domingo, 24 de janeiro de 2016

Páscoa dá crise traz ovos menores

 

Média de tamanho este ano é de 250 gramas - em 2015, foi de 400 g. Alguns lançamentos são repaginações de novidades de anos anteriores. Informa o G1.

                      Empresas oferecem opções de ovos menores para atender a consumidores que estão com menos dinheiro para gastar (Foto: Marta Cavallini/G1)


Empresas oferecem opções de ovos menores para atender a consumidores que estão com menos dinheiro para gastar (Foto: Marta Cavallini/G1)
Os fabricantes de chocolate tentam superar a retração econômica com ovos de Páscoa menores para atender a um público com menos dinheiro para gastar. “O desafio é produzir mais com menos”, define o vice-presidente de chocolate da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), Ubiracy Fonseca.

De acordo com ele, os ovos de Páscoa deste ano tiveram reajuste de preços devido ao aumento do dólar e também de componentes da cadeia de produção como açúcar, combustível e armazenagem.

“Os fabricantes procuraram fazer mais com menos, produzir com maior produtividade e menos tempo e mais automação para ter um custo menor”, explica.

O empresário reconhece que o mercado está recessivo e o consumidor tem suas dificuldades. “Muita gente está desempregada, então a massa vai procurar ovos menores e de menor valor”, afirma.


                      Ovos de Páscoa tiveram reajuste de preço devido ao aumento do dólar e também de componentes da cadeia de produção  (Foto: Marta Cavallini/G1)


Ovos de Páscoa tiveram reajuste de preço devido ao aumento do dólar e também de componentes da cadeia de produção (Foto: Marta Cavallini/G1)
Fonseca diz que as empresas focaram neste ano na produção de ovos menores para que o consumidor não deixe de comprar o produto. No ano passado, se a média de tamanho dos ovos era de 400 gramas, este ano será de 250 gramas. “O consumidor que antes comprava ovos de 500 gramas, por exemplo, optará por um de 250 gramas ou 300 gramas, porque é tradição do brasileiro dar ovos na Pascoa”, diz.

Os ovos da Nestlé, por exemplo, têm em seu portfólio ovos que variam de 90 a 360 gramas.  O único acima é o Alpino de 700 gramas. O Especialidades de 750 gramas foi retirado do catálogo e neste ano ele só será oferecido na versão 350 gramas. Além disso, diminuíram de tamanho os ovos Sensação e o Prestígio, que passaram a ter 240 gramas. De acordo com a empresa, os ovos que tiveram diminuição de tamanho não terão aumento de preço.



                     Se a média de tamanho dos ovos era de 400 gramas em 2015, este ano será de 250 gramas (Foto: Marta Cavallini/G1)


Se a média de tamanho dos ovos era de 400 gramas em 2015, este ano será de 250 gramas (Foto: Marta Cavallini/G1)
Já a Lacta trouxe entre seus lançamentos ovos recheados de 95 gramas nos sabores Sonho de Valsa e ao leite, que custarão menos de R$ 10. A empresa garante, no entanto, que não houve aumento de preço dos produtos em relação ao ano passado nem redução no tamanho de seus ovos. A fabricante informa que está focando na Páscoa deste ano em itens abaixo de R$ 30 – mais da metade dos produtos estarão nessa faixa de preço.

A Village investiu este ano em dois lançamentos com ovos pequenos: um de 120 gramas e outro de 150 gramas. Já a Arcor informou que teve a preocupação de fazer ovos menores pensando nos custos e para explorar mais o momento mágico da Páscoa do que a quantidade de chocolate. O maior ovo vendido pela empresa tem 220 gramas.
Neste ano, de acordo com a Abicab, são 147 lançamentos, mas muitos são substituições de novidades de anos anteriores. Essa repaginação engloba, por exemplo, pequenas mudanças em ingredientes ou novos formatos de ovos já lançados. Em 2015, foram 150 lançamentos.
Logo depois do Carnaval, o consumidor poderá curar a ressaca da folia com os ovos de Páscoa que já começarão a ser vendidos nos supermercados e lojas especializadas. A Páscoa este ano será celebrada no dia 27 de março.

Brindes
Segundo o vice-presidente da Abicab, as fabricantes optaram ainda por alguns licenciamentos de produtos mais baratos para colocar brindes mais em conta nos ovos e, assim, tornar os preços mais acessíveis. Houve adaptações ainda nas embalagens, de acordo com Fonseca.
Mas as empresas informam que não houve diminuição no número de ovos que vêm com brindes. A Nestlé, por exemplo, informa que manteve a proporção de 30% de portfólio voltado para ovos com licenciamentos de marcas. Já no caso da Arcor, os brindes estão em 95% do catálogo, pois a empresa tradicionalmente investe forte na linha infantil.

Já a Kopenhagen decidiu repetir a estratégia de sucesso do ano passado, com brindes sofisticados nos seus produtos, e trouxe novamente este ano com o ovo de 1 kg Sweet Treasure o bracelete de prata da Pandora, desta vez com fecho de coração. O preço sugerido é de R$ 462 – valor mais caro entre os produtos apresentados no salão de Páscoa na terça-feira.

Mas a empresa lançou também uma opção mais em conta para agradar ao público feminino - por R$ 129 a consumidora que comprar um ovo de 250 gramas Fashion Le Lis Blanc leva um nécessaire exclusivo da grife de luxo.

Produção
Em 2015, a Páscoa foi responsável pela produção de 19,7 mil toneladas de chocolate, o que correspondeu a cerca de 80 milhões de ovos de Páscoa em todo o país. “O total ficou estável se comparado a 2014, quando foram produzidas 19,4 mil toneladas do alimento. O volume de 2016 ainda não está fechado, pois as indústrias ainda estão produzindo os Ovos de Páscoa e outros produtos de chocolate”, afirma Fonseca.


                    Ovo de páscoa feito com o chocolate em barra da marca Selecta Namur, recém-associada à Abicab (Foto: Marta Cavallini/G1)


Ovo de páscoa feito com o chocolate em barra da linha Namur, da marca Selecta, recém-associada à Abicab (Foto: Marta Cavallini/G1)
Empregos temporários
As indústrias e lojas especializadas geraram cerca de 29 mil empregos temporários em todo o país, de acordo com levantamento da Abicab. As vagas são para produção, promoção e venda de produtos no período de outubro de 2015 a março de 2016. “Apesar da atual situação econômica do país, obtivemos um aumento de 10% nas contratações, já que muitas empresas estão investindo em seus pontos de vendas para atrair o consumidor”, diz Fonseca.

A Nestlé e Garoto, por exemplo, abriram 6 mil vagas – metade delas já foi preenchida na produção. Outras 3 mil ainda estão abertas para promotores de venda.

Mercado de chocolate
O Brasil é o terceiro maior consumidor e produtor do mundo em chocolates, atrás apenas dos Estados Unidos e Alemanha, com consumo per capita de 2,5 kg/ano. De janeiro a setembro de 2015, a produção apresentou queda de 10% em relação ao mesmo período de 2014. Fonseca prevê que o ano deve fechar em queda de 7 a 8%.

“A retração é reflexo da atual crise econômica brasileira, que trouxe como consequências o aumento da inflação, PIB cada vez menor, aumento do preço de combustíveis e crescimento de desemprego”, conclui
Ubiracy Fonseca.

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