quarta-feira, 26 de junho de 2019

Destruição do turismo no Rio

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Impasse entre prefeitura e consórcio impede circulação de VLT em mais locais do Centro

Os bancos ocupados por funcionários da lojas vizinhas, descansando do almoço, e os letreiros eletrônicos acesos confudem os incautos que circulam pelas estações da Linha 3 do VLT, que passa pela Avenida Marechal Floriano. Desavisados como a fotógrafa Ozemira Macedo, de 56, perdem tempo esperando pelo bondinho que não passará por ali. Pronto desde dezembro, o trecho ainda não tem previsão para entrar em operação. O consórcio alega um pendência financeira com a prefeitura, que já ultrapassa os R$ 140 milhões. Já o município diz que está revendo o contrato de concessão. A pista livre acaba sendo utilizada pelos ciclistas que não precisam disputar espaço com os carros.

— É uma falta de respeito com a população — se queixou a mulher que depois das compras esperava pegar o VLT para economizar a caminhada até a Central do Brasil, de onde seguiria para Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, onde mora.

Nova ligação

O novo trecho ligará a Central do Brasil ao Aeroporto Santos Dumont, pela Avenida Marechal Floriano, num total de dez paradas. Destas, três estações são novas. As sete restantes já em atividade serão compartilhadas com as linhas 1 e 2. O percurso total de quatro quilômetros será feito, de uma ponta a outra, em até 18 minutos.

A estimativa do consórcio VLT Carioca é que quando a Linha 3 estiver em funcionamento aumente de 80 mil para 150 mil o total de pessoas transportadas diariamente pelo sistema, que já conta com as linhas 1 e 2. A primeira faz ligação da Rodoviária Novo Rio com o Aeroporto Santos Dumont e a segunda, do Saara à Praça XV. A previsão era que a Linha 3 entrasse em operação em janeiro logo após o fim dos testes dos bondinhos modernos. Mas isso não aconteceu.

Queda de braço irresponsável

Em janeiro, o prefeito Marcelo Crivella se reuniu com representantes do consórcio para resolver o impasse relativo a uma dívida, que não estaria sendo paga desde maio de 2018. Na ocasião, o prefeito infomou que as duas partes tinham chegado a um acordo e sua expectativa era de que o trecho começasse a operar até os primeiros dias de fevereiro. Em maio, o consórcio anunciou que, sem chegar a um acordo, tinha negociado com seus fornecedores e solicitou autorização do município para colocar o trecho em funcionamento, mas não obteve retorno.

“Desde o início do ano, o VLT busca negociar com a prefeitura pendências financeiras que impediam a circulação por conta de impasses com fornecedores. Sem chegar a um acordo, o VLT negociou com seus fornecedores e solicitou autorização para operar o trecho em 9 de maio, sem obter retorno. Dessa forma, passageiros e comerciantes que poderiam se beneficiar da linha em operação seguem desatendidos”, informou o consórcio por meio de nota. “Em paralelo, o VLT já se colocou à disposição para revisar a demanda contratual. A concessionária, inclusive, já oficializou essa proposta em carta, sem retorno da prefeitura.”, diz ainda o texto.

A prefeitura argumenta que a estimativa era de que o modal transportasse 260 mil passageiros/dia, mas está transportando apenas 80 mil usuários. Assim, a diferença dos 180 mil passageiros/dia precisa ser coberta pelo município, representando “um rombo diário aos cofres públicos de R$ 540 mil, quase R$ 195 milhões por ano.” Diante disso, segundo a prefeitura, o contrato de concessão está sendo revisto.

Enquanto o impasse não é resolvido, os lojistas que viram a clientela rarear com a retirada dos ônibus na via para as obras, que duraram um ano, esperam que a ciculação do bondinho moderno traga de volta esse público. Essa é a expectativa de Vicente Pereira Moura, de 57 anos, gerente de um restauranta a quilo da Marechal Floriano. Ele disse que perdeu 30% da a clientela, mas ainda não conseguiu recuperá-la.

— As obras terminaram, mas ainda não deu para sentir a diferença. Para isso é preciso que as pessoas voltem a frequentar a rua. A gente contava com o VLT para isso, mas como ele ainda não está circulando fica difícil — reclamou.

Já Hélvio Ribeiro Costa, de 27 anos, vendedor de uma loja de louças disse que o movimento do estabelecimento melhorou com o fim das obras em dezembro, mas ainda não voltou ao que era antes.

— Para isso é preciso que o VLT passe a circular por aqui — acredita.

Trabalhadores da região que se beneficiariam do serviço também reclamam da demora. O servidor público, Renato Ferreira Costa, de 39, diz que vai ao aeroporto com frequência e que o VLT seria bastante útil.

—É um desperdício de dinheiro público. Não dá para entender por que ainda não está circulando.

Segundo o consórcio VLT Carioca, o custo da Linha 3 está inserido no total do projeto, de R$ 1,157 bilhão, já que há trechos compartilhados.

Veja o que disse o Consórcio VLT Carioca:

“O VLT Carioca informa que a linha 3 está pronta para operar desde dezembro de 2018. O novo trecho ligará a Central do Brasil ao Santos Dumont, em 10 paradas, sendo três delas novas. O custo da linha está inserido no total do projeto, de R$ 1,157 bi, já que há trechos compartilhados.

Hoje, as linhas 1 e 2 transportam cerca de 80 mil pessoas por dia. Com a entrada da linha 3 em circulação e a reorganização de linhas de ônibus no Centro, estima-se que o sistema possa chegar a 150 mil passageiros transportados.

Desde o início do ano, o VLT busca negociar com a prefeitura pendências financeiras que impediam a circulação por conta de impasses com fornecedores. Sem chegar a um acordo, o VLT negociou com seus fornecedores e solicitou autorização para operar o trecho em 9 de maio, sem obter retorno. Dessa forma, passageiros e comerciantes que poderiam se beneficiar da linha em operação seguem desatendidos.

Em paralelo, o VLT já se colocou à disposição para revisar a demanda contratual. A concessionária, inclusive, já oficializou essa proposta em carta, sem retorno da prefeitura.

Para o VLT, o importante hoje é que a prefeitura busque o acerto da dívida relacionada ao investimento feito pela concessionária para a implantação, que não tem relação com o número de passageiros transportados. Os acionistas investiram para construir o sistema, o que é retornado ao longo do contrato como uma espécie de financiamento a longo prazo. Com o pagamento interrompido desde maio de 2018, mesmo com recursos previstos em orçamento da prefeitura, essa dívida hoje ultrapassa os R$ 140 milhões.

O VLT Carioca reforça que, mesmo com essas dificuldades, mantém a prestação de um serviço de qualidade aos usuários, sem reduzir as operações, o que tem sido possível apenas com aportes extras realizados pelos acionistas.”

O que disse a prefeitura:

“Diante de problemas encontrados no contrato de concessão do VLT, assinado pela gestão anterior, a Prefeitura do Rio decidiu rever os termos dessa Parceria Público-Privada (PPP) e o processo está em andamento. A estimativa era de que o modal transportasse cerca de 260 mil passageiros/dia, mas essa média está em 80 mil passageiros/dia. Pelo atual contrato, cabe ao município pagar a diferença de 180 mil passageiros/dia, o que representa um rombo diário aos cofres públicos de R$ 540 mil, quase R$ 195 milhões por ano.

Fonte Extra


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