quinta-feira, 24 de outubro de 2019

BEBIDA & Cia Caipirinha: patrimônio imaterial do Rio de Janeiro






       






Não há um estrangeiro que venha para a capital carioca, e até mesmo para outros estados, que não peça logo de saída um copo desse deslitado (cachaça), misturado com gelo, açúcar e limão.  Mas ele tem outras versões que contempla a vodka e o espumante, misturados com outras frutas.

O mais novo patrimônio imaterial do Estado do Rio leva cachaça, limão, açúcar, gelo e só. Uma ano após o seu centenário, a caipirinha ganhou reconhecimento histórico com a Lei 8576, publicada hoje no Diário Oficial. O projeto de autoria do deputado estadual Paulo Ramos (PDT/RJ), fã da bebida, foi sancionado pelo governador Wilson Witzel.

— Todo boteco bom tem uma boa caipirinha. A caipirinha é um movimento cultural, mais uma forma de identificação da cidade — disse o autor do projeto, dando até dicas na hora de fazer o drinque. — A melhor caipirinha do Rio é a que eu mesmo faço, na minha casa em Vargem Grande. Tenho vários tipos de cachaça, mas caipirinha tem que ser feita com a branquinha mesmo.

Apesar do destaque, o único coquetel brasileiro reconhecido internacionalmente pelo International Bartenders Association (IBA) anda cambaleando. De acordo com um levantamento feito pela Cachaça Leblon, sete a cada dez "caipirinhas" não são feitas com o destilado. Muitas vezes, também, o limão é substituído por outras frutas, o que descaracteriza a bebida.

— As pessoas dizem que a vodca é mais neutra, mas a cachaça é mais saborosa. Até podem entrar outras frutas ou a vodca, o que não pode é chamar de caipirinha — diz Guilherme Studart, autor do Guia Rio Botequim e curador do evento Boteco, Tradição e Cultura (BtC) e defensor da caipirinha original. — Só vou ficar feliz quando a maioria das pessoas pedir caipirinha com cachaça.

O origem da caipirinha se perdeu após alguns tragos. A mais provável é que ela era oferecida como elixir contra a gripe espanhola. A receita era um pouco diferente. Além da cachaça, limão e mel, a bebida levava alho. Outra teoria é que ela tenha surgido em altas rodas de feiras agropecuária, para substituir destilados considerados mais nobre à época, como rum e uísque. O que as duas teses concordam é que a caipirinha nasceu em São Paulo, mas tem alma carioca.

— Caipirinha combina com o clima do Rio, é uma bebida típica da cidade e que os estrangeiros adoram — diz Studart. — Difícil é pegar uma boa. As pessoas fazem caipirinha sem preparo. São quatro ingredientes: cachaça, limão tahiti, açúcar e gelo. O principal na caipirinha é o equilíbrio. Você não pode sentir o excesso de álcool, nem aquela poça de açúcar, nem a acidez do limão. Tem que ser uma coisa única.

Studart chama atenção para um outro mito, muito comum nos bares e botequins. Que caipirinha deve ser feita com cachaça ruim para não desperdiçar cachaça boa.

— Quanto melhor a cachaça, melhor a caipirinha. De preferência a branca, mas pode ser uma envelhecida que não passe muita cor ou muito sabor — arremata.

Para não errar na mão, Studart dá cinco dicas para preparar a caipirinha perfeita

- As medidas básicas são cachaça, limão já cortado, e gelo, na mesma proporção. O açúcar vai depender do paladar de cada um

- O limão deve ser cortado em rodelas.

- Coloque o açúcar, o limão e macere para liberar o óleo da casca do limão. Cuidado para não amassar muito. Pode amargar a bebida.

- Caipirinha é mexida, nunca batida na coqueteleira - assim como o Dry Martíni do James Bond

- O copo deve ter boca larga

Fonte Extra

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