Exercícios, alimentação, saúde mental e acompanhamento médico: veja como esses quatro elementos podem te ajudar a viver melhor. Em meio a tantas pressões, especialistas concordam: fazer exercícios, comer bem, cuidar da saúde mental e buscar acompanhamento médico. Algumas dicas simples — como beber mais água — podem tornar esses objetivos mais fáceis de alcançar.
Faça exercícios físicos
Mexa-se: "Só de você não ser sedentário já está mil pontos à frente da pessoa sedentária", diz o clínico geral e médico de família Alfredo Salim Helito, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. "Se você tiver a opção entre ser magro e fazer atividade física, escolha a atividade física. O sedentarismo não pode acompanhar o ser humano", frisa.
Mas como começar? Para Feldman Barcelos, professor de funcional da Bodytech Sudoeste, em Brasília, o primeiro passo é, literalmente, despertar.
"O simples fato de colocar o telefone longe da cama, para poder levantar e começar a mexer o corpo, já gera uma mudança de estímulo", afirma.
"Começar a atividade física pela manhã ajuda a melhorar os hábitos — gasto calórico basal, déficit de atenção, raciocínio, hormônios que são liberados no dia a dia", explica.
E qual atividade escolher? Qualquer uma, diz Feldman, desde que seja algo prazeroso para a pessoa, seja pilates ou corrida. Ele destaca que o importante é buscar orientação profissional e ir devagar. Mesmo assim, não demora para os primeiros resultados aparecerem. "Não dá pra começar correndo 5km, o ganho é gradativo. Mas com três ou quatro semanas já dá para melhorar o sono, a disposição e a atenção".
Para criar o hábito, o educador físico sugere estabelecer metas semanais, para não deixar a empolgação da segunda-feira morrer na quarta. Outro modo de manter o compromisso é contratar um personal trainer ou malhar junto com um amigo. "Quando você marca na agenda, com outra pessoa, para desmarcar é muito mais complicado", avalia.
Alimente-se bem
A alimentação foi outro ponto de consenso entre os especialistas ouvidos pelo G1 como chave para uma vida melhor. E a primeira dica de como nutrir melhor o corpo é: beber água. "É muito simples, mas eu canso de atender paciente que bebe um copo de água no dia e não bebe mais", diz a nutricionista Lidiane Santana, que atende no Rio de Janeiro.
"Toda a filtração do sangue é pelos rins, e beber água ajuda a eliminar as toxinas.", explica.
Esqueça os industrializados
Em segundo lugar, é essencial evitar produtos industrializados — incluindo os "falsos saudáveis", como o peito de peru, por exemplo. O ideal é diminuir o consumo de processados, embutidos, refrigerantes e temperos prontos, recomenda a nutricionista funcional e oncológica Suelem Lima, da Aliança Instituto de Oncologia, em Brasília. "A solução é comer comida de verdade", diz.
A dieta que promete salvar vidas, o planeta e alimentar a todos nós (e sem banir a carne)
As duas profissionais dão uma dica para nortear uma boa alimentação: "descascar mais, desembalar menos". E, se for para desembalar, preste atenção na própria embalagem do alimento: "sempre é bom se perguntar: você conhece os ingredientes que estão no rótulo? Existem produtos com o rótulo zero açúcar que têm no rótulo a maltodextrina, por exemplo, que é outro nome para açúcar. Se tem nome esquisito, não compre", aconselha Lidiane.
Além das recomendações gerais, o mais indicado é procurar um profissional. Mas, atenção: o propósito não é ir à consulta e receber um papel com recomendações a seguir, diz Suelem.
"Tem alguns profissionais que entregam a dieta pro paciente na hora, e alguns chegam em busca desse papel. Nem sempre ficar preso ao papel é a melhor saída. O que a pessoa mais gosta de comer? O que tem dificuldade de tirar? Como se vê no espelho? O que espera dessa consulta?" questiona.
Um dos problemas em desenvolver uma alimentação saudável é, justamente, a cultura da dieta, segundo as especialistas. Para a nutricionista comportamental Paola Altheia, que atende em Curitiba, essa é uma dificuldade generalizada.
