A blogueira Julia Jasper, a convite da trivago Magazine, compartilha a experiência única que é conhecer algumas das principais vinícolas de Santa Catarina – que ficam a aproximadamente 1.300 metros acima do nível mar, em um ambiente ideal para a vinicultura.
Como já dizia aquele provérbio de Salvador Dali: “Aquele que sabe como degustar um vinho, nunca bebe vinho de novo, ao invés disso, prova segredos”.
História rica e arquitetura de época na Villa Francioni
Adoro um lugar cheio de histórias e a primeira vinícola que visitamos foi a Villa Francioni, um lugar repleto delas. O fundador do local é o Sr. Dilor Freitas, um colecionador de arte com uma grande paixão pela vinicultura. Ele projetou cada detalhe da vinícola e participou ativamente de todos os processos de criação – até mesmo colher as primeiras uvas. Infelizmente, ele faleceu antes das primeiras garrafas emitirem o tão sonhado “póc”. Mas hoje ele ficaria orgulhoso do legado que deixou por lá.
Localizada em uma encosta de pedras bastante desnivelada, a Villa Francioni foi construída de forma sustentável para facilitar o fluxo do vinho e usar a força da natureza a seu favor. Praticamente todos os lugares do terreno têm uma história para contar: os tijolos utilizados na construção vieram das olarias e casas de fumo que foram demolidas na região de São Joaquim, por exemplo. Na entrada, a imponente porta de ferro foi trazida de um antigo cassino no Uruguai e a mesa de centro data de 1820.
Degustação com informação
Fizemos a degustação em uma sala linda, com pãezinhos e muitas informações. Marília foi nossa guia e nos sentimos muito à vontade durante toda a explicação. Aprendemos que os vinhos brancos e rosés da vinícola não passam por barrica de carvalho, ficam somente no inox. Para os outros, são utilizadas barricas de carvalho francês por no máximo quatro anos ou duas safras. Ela também nos contou que a colheita é feita toda manualmente bem no início do dia e, antes do meio-dia, as uvas já estão vinificadas.
Provamos quatro deliciosos vinhos da Villa Francioni, mas sem dúvidas o meu preferido foi a edição especial Juarez Machado 2007. Esse é um excelente vinho, com expectativa de guarda de 18 anos. Eu também indico outros rótulos da vinícola que já conhecia e adoro: VF Rosé (tem uma garrafa linda, tenho várias de decoração em casa), Francesco e o VF Michelli.
Curiosidades:
Produção ampla
A vinícola produz atualmente 155 mil garrafas por ano, mas eles têm capacidade para fornecer até 300 mil. Ao todo são oito variedades de uvas tintas e três castas de uvas brancas, produzidas em uma estrutura de seis andares e mais de 350 hectares!
Espírito de aventura
O André, filho do Sr. Dilor, foi o primeiro catarinense a escalar o Monte Everest! E é possível ver na vinícola todos os aparatos que ele utilizou durante a subida.
Truque especial
Você já observou uma roseira no início de parreirais? A rosa é utilizada como termômetro natural, pois é mais sensível do que as vinhas. Se ela estiver com formigas ou bichinhos, por exemplo, os produtores conseguem se antecipar para proteger a safra de pragas.
Para explorar ainda mais o mundo do vinho:
SUL
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D’alture: vinícola boutique com influência espanhola
A nossa segunda parada foi a Vinícola Boutique D’alture, que tem como conceito explorar o melhor do Terroir local – considerando o tempo de maturação das uvas, solo e clima da região. A vinícola é enorme – são 80 hectares de terra, sendo que 14 deles são ocupados pelas vinhas.
Os primeiros plantios foram feitos em 2001, quando a família Chavez descobriu na Serra Catarinense condições muito semelhantes aos cultivos do Vale de Tarija, na Bolívia – onde a família começou há mais de um século a sua história vinicultora. A aposta deu certo e, em pouco tempo de existência, a Vinícola Boutique D’alture já conquistou vários prêmios.
Pôr do sol encantador e muitas novidades
Já estivemos três vezes na D’alture: em 2017, 2018 e agora em março de 2019. Gostamos muito de observar as mudanças promovidas na estrutura – o lugar está ainda mais agradável e lindo! Além dos lindos parreirais, há espaços para casamentos, festas, jantares e, em breve, um hotel será inaugurado ali. Já pensou dormir e acordar com uma paisagem dessas?
Todos na D’alture são muito simpáticos e atenciosos: o Juan Carlos e o Adão, por exemplo, não mediram esforços para nos ver com muitos sorrisos no rosto e gargalhando alto. Indico demais fazer uma visita à vinícola no fim da tarde, pois dá para ver um pôr do sol incrível, enquanto degusta um bom vinho (o Montepulciano é o meu preferido) com uma deliciosa tábua de frios.
Saiba que:
Próximos capítulos
Os proprietários também estão implantando um salão de aromas por lá, que será o terceiro da América. Com isso, poderemos aprender com eles a distinguir o cheiro, que é a essência dos vinhos.
Variedades disponíveis
A vinícola apresenta os tintos Cabernet Sauvignon, Merlot, Malbec, Sangiovese e Montepulciano, além dos brancos Chardonnay e Sauvignon Blanc.
