Mineiros conquistam 50 medalhas em concurso mundial na França. Concurso terminou nesta terça-feira (4/6) na cidade Tours; produtores alcançaram medalhas que vão de bronze até super ouro. Com 25% da produção nacional, MG aposta no queijo como saída para crise e geração de renda.
Produtores de queijo de Minas Gerais conquistaram 50 medalhas no 4º concurso "Mondial du Fromage et des Produits Laitiers", realizado entre os dias 2 e 4 de junho na cidade de Tours, na França. Segundo a organização, foram 952 inscritos de 15 diferentes países. Os queijeiros do estado levaram desde de medalhas de bronze até o super ouro, maior condecoração da disputa.
As histórias dos produtores estão sendo contadas pelo G1 no especial “Minas dos Queijos”, que mostra a tradição do queijo no Sul de Minas. As reportagens apresentam os detalhes da produção industrial e artesanal nas cidades da região, a influência europeia na fabricação do produto e a luta de produtores artesanais em busca de regulamentação e reconhecimento para produzir e vender para todo o país. O especial traz também dicas de harmonização e culinária envolvendo as diversas nuances do queijo.
O Mondial du Fromage é realizado de dois em dois anos. A premiação leva em consideração a qualidade dos queijos e pode ter diversos medalhistas recebendo a mesma premiação, já que a colocação é determinada pela qualidade de cada queijo em si.
Ao todo, Minas Gerais levou 50 medalhas, enquanto o Brasil levou 56. No último concurso, o estado havia levado 11 medalhas. Neste ano foram:
4 super ouros - 3 em MG;
6 ouros - 5 em MG;
23 pratas - 20 em MG ;
23 bronzes - 22 em MG.
Destaque
Entre as regiões produtoras premiadas em Minas Gerais, destaque para a Serra da Canastra, que acumulou 24 das 56 medalhas brasileiras no concurso. Três delas foram super ouro.
três medalhas em Delfinópolis, que fica no Sul de Minas.
duas em Piumhi
uma em Medereiros
uma em Bambuí
e 17 em São Roque de Minas, cidades que ficam no Centro-Oeste de Minas.
O melhor desempenho da Serra da Canastra, até então, havia sido em 2017, com a conquista de três medalhas de prata. O crescimento foi comemorado pelos produtores da região.
"Isso mostra o trabalho da associação ao ajudar o produtor a desenvolver as suas habilidades na fazenda para produzir um produto cada vez de melhor qualidade e conquistar o mundo todo", Hygor Douglas de Freitas Faria, gerente projetos da Associação dos Produtores de Queijo Canastra (Aprocan).
Sul de Minas
Os produtores do Sul de Minas ganharam 11 medalhas. Em Cruzília, foram três para a empresa que leva o nome da cidade e tem na origem dinamarquesa uma de suas mais fortes características. A medalha de ouro, na categoria de massa prensada e longa maturação, foi para o queijo Cruzília 300, de 6.
Como inovação na categoria de cremosos, a empresa ganhou a medalha de prata com um requeijão feio com queijo Gruyére. O terceiro prêmio de Cruzília foi a medalha de bronze para o queijo Dagano, conhecido como queijo dos "Vikings". Os três premiados estão em fase de lançamento.
“Aliado ao nosso terroir perfeito para a produção de queijos, e da nossa herança queijeira, sempre contamos com meu irmão Luiz Sergio, como diretor industrial da empresa, um amante da arte de fazer queijos inovadores. Estamos muito orgulhosos”, contou o diretor geral dos Queijos Cruzília Carlos Medeiros de Almeida.
Já em Alagoa, a Fazenda Bela Vista levou a medalha de ouro com o Queijo Artesanal de Alagoa de 60 dias e prata com os queijos de 120 e 45 dias.
