Crise econômica dificulta compra de alimentos saudáveis, em geral mais caros do que os tradicionais. Tem gente que pesquisa muito para não comprar produtos tão caros e faz alguns em casa.
Manter uma alimentação saudável durante a crise econômica tem sido um desafio para muitos brasileiros. Uma pesquisa feita pelo EXTRA com 15 produtos e suas versões mais indicadas para manter a saúde mostra uma variação de preços de até 890%. É o caso do arroz tradicional, cujo pacote de um quilo foi encontrado à venda por R$ 3,19, contra R$ 31,60 do arroz negro, que tem mais proteínas e fibras.
Depois de perder 16 quilos, a microempresária Michelle Muniz, de 34 anos, não abre mão da alimentação saudável. Mas, para controlar o impacto no bolso, ela recorre a macetes:
— Já fiz iogurte desnatado e pão em casa. Com um litro de leite, você faz muito iogurte. Sai muito mais barato. Além disso, pesquiso muito. Há uma variedade imensa de preços. Então, eu fui buscando alternativas. Mas não deixei de consumir.
Michelle conseguiu emagrecer com reeducação alimentar e exercícios, que hoje ela pratica em casa mesmo, economizando ainda mais. Ela critica o alto custo de muitos produtos saudáveis:
— Isso é um absurdo. As pessoas iriam se interessar mais por comer bem se as coisas fossem mais baratas. As pessoas falam “vou começar uma dieta”. Aí, olham os preços no supermercado e desistem.
Nutricionistas explicam que os preços altos desses alimentos se devem a várias razões:
— Conta bastante o fator modismo. Uma tapioca, por exemplo, não tem por que ser cara. É farinha de mandioca. Existem alguns outros alimentos, como a quinoa e a chia, são muito mais baratos na região dos Andes. E aqui sai mais caro. É uma questão de modismo. Não existe "superalimento", alimentos perfeitos. Se a gente tiver uma boa combinação de alimentos naturais, com boas fontes de proteínas e alguns cereais integrais, a gente pode substituir muito bem a quinoa, a chia... não tem necessidade de consumir o que é mais caro — diz Lara Natacci, nutricionista da Comissão de Comunicação da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (Sban).
Bianca Innocencio, nutricionista funcional da Clínica Andrea Santa Rosa, pondera que, além do marketing, ingredientes mais nobres influenciam o preço. Mas ela ressalta:
— Costumo falar com os pacientes que, investindo em ingredientes de qualidade e na boa alimentação economizaremos com a saúde, o que é uma economia muito interessante.
Para atender à demanda por alimentos saudáveis em plena crise, os supermercados têm adotado algumas táticas.
— Uma das soluções para enfrentar esse momento econômico do país é cadastrar mais itens nas gôndolas. Assim, o supermercado dá mais opções ao consumidor, para ele escolher o que cabe melhor em seu orçamento — destaca Fabio Queiroz, presidente da Associação dos Supermercados do Estado do Rio (Asserj).
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