Recentemente, o presidente da TurisAngra, Carlos Vasconcelos, esteve na Europa convidando os europeus para visitarem a ilha, que foi declarada reserva ecológica por decreto do então governador Leonel Brizola. Isto ocorreu há 30 anos. Mas, reconhecida pela Unesco como símbolo da Mata Atlântica, enfrenta ainda o turismo predatório. Esse é o nosso destaque para umas férias ou "Lua de Mel" sem muita agitação.
O local temn mais de cem belíssimas praias - com destaque para Lopes Mendes, já premiada como segunda melhor do Brasil, a terceira da América do Sul e a sétima do mundo - e uma extensa área verde de Mata Atlântica são os principais cartões-postais da Ilha Grande. Descoberto em 1502 pelos portugueses, o arquipélago de 193 quilômetros quadrados em Angra dos Reis, no litoral Sul do Estado do Rio, atrai viajantes de todas as partes do Brasil e do exterior.
Os turistas costumam fazer passeios de barcos em águas cristalinas, mergulhos para observar a rica vida marinha da região e trilhas que dão acesso a praias quase desertas da ilha na Costa Verde fluminense. Uma das atrações também são as ruínas do antigo presídio Cândido Mendes. O local abriga histórias como as da era Vargas e da ditadura instaurada em 1964. Durante o regime militar, presos políticos foram transferidos para o presídio, até os anos 70, quando viu florescer uma das maiores facções criminosas do país. Ali se originou a facção Falange Vermelha, renomeada anos mais tarde de Comando Vermelho (CV).
No clássico "Memórias do cárcere", o escritor Graciliano Ramos contou histórias do período em que esteve preso na Ilha Grande, entre março de 1936 e janeiro de 1937, por sua pretensa atuação na Intentona Comunista, que acontecera em 1935. A obra-prima de Graciliano, lançada só em 1953, após a sua morte, também inspirou Nelson Pereira dos Santos a rodar na ilha, em 1983, o filme que ganhou o mesmo nome do livro e foi estrelado por Carlos Vereza. Aclamado no Festival de Cannes, na França, o longa rendeu ao cineasta o Prêmio Fipresci (Fédération Internationale de la Presse Cinématographique).
Com o grande potencial turístico e a pressão de ecologistas, a Ilha Grande ganhou um plano diretor e foi transformada em Área de Proteção Ambiental. A APA Tamoios foi criada pelo decreto-lei 9.452, de 5 de dezembro de 1982, com o objetivo de proteger a vegetação e todos os sistemas ecológicos existentes na região. Para evitar a construção de hotéis, o desmatamento da região e tentar conter o fluxo turístico excessivo na Ilha Grande, que passou de 5 mil para 25 mil visitantes em apenas um ano, o local foi declarado como Reserva Biológica pelo governo de Leonel Brizola no dia 6 de março de 1987. Seu tombamento provisório, por sua vez, foi realizado em 11 de março de 1987, e o definitivo em 9 de novembro de 1987. O tombamento consta da lista dos bens tombados do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac).
O tombamento chegou a ser questionado no governo Moreira Franco, por impedir a realização de projetos que transformariam a Ilha Grande em polo turístico. Em defesa da revogação do decreto, o secretário de Turismo, Elísio Pires, em entrevista ao GLOBO publicada na edição de 15 de Março de 1987, afirmou que ‘’não é cabível um local como a Ilha Grande como paraíso de minorias e, pior ainda, sem qualquer infraestrutura e sem gerar divisas para o estado’’. A declaração gerou protestos de grupos ecológicos em defesa do decreto de tombamento.
Já no segundo governo Brizola, em 1994, a penitenciária foi implodida em meio à insegurança criada na ilha pela constante fuga dos presos. A extinção oficial do presídio abriu também caminho para maior exploração da ilha, existindo até uma disputa para a compra da Praia de Lopes Mendes, embargada pela Justiça por se tratar de um bem público.
Atualmente, na Ilha Grande, apesar de problemas ambientais como o turismo descontrolado e o lixo deixado por visitantes, a natureza ainda é conservada graças aos moradores, ativistas e pesquisadores. Reconhecida como Reserva da Biosfera da Mata Atlântica pela Unesco, há um projeto em início de discussão sobre pagamento de taxa para visitação em toda a ilha. O objetivo da iniciativa, que já existe na Praia do Aventureiro, é também limitar o número de visitantes, evitando o turismo predatório.
Fonte O Globo.
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