Saber apontar as diferenças entre elas é ponto-chave para o tratamento das doenças. Dor de cabeça é um dos sintomas comum às três doenças, fique atento.
Após o ressurgimento da dengue no cenário nacional, acompanhada da entrada do chikungunya e do vírus zika, ainda há dificuldade em identificar os sintomas dessas doenças — fator prejudicial ao tratamento, já que o diagnóstico precoce aumenta a chance de recuperação do paciente. As consequências geradas pela negligência no diagnóstico podem ir de uma dor crônica e agoniante até a morte.
— Os sintomas de dengue, chikungunya e zika vírus são muito parecidos. Eles podem ser confundidos com outras doenças comuns em períodos de chuva, como a leptospirose, rubéola e o sarampo — explica Fernando Gatti, infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein.
Como é difícil para a população em geral saber diferenciar as três doenças, o médico ressalta ser importante ficar atento aos sinais comuns: dores musculares e nas articulações, febres, dores de cabeça e lesões de pele.
— No caso da dengue e chikungunya, a febre fica acima de 38°C e em apenas 50% dos casos há manifestação dermatológica. Já no zika vírus, a febre é mais baixa, mas as lesões acometem 90% a 100% dos infectados, geralmente acompanhadas de coceiras — descreve Gatti.
Dores nas articulações e músculos também são sintomas comuns às três doenças, sendo diferentes apenas na intensidade. Já a conjuntivite, que aparece nos casos de zika e chikungunya, é rara em quadros de dengue. O zika ainda causa, de forma intensa, o aumento de gânglios cervicais, que pode ser identificado como caroços no pescoço. Sangramentos são sinais importantes nos casos de dengue e chikungunya, mas são raros no zika vírus.
— É um quadro febril associado a lesões na pele e dores musculares. Em casos de febre acima de 38°C e dor articular, a pessoa deve procurar assistência médica o mais rápido possível — aconselha o infectologista.
Automedicação e prevenção
Um dos grandes problemas em casos de doenças com sintomas semelhantes é a automedicação. A infectologista Maria Beatriz Souza Dias, do Hospital Sírio-Libanês, alerta para os riscos da ingestão de medicamentos antes de um diagnóstico correto.
— A dengue, por exemplo, é uma doença que pode se complicar por causa dos sangramentos. O uso de anti-inflamatórios e aspirinas nesse caso é contraindicado, pois são remédios que podem favorecer o aparecimento desses sangramentos. Já no caso da chikungunya, em que o paciente sofre com dores articulares muito intensas, é possível usar os anti-inflamatórios. Por isso a importância do diagnóstico diferencial — ressalta a especialista.
Para a médica, prevenção ainda é a melhor forma de combater as doenças, seja eliminando os focos de água parada, como vasos de plantas, onde as larvas se proliferam com facilidade, ou cuidando do lixo que acaba, muitas vezes, se espalhando pela cidade.
Sexta Sem Mosquito
O Ministério da Saúde lançou a campanha “Sexta Sem Mosquito”, que convoca a população a fazer uma varredura em casa ou na vizinhança em busca de possíveis focos de água parada. A recomendação é inspecionar se caixas d´água e outros reservatórios estão devidamente fechados, retirar folhas ou sujeiras das calhas (a fim de evitar o acúmulo de água nesse local), deixar baldes e quaisquer recipientes com as bocas para baixo, limpar a bandeja de ar-condicionado e geladeiras, e observar se não há acúmulo de água em plantas como bromélias e bambus ou ainda em lonas e outras coberturas.
Se algum foco for encontrado, deve-se jogar as larvas na terra ou no chão seco e lavar os recipientes com sabão e escova. Caso não seja possível retirar as larvas do local, o ministério recomenda inserir produtos de limpeza como desinfetante ou cloro na água (desde que o recipiente não seja usado para armazenamento de água para consumo) e chamar os agentes de saúde, que farão o tratamento com larvicida.
— O mais importante é nunca se descuidar da prevenção. O ideal é que as pessoas se protejam com repelentes a base de DEET e icaridina. No caso de gestantes, esse cuidado é mais importante ainda, por causa do zika vírus, que pode causar a microcefalia — alerta Maria Beatriz.
Um personagem divertido – o mosquito – também foi criado para tratar o tema de forma lúdica e informativa. Na página Combata a Dengue, do Ministério da Saúde, ele revela em entrevista os seus hábitos e preferências.
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