segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016
400 anos da morte de Shakespeare
Curta atmosfera do autor de "Romeu e Julieta"
No dia 23 de abril próximo um dos maiores escritores do Reino Unido terá todas as atenções voltadas para o aniversário de sua morte, ocorrida a 400 anos atrás. Então, se prepare para curtir a Cidade de Shakespeare que tem casa de 1564 e maldição em túmulo do escritor, que se faz presente até hoje em Stratford-upon-Avon, na Inglaterra12 fotos
William Shakespeare nunca imaginou a transformação pela qual Stratford-upon-Avon passaria ao longo dos séculos. A cidade continua sendo pequena, continua sendo apenas o berço de um dos mais importantes escritores da humanidade, mas adquiriu cara de cidade moderna e transita bem entre esses dois mundos. Mas a modernidade só vai até certo ponto. Só é possível chegar de trem ou carro, pois o aeroporto mais próximo é o de Birmingham.
À beira do rio Avon (daí o nome, “Stratford à beira do Avon”), as lojas de marcas famosas se misturam a construções que datam do século 16 e que sobrevivem ainda hoje como hotéis, pubs e museus. Você pode comprar cosméticos de marcas chiques francesas e, em seguida, conhecer o quarto onde nasceu William Shakespeare, em 1564. Basta dar alguns passos.
A maioria dos locais importantes na trajetória do escritor está dentro de Stratford, e o tamanho da cidade permite passeios a pé. Porém, muita atenção ao caminhar: a maioria das ruas e calçadas continua sendo de paralelepípedos, tornando quedas e escorregões uma coisa corriqueira, ainda mais com a constante chuva que abate a região. A cidade também não está preparada para o turismo acessível: quase todos os museus e locais históricos foram instalados em casas que datam do século 16, não contam com elevador nem corrimões e, frequentemente, têm degraus entre os cômodos. O piso faz com que o visitante se sinta caminhando em gelatina. Com estruturas feitas em palha, barro e madeira, não é nenhum espanto.
É obrigatório começar seu passeio pela casa onde nasceu William Shakespeare, e que está localizada no centro da cidade, em Henley Street, um calçadão. O tour é guiado, e leva o visitante pelos cômodos, explicando a utilidade de cada um, os costumes da época e como a família Shakespeare se encaixava no cenário social de Stratford. O pai de Shakespeare, um alfaiate especializado em luvas, tinha seu ateliê-loja na casa, e há amostras dos tipos de luvas usados na época.
Bem próximo ao "Shakespeare Birthplace", como é conhecida o imóvel, está Hall's Croft, a casa da filha de Shakespeare, Susanna. Embora o interesse para os fãs de literatura e teatro seja apenas tangencial, o local agora é um interessante museu de objetos e medicina dos séculos 16 e 17, por conta da profissão de John Hall, marido de Susanna. Os métodos curiosos empregados na época podem ser apreciados na extensiva coleção que a casa abriga.
Laura Prado/UOL
O jardim interno da casa de Shakespeare. Não é permitido tirar fotos da parte interna
Depois de lá, parta para New Place, onde Shakespeare passou seus últimos dias. A casa já não existe mais, pois o último proprietário (que não era parte da família de Shakespeare) destruiu a construção. Após fazer uma ampliação na casa, ele descobriu que teria que pagar quase o dobro em impostos, e colocou o lugar abaixo. O terreno continua lá, com belos jardins e um sítio arqueológico.
Saindo de New Place, dirija-se ao RSC, o teatro da Royal Shakespeare Company. Há sempre uma peça em cartaz (sempre Shakespeare) e o teatro abre sete dias por semana. Conseguir um bom lugar pode ser complicado e é recomendável fazer reservas com antecedência. Mas é quase sempre possível comprar um ingresso pela manhã para a exibição do mesmo dia, só não espere ficar na boca do palco.