"O brasileiro faz dietas de forma crônica e de algumas vezes até recreativa. É uma coisa alarmante a banalização da dieta no Brasil. Não entendem que estão mexendo com coisa muito séria — que é o metabolismo, o corpo", afirma.
Ela busca trazer para os pacientes uma relação de "neutralização" com a comida. "É a pessoa conseguir perceber que a comida é só comida. Eu sempre falo de quantidade, frequência e contexto. Brigadeiro de panela não é a mesma coisa que panela de brigadeiro. O alimento não importa tanto assim — mas, sim, qual o contexto que ele entra na sua vida? Se for um contexto saudável, você será saudável — se for um contexto patológico, você terá uma doença", diz Paola.
Cuide da saúde mental
As intervenções tradicionais — como a psicoterapia ou a psicanálise — podem ajudar a prestar mais atenção às próprias emoções, pensamentos ou padrões de comportamento. Para a psicóloga Gláucia Flores, que atende em Brasília, o momento de buscar ajuda profissional é quando a pessoa percebe que está tendo prejuízos na vida.
"Normalmente é quando ela percebe que não está dando conta sozinha — não consegue trabalhar, não consegue se relacionar, está se afastando, se isolando. Não começa mais a ser como era normalmente", explica.
Mas a terapia não é a única forma de "olhar para dentro de si", diz a terapeuta Ivana Cangussu, também bacharela em psicologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Outras práticas que podem ajudar são a meditação, a ioga ou o Reiki, por exemplo:
"Elas trabalham o ritmo mental e dão conta de pensamentos, emoções, conflitos, que muitas vezes a gente não para para observar — vai empurrando com a barriga, não olha nunca, e acaba tendo crise de pânico, depressão", diz.
Meditação, arteterapia e Reiki passam integrar procedimentos do SUS
Hoje, ela trabalha com o theta healing — técnica norte-americana que trabalha com a palavra ativando as ondas thetacerebrais, que são acionadas quando se está sonhando ou em meditação profunda.
Além das terapias, é interessante, também, desenvolver interesses além do trabalho ou da família.
"Vamos pensar nossa vida como uma pizza: uma fatia é o trabalho, uma é a família, uma é o casamento, os filhos, o lazer. Quando a gente dá mais importância pra uma do que pra outra, essa balança fica desigual. É importante, sim, que a gente encontre prazer no trabalho, mas também ter outros interesses, para também aprender outras coisas", analisa Gláucia.
Vá ao médico
Além de adotar bons hábitos, fazer um acompanhamento médico pelo menos uma vez por ano também é recomendável, explica a clínica geral Sílvia Souto, da Aliança Instituto de Oncologia, em Brasília. Para começar, ela recomenda procurar, primeiro, um médico generalista.
"Na primeira consulta, se tiver a necessidade de um especialista, ele vai encaminhar. Muitas vezes o paciente não tem discernimento para saber qual o especialista correto", lembra.
Além dos exames de rotina — sangue, fezes e urina — a recomendação médica é de que homens façam exames de próstata a partir dos 40 anos e as mulheres, o papanicolau, a partir dos 25.
Mas não é só fazer exames, explica o clínico e médico de família Alfredo Salim Helito, do Sírio-Libanês, que critica o que chama de "overdose de check-ups" no Brasil. "Esse é o médico dos sonhos: um clínico geral que acaba se tornando o seu médico de família, que a pessoa tem pra dividir os problemas do dia a dia, o médico que você tem a tiracolo. Existem médicos assim", diz.
Para achar bons profissionais — sejam médicos, nutricionistas, terapeutas ou educadores físicos, a dica também é simples: pesquisar. Fazer buscas em perfis de redes sociais, sites, pedir indicações a conhecidos — tudo é válido, desde que haja o cuidado de verificar se aquele profissional tem mesmo as qualificações que afirma possuir. "É você se identificar com a pessoa, com o que ela escreve ou diz", finaliza Lidiane Santana.
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