Já o empresário Osvaldo Martins de Barros Filho, conhecido como Osvaldinho, levou a medalha de prata. Ele apresentou o queijo Alagoa Pequena, de parceiros de sua empresa. Ele já havia conquistado um bronze no mesmo concurso, dois anos atrás, quando se tornou um dos responsáveis por um processo de modernização da produção queijeira na cidade.
"Estou imensamente agradecido a Deus por esta oportunidade de estar aqui, de poder representar Alagoa nesse concurso mundial pela segunda vez e poder levar para lá a medalha de prata. É um orgulho muito grande, uma satisfação inexplicável", afirma, o dono da Queijos D'Alagoa.
Em Carrancas, cidade que faz parte da microrregião do Campo das Vertentes, produtora de Queijo Minas Artesanal, o produtor José Orlando Ferreira Junior, do Queijo Bicas da Serra, levou a medalha de bronze. Este é o primeiro prêmio internacional do produtor, que já foi medalha de ouro no concurso estadual de São Roque de Minas, em 2018, e no prêmio nacional de queijo artesanal, em 2017, realizado em São Paulo.
"Estou na atividade produzindo este tipo de queijo há sete anos, tentando resgatar as minhas origens da época dos meus avós e bisavós que faziam esse tipo de queijo. Agora, volto com mais essa medalha para o Sul de Minas", comemora José Orlando Ferreira Junior.
Condecoração internacional
Além dos prêmios pela qualidade do queijo, a Queijos Cruzília e Queijos D'Alagoa também foram homenageadas pela 'Guilde Internationale des Fromagers' (ou Grêmio Internacional dos Queijeiros) pelo trabalho realizado em suas respectivas cidades.
"É uma década defendendo o Queijo Artesanal Alagoa, divulgando nossa cidade, atraindo turistas, contribuindo com a economia local e ajudando a manter aberta a agência dos Correios. É gratificante", afirmou Osvaldinho.
Mas qual é o segredo de um queijo premiado?
Os concursos nacionais também aparecem como uma chance para que os produtores despontem na produção de queijos. Anderson Pereira Maciel é um dos produtores de Cruzília (MG) premiados em um concurso em Juiz de Fora (MG), que reúne dezenas de queijeiros todos os anos.
Os queijos desenvolvidos por Anderson já levaram o primeiro e segundo lugar na categoria, com o Queijo Gouda, e destaque especial com o queijo Pataca, uma nova receita baseada na tradição dos escravos.
Os concursos, segundo Anderson, funcionam como um gatilho na hora de criar novas receitas. “Vou fazendo alguns testes. Às vezes, pra manter o sigilo, eu faço um queijo aqui, fingindo que quero fazer alguma mudança, e para o processo de maturação eu levo pra minha casa, pra ninguém ficar sabendo o que está acontecendo”, brinca o queijeiro.
Todo processo tem o apoio do dono do laticínio onde Anderson trabalha. “Todos os prêmios a gente deve ao Anderson que sempre foi uma pessoa muito voltada a essas inovações. Antes, eu teimava com ele, eu falava que não iria dar em nada. E não foi isso não. Ele foi criando, tendo as ideias dele, e acabou que nós vencemos muitos concursos, por conta das ideias”, conta Paulo Sérgio Nogueira.
Anderson define o dia a dia de criação no laticínio como um “parque de diversões”. Com uma rotina que o mantém mais tempo na empresa do que na própria casa, o queijeiro que ama inventar receitas afirma eu o prazer está no novo.
“Como será que as primeiras pessoas que inventaram o queijo sentiram quando tiveram a massa? Pra gente, que cria um produto, a sensação é essa. O prazer de criar o novo. E isso é constante. É gratificante você aquilo, uma coisa que ninguém teve a ideia de criar ainda”, lembra.
“Esse ano vai ter concurso, então a cabeça já está a mil já para criar alguma coisa. Ai vão perguntar ? O que é a receita? Segredo a sete chaves”, conclui.
Fonte G1
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