Após comprar seu ingresso, seguindo o rio para o sul, você chegará à Igreja da Santíssima Trindade. É lá que o bardo e sua esposa estão enterrados, no altar da igreja. Os jardins e a construção, por si só, já valem a visita. Mas é a tumba de Shakespeare, apesar de deteriorada, que arrebata os visitantes. Nela está seu último trabalho, um verso irônico em seu epitáfio. Em resumo, ele rogou uma praga em quem movesse seus ossos daquele local. Ao longo dos anos, a superstição associada ao epitáfio evitou que seus restos mortais fossem transferidos para Londres e exumados para análise.
Para comer e beber, não deixe de visitar o pub mais antigo da cidade, The Garrick Inn. A estrutura aparente de madeira, típica da época em que Shakespeare vivia na cidade, abriga um ambiente aconchegante, coberto em veludos verde-musgo e mobília em madeira escura. Prove a bebida nacional britânica, Pimm’s, acompanhada por um suculento prato de peixe com batatas fritas.
Se você tiver tempo e quiser sair da cidade, pegue um ônibus turístico ou um táxi e vá conhecer a casa de Anne Hathaway - e não estamos falando da atriz que fez a Mulher-Gato no mais recente filme do Batman. A Anne Hathaway original era a mulher de Shakespeare, e essa foi a casa onde ela cresceu, e onde o jovem William (ele tinha 18 anos quando eles se casaram. Ela já era uma senhora, com 26 anos) a cortejava. Não há muito em termos da história de Shakespeare, mas pode-se aprender muito sobre a vida local da época. Os belos jardins são premiados (uma importante distinção no Reino Unido) e você poderá ver o único telhado de palha da Inglaterra. Eles foram proibidos por conta do risco de incêndio, mas como a casa tem valor histórico, acabou ficando.
Após uma noite de teatro, aproveite para jantar ou comer uma sobremesa nos locais favoritos dos atores. Você certamente vai trombar com o elenco de “Romeu e Julieta” ou “Julio Cesar” tomando uma bebida pós-trabalho no Dirty Duck, que tem paredes forradas de fotos de atores que passaram por lá. O pub, que também serve refeições, está praticamente em frente ao teatro da Royal Shakespeare Company e é considerado o mais popular entre os atores. Para um jantar num ambiente mais familiar vá ao Carluccio’s, a menos de duas quadras do teatro. Apesar de ser parte de uma rede de restaurantes italianos, os pratos e sobremesas têm sabor e valem o preço. E você poderá encontrar atores por lá, se deliciando com um tiramisu de frutas vermelhas.
A vida noturna da cidade termina cedo, mas andar pelas ruas desertas pode ser um exercício interessante. É quando a cidade respira em paz, e é possível imaginar que um dia as ruas não eram pavimentadas e Shakespeare caminhava por ali, imaginando histórias que transformaram a literatura e o teatro mundiais.
Como chegar
O trem é a melhor opção, saindo de Londres pelas estações de Euston ou Marylebone. A jornada leva apenas 2h, e as paisagens são interessantes o suficiente para valer o tempo gasto. De avião é preciso fazer uma escala e o tempo de vôo pode chegar a sete horas.
FlyBE: www.flybe.com
National Rail: www.nationalrail.co.uk (horários e venda de bilhetes online para os trens)
Veja mais: O escritor inglês guardava comida para evitar a fome
Com medo de passar fome, o dramaturgo inglês William Shakespeare (1564-1616) tinha o hábito de ter em casa alimentos acima das suas necessidades imediatas.
Em 'Coriolano', a peça que escreveu em 1607, a fome está bastante presente. Em 'Rei Lear', de 1605, a fome e a importância dos alimentos voltam a ser falados. Hoje, os investigadores sabem que este era um tema que interessava bastante a William Shakespeare.
De acordo com um estudo da Universidade de Aberystwyth, durante um período de cerca de 15 anos, que correspondeu a uma altura de escassez de alimentos no final do século XVI e início do século XVII, Shakespeare comprou e armazenou grão, malte e cevada, assegurando assim que a sua família não passava fome. Além disso, também vendeu alguns desses alimentos aos vizinhos, a preços bastante inflacionados.
Esta faceta de Shakesperare faz com que o vejamos de uma forma "mais humana, mais compreensível, muito mais complexa", afirmou à BBC a investigadora Jayne Archer.
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