no estado e que a imunização está prevista no Calendário Nacional de Vacinação, com a tríplice viral, sendo uma dose aplicada aos 12 meses de idade e outra, aos 15.
Já a Secretaria municipal de Saúde do Rio informa que as notificações de caxumba são feitas apenas em casos de surto, quando há dois ou mais casos em ambientes fechados. Dessa forma, foram registrados 36 surtos este ano, que ainda estão em análise e, por isso, os dados estão sujeitos à revisão. Em 2018, foram 16 surtos notificados e, em 2017, 19 surtos.
- O aumento de casos este ano em relação ao mesmo período de 2018 é significativo e pode estar relacionado, assim como aconteceu com o sarampo, à queda da cobertura vacinal, já que a vacina é a mesma - explica o médico Alexandre Chieppe, da Secretaria estadual de Saúde.
Veja a vacinação para bebês a partir de 6 meses e adultos até 49 anos
O médico se refere à tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, implantada em 1992 no calendário oficial do Ministério da Saúde e, desde 2002, aplicada em duas doses: a primeira, aos 12 meses de idade, e a segunda, aos 15 meses. Mas, desde o último dia 20 de agosto, em função do aumento do número de casos e surtos de sarampo no país, o governo recomendou que todas as crianças com idade entre 6 meses e 1 ano tomem uma “dose zero” da tríplice viral.
- Quem nasceu de 2000 para cá provavelmente tem as duas doses da vacina. Quem não conseguir checar se tem o esquema completo deve procurar uma unidade básica de saúde para ser imunizado. Quem teve contato com uma pessoa com caxumba também deve ir a um posto para fazer uma avaliação e ver se há necessidade de se vacinar - orienta Chieppe, lembrando que a vacinação está indicada para pessoas de até 49 anos.
Segundo ele, o aumento de número de casos foi mais significativo na faixa etária de 6 meses a 1 ano de idade, quando o risco de a doença ser mais grave é maior, e principalmente entre adultos jovens (20 a 30 anos):
- Nesse segundo grupo, não estamos vendo gravidade nos casos, apesar de isso poder acontecer. A razão talvez seja porque essas pessoas já tenham pelo menos uma dose da vacina, o que colabora para que os sintomas sejam mais brandos.
Casos mais brandos podem ser explicados pela vacinação
Chieppe explica também que uma pequena parcela das pessoas que receberam as duas doses da tríplice viral pode não ficar completamente imunizada. Isso é comum com todas as vacinas.
- Entre 3% e 5% (das pessoas) podem não desenvolver completamente a imunização, mas se a pessoa pegar a doença, ela será mais branda - completa o médico.
A caxumba é uma doença autolimitada, na maioria dos casos, após o ciclo do vírus, ela desaparece. Não há uma medicação específica, e o tratamento é apenas para combater os sintomas, com analgésicos e antitérmicos. Além disso, é fundamental que o paciente faça repouso até o fim da infecção. E é o repouso também que pode evitar complicações da doença, como a inflamação de testículos e ovários, quando há risco de infertilidade.
- A única coisa que se pode fazer é repouso. Por isso, vacinar é fundamental - diz o pediatra José César Junqueira.
Período de incubação varia de 14 a 25 dias
O período de incubação do vírus que causa caxumba varia de 14 a 25 dias. A transmissão se dá pelo contato direto com as secreções das vias aéreas superiores da pessoa infectada, a partir de seis a sete dias antes até nove dias depois do aparecimento dos sintomas.
O diagnóstico da caxumba é basicamente clínico, com avaliação médica nas glândulas. A confirmação laboratorial vem no resultado de um exame de sangue que detecta a presença de anticorpos contra o paramixovírus, causador da doença.
O Ministério da Saúde reforça que a tríplice viral é segura, mas é contraindicada para gestantes e imunodeprimidos. Isso porque essa vacina usa uma forma mais fraca do vírus. Assim, ela é forte o suficiente para que o corpo produza anticorpos contra o sarampo, a caxumba e a rubéola, mas não o suficiente para causar essas doenças.
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