segunda-feira, 13 de março de 2017

Comprar camarão beira ao absurdo

No Rio, o preço do camarão dispara, e o quilo já sai por R$ 300 no mercado. Mercado da Zona Sul do Rio embalagem de 250 gramas do camarão do mar congelado e já limpo estava custando R$ 74,99 — fração de um valor de R$ 299,96 por quilo, de acordo com reportagem deste domingo do jornal Extra.

Preço encontrado pelo Extra em um supermercado da Zona Sul do Rio

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Semana Santa se aproximando e todo ano é a mesma coisa: especulação em torno do preço do pescado.  Nos supermercados e feiras livres é sempre um salve se puder, pois os preços por quilo são jogados às alturas. No Supermercado Mundial, por exemplo, o preço do camarão de cativeiro ( que antes era barato, oscilando entre R$ 18 e R$ 22) está em R$ 34, o saco de um quilo, congelado. Esse preço já rola há várias semanas e ninguém explica corretamente o motivo.

Mas, antes de você ler a matéria do Extra, que é alarmante para o consumidor comum, o blog do CEASACOMPRAS publica o resultado em uma pesquisa de preços feita em duas importantes centrais de abastecimento de alimentos do país: a Ceagesp, na capital paulista, e a Ceasa Grande Rio, situada na capital fluminense. 

Na Ceagesp, por exemplo,  só tem um tipo de camarão sendo cotado, que é o chamado "camarão ferro" ou "camarão sete barbas", cujos preços variam de grande (R$ 40,5), médio (R$ 34) a pequeno (R$ 31).

Já no entreposto de pesca da Ceasa do Rio, instalada no bairro da Zona Norte, o Irajá, não existe cotação para os chamados produtos de ponta, que sãos os camarões rosa e VG. Em relação aos outros, os preços por quilo são o seguinte:  camarão branco (R$ 27), camarão cinza (R$ 32), camarão pitú/lagostim (R$ 11). 

Nestes casos, o CEASACOMPRAS aconselha que os consumidores formem grupos para comprar diretamente nessas centrais. Garantimos que o lucro será bem maior.

REPORTAGEM DO EXTRA. Leia:

Como cantado no hit dos Originais do Samba, “assassinaram o camarão”. A presença de um vírus que mata o animal nos criadouros derrubou em 20% a produção do setor de cultivo em cativeiro em 2016. A essa retração foram adicionados temores de que poderia faltar o item no mercado, numa receita que salgou o preço do crustáceo.

O quilo vendido pelos produtores dobrou de preço de junho do ano passado até janeiro, para R$ 30, segundo a Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC). Com o defeso (período em que a pesca é proibida) do camarão do mar, de março até o fim de maio, a situação se agrava. Nos supermercados, há embalagens com porções dessa — por ora — rara iguaria congelada com preços que beiram R$ 300, o quilo. No Mercado São Pedro, mercado de peixes em Niterói, as vendas para o grande público caíram em 50%. Nos restaurantes, já há problemas de fornecimento e prejuízos. No cardápio do consumidor, o prato rareou ou saiu de cena.

— A mancha branca chegou ao Brasil por Santa Catarina em 2003/2004. Em junho do ano passado, ela chegou ao Ceará, que é o principal produtor de camarão do Brasil. A indústria está solucionando o problema e esperamos que, após a Semana Santa, o preço comece a ceder, podendo voltar a R$ 25 — conta Itamar de Paiva Rocha, presidente da ABCC, destacando que a produção de camarão cultivado é duas vezes maior que a da pesca extrativa.

No varejo, a chegada do camarão no pódio do preço alto foi freada pela turbulência da recessão.

— O preço que pagamos a fornecedores subiu 120%. Mas, com a crise, não dá para repassar isso ao consumidor. Reajustamos em 60% e absorvemos o resto, reduzindo margem, e apostamos em promoções de peixes para estimular as vendas. As de camarão encolheram em 30% — explicou Pietrangelo Leta, vice-presidente comercial dos Supermercados Zona Sul.

DOENÇA NÃO AFETA CONSUMIDOR

Está difícil, porém, convencer o consumidor a não retirar o camarão da empada. O preço do produto subiu 31,29% nos 12 meses terminados em fevereiro, segundo o IBGE. É sete vezes mais que a inflação dos alimentos nesse período, que foi de 4,34%.

— Troquei o camarão por peixe, o preço subiu demais. Compro salmão ou namorado, e assim vai — diz a advogada carioca Rosana Farias.

A funcionária pública aposentada Rosita Farina sai de Copacabana, na Zona Sul, rumo ao Mercado São Pedro, em Niterói, para abastecer o freezer regularmente com um grupo de amigas:

— O preço subiu demais. Aqui em Niterói, compro por um preço melhor. Encareceu muito, tive de reduzir o consumo pela metade, mas não abro mão.

No Mercado São Pedro, as vendas para o consumidor despencaram 50%, conta Michel França, dono da Mike Peixaria:

— O quilo do camarão custava a partir de R$ 18. Hoje, não sai a menos de R$ 35 o camarão de cativeiro. Mas tem até perto de R$ 90. Tem gente que vem até aqui e, quando vê o preço, vai embora. Acredito que, com a proximidade da Semana Santa, caia um pouco.

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