terça-feira, 29 de novembro de 2016

Uma em cada sete brasileiras vai viajar sozinha

Pesquisa do Ministério do Turismo revela ainda que intenção de viajar desacompanhada é maior entre o público feminino. Outro estudo revela que Brasil está entre os cinco países que lideram o ranking de mulheres viajando sozinha pelo mundo.

      
             
      Marília Sampaio viaja sozinha desde os 16 anos. Crédito: Arquivo pessoal

A vontade de conquistar o mundo tem inspirado cada vez mais mulheres a viajarem sozinhas. Para elas, o desejo de viver novas aventuras independe de ter ou não uma companhia. E não adianta lançar mão das famigeradas perguntas “tá louca?” ou “você não tem medo?”. Nada é capaz de deter a ansiedade de descobrir novos destinos e culturas. De acordo com o estudo Sondagem do Consumidor - Intenção de Viagem, do Ministério do Turismo, 14% das mulheres que pretendem viajar nos próximos seis meses deverão fazê-la sozinhas, número 35% que o verificado no sexo masculino - 10,4%.

Segundo recente levantamento feito pelo site Airbnb, a Ásia tem as mulheres mais aventureiras em comparação a qualquer outra região. No Japão, em Taiwan e na China, elas são a maioria entre as pessoas que fazem viagens internacionais sozinhas. A Rússia e o Brasil também estão entre os cinco países com mais mulheres que viajam por conta própria para outros países.

Apesar de o número de mulheres que viajam sozinhas ser ainda pequeno, esta é uma realidade que está mudando. Cada vez mais elas deixam de esperar por uma companhia para o passeio e assumem o controle de decidir o destino e a programação da viagem. Mas ainda há importantes avanços a serem feitos para garantir a igualdade entre homens e mulheres e por isso, alguns cuidados são necessários para assegurar uma viagem segura para elas.

Na lista de recomendações algumas dicas como a pesquisa do lugar que será visitado para entender os costumes locais e algumas regrinhas de segurança. Vale também se informar com outras mulheres que já tenham visitado o destino e evitar situações potencialmente perigosos. Outra dica de viajantes é compartilhar o roteiro que será feito com amigos e parentes para que acompanhem remotamente o trajeto.

ELAS MOSTRAM QUE PODEM

Com 23 anos, Marcia Lupiano coleciona muitas histórias de suas viagens pelo Brasil e pela América Latina. A primeira experiência de fazer turismo sozinha no Rio de Janeiro tem apenas dois anos e de lá para cá, ela tomou gosto. “Estava com um pouco de medo e até tentei ir com uma amiga, mas acabei indo sozinha e foi incrível. Fiquei em um hostel - também pela primeira vez - e conheci muita gente. Tinha liberdade para fazer o que queria, na hora que queria e percebi que era possível viajar sem companhia”, relembra.

Após a formatura no curso de Relações Internacionais no final de 2015, Márcia foi além e se aventurou em um mochilão de oito meses pela América Latina onde acampou, pegou carona e fez novos amigos. Apesar das boas lembranças, ela reforça que é preciso tomar alguns cuidados. “São países machistas, então nunca dizia que estava sozinha, avisava onde ia e ficava atenta ao ambiente onde estava”, diz. Mesmo assim ela encoraja que outras mulheres vivam essa experiência. “A vida é uma só e tem muita coisa boa no mundo para ser vista. No fim das contas tem mais gente boa do que má por aí”, conclui.

Na experiência de quem viaja sozinha desde os 16 anos, a assistente social Marília Sampaio reserva 10 dias por ano para curtir a própria companhia. Vale revisitar lugares especiais ou conhecer novos destinos. “Dizem que sou corajosa, mas para mim é normal. Comecei ainda adolescente e fui pegando o gosto e desenvolvendo algumas manhas. Não abro mão desse tempo pra mim, mas tenho o cuidado de ver os roteiros disponíveis na internet antes e pegar a avaliação dos lugares”, explica. 

Da última viagem para João Pessoa e Pernambuco, além do sol e das aventuras, uma lembrança incômoda de que viajar só ainda tem limitações e por isso é preciso ter atenção. “Depois de um dia na praia resolvi ir embora e no meio do caminho percebi que havia esquecido o chinelo na areia. Ao retornar fui surpreendida por um homem na praia já deserta. Fiquei com medo e pensei mil formas de escapar até que vi que teria que voltar pelo mesmo caminho e tomei coragem. Nada aconteceu, mas acredito que as mulheres não devem parar de fazer as coisas porque tem medo. Se tivessem mais mulheres ali, ele não teria se aproximado”, defende.

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