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Tradição italiana e familiar na Leoni di Venezia
Agora chegou a vez de conhecer a italiana Leone di Venezia. A família Bianco já tem tradição na área – o avô e o pai do fundador, Saul Bianco, passaram a vida trabalhando com tanoaria e fabricando os seus próprios vinhos. Saul trabalhou em uma grande multinacional, mas se rendeu ao passado da família e resolveu mergulhar no mundo da vinicultura apenas ao se aposentar. Ele, então, foi estudar enologia em Treviso, na Itália, e trouxe seu conhecimento para São Joaquim, o lugar ideal que encontrou para transformar o seu sonho em um grande projeto de vida.
A arquitetura da Leone di Venezia foi inspirada no palácio italiano Villa di Maser (1564). A vinícola só trabalha com castas italianas e produz em média 9 mil garrafas por ano, porém a expectativa é de dobrar esse número em 2019. Tudo na construção foi pensado para manter a temperatura e as características ideais para a produção e conservação dos vinhos – desde a pintura até a colocação de janelas em lugares estratégicos. As salas de produção, por exemplo, utilizam ar natural para manter o clima no ambiente.
Vinhos e piquenique no terraço
Nossa experiência foi sensacional: Dionatam, o guia, nos proporcionou ótimos momentos, sendo o melhor deles um piquenique no terraço da vinícola, com brusquetas, vinho, tábua de frios e aquela paisagem linda.
Degustamos ao todo sete vinhos e fiquei em dúvida dos que mais gostei. O 6º vinho que provamos, o Palladio 2013, tem um sabor incrível. Produzido com cinco tipos de uvas italianas e mantido em barris de carvalho americano por 18 meses, realmente vale a pena provar.
Uma casta que aprecio bastante é a Montepulciano e o vinho da Leone di Venezia, 2017, com 14 meses de carvalho e uvas mais maduras, também não fica para trás.
Veja a produção
Hoje a vinícola só tem espumante no método charmat, mas eles estão testando várias uvas para fazer no método champenoise. Muito legal poder ver o processo e diversas garrafas nos testes. Inclusive, vimos algumas uvas (casta Gewurtraminer) chegando para começar a vinificação.
Detalhes que fazem a diferença
Na produção dos vinhos, são utilizados carvalho francês e americano. Cada barril é aproveitado somente três vezes e todas as rolhas de cortiça vêm de Porto, em Portugal.
Vinhedos do Monte Agudo: vinhas e lavandas em um só lugar
Por último e não menos importante, agora é a vez da vinícola com as mais belas lavandas: a Vinhedos do Monte Agudo. A propriedade boutique produz vinhos em quantidade limitada – são quatro variedades de uvas, cultivadas em um terreno de quase sete hectares.
A história da vinícola começa com o Sr. Leônidas, pai da Carol e da Patty, que nos receberam em dois momentos distintos com todo o carinho e atenção – no almoço e durante um pôr do sol incrível. Não sei dizer qual gostei mais. Para os dois é preciso reserva antecipada, mas façam! Afinal, comer apreciando essa vista vale qualquer planejamento.
Vinho livre com almoço harmonizado
Do espaço enogastronômico, é possível observar as vinhas e as lavandas do alto, além de degustar vinhos e pequenas delícias. As explicações e conversas foram ótimas, tudo regado a muito vinho! No almoço harmonizado, foi servido um carpaccio de frescal simplesmente divino, sem contar os pãezinhos magníficos – cheguei a pedir para levar um pacote para casa de tão bom que eram!
Degustamos cinco vinhos ao todo e, no almoço harmonizado, o vinho é livre – ou seja, fizemos a festa! Os vinhos são de excelente qualidade e os que mais gostei foram o espumante Sinfonia Brut Rosé e o Cabernet Sauvignon / Merlot com 14 meses de barricas de carvalho de primeiro uso. Na semana que fomos, a vinícola estava lançando o vinho Vivaz Sauvignon Blanc, super fresco e fácil de beber.
Vinhas francesas
As mudas vieram da França e começaram a ser plantadas no dia 06 de janeiro de 2005 – Dia dos Reis Magos.
Você sabia?
Com o passar do tempo e envelhecimento, os vinhos tintos perdem a cor e se tornam mais alaranjandos (cor de telha), enquanto os vinhos brancos ganham cor, ficando mais dourados e amarronzados.
Dica de restaurante na Serra Catarinense
Além dos almoços e jantares que algumas vinícolas oferecem, uma outra opção interessante pertinho da cidade de São Joaquim, em Urubici, é o restaurante A Taberna Bistrô. Lá, podemos apreciar um prato super típico da região: o famoso entrevero, feito de pinhão (aquele das árvores araucárias).
Pequenininho e cheio de charme, o local é comandado pela Elizabeth e seu marido, que é o chef. Eles nos deixaram bem à vontade e com gostinho de quero mais.
Pousada na região
Nos hospedamos em uma charmosa pousada de altitude, a Fogo Eterno, que nos trouxe toda a comodidade e conforto para explorarmos as vinícolas da Serra Catarinense. A pousada fica na estrada que vai da cidade de Urubici até São Joaquim. Com cerca de 40 minutos de carro você chega nas principais vinícolas.
O lugar fica em meio à natureza e está repleto de belas araucárias. No café da manhã, peça para a Cintia um pão de queijo bem quentinho – ela traz na mesa a cada nova fornada. Ah, e claro, após algumas taças de vinho, tome um relaxante banho na banheira privativa para relaxar ainda mais.
Fonte Trivago Magazine
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