Cuidado com o calor que aumenta o ataque de animais peçonhentos no Rio. No verão, segundo especialistas, acidentes com bichos sobem 76%, em comparação com os meses do inverno. De 2007 a 2016, Rio contabilizou mais de 12.300 acidentes por animais peçonhentos.
Moradora da Ilha do Governador, a jornalista Bruna Davilla tomou um susto no início da semana. Uma lacraia subiu no berço de sua filha, de 1 mês e sete dias, enquanto a pequena dormia. "Estava perto e escutei um choro fora do comum. Corri e vi uma lacraia de uns 15 centímetros em cima dela. A bebê não parava de chorar. Fui para o pronto-socorro, onde ela ficou em observação e foi medicada para febre", contou. Foi a quarta lacraia que apareceu na casa em apenas duas semanas.
Com o aumento das temperaturas e das chuvas no verão, cresce a presença de visitantes indesejados nas residências. Os acidentes por animais peçonhentos no estado do Rio sobem em média 40% neste período de calor em comparação com o restante do ano, e mais de 76% em relação aos meses de inverno, segundo os dados históricos da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. As autoridades alertam: está na hora de reforçar a prevenção contra picadas de cobras, aranhas e escorpiões, que podem ser fatais, além das lacraias.
Cuidado nas férias
Entre as cidades que tiveram mais acidentes entre os 12.364 registrados de 2007 a 2016, estão o Rio, com 1.223 casos, Nova Friburgo (1.005), Petrópolis (848), Paraty (685), São Francisco de Itabapoana (541) e Angra dos Reis (514). A Vigilância Sanitária da capital recolheu 48 aranhas, 34 escorpiões, 23 lacraias e 11 cobras nos últimos três anos.
"Os animais peçonhentos (que inoculam o veneno por seu ferrão) são mais ativos no verão por conta do calor que faz com que eles saiam dos abrigos com mais frequência. Outro fato é que nesta estação há aumento das chuvas, que deslocam os artrópodes, como insetos e aracnídeos, das encostas e outros abrigos. As chuvas também provocam umidade, o que aumenta a proliferação de lacraias", explicou o veterinário Douglas Macedo, à frente da Gerência de Animais Sinantrópicos e Peçonhentos do Centro de Controle de Zoonoses.
Orientação: limpeza em primeiro lugar
Para evitar os peçonhentos, o Instituto Vital Brazil orienta acabar com possíveis abrigos. Para isso, deve-se manter a casa sempre limpa, removendo entulhos, madeira e materiais de construção, limpar cantos das paredes, atrás e dentro de armários e rebocar paredes e muros. Além disso, manter gramados aparados e os arredores da casa limpos, evitando o aparecimento de animais que possam servir de alimento para serpentes, aranhas e escorpiões, como baratas e roedores. Dedetização periódica também é importante.
Os locais de matas são mais propensos, mas os bichos podem chegar no meio de frutas e verduras. Portanto, é recomendado verificar os produtos no hortifrúti. Outras dicas são colocar telas em janelas e ralos, manter a parte inferior das portas vedada, vistoriar o carro após passeios em áreas rurais e sacudir roupas e calçados para usá-los.
Picadas podem virar lesões
Em acidentes, a pessoa deve lavar a região e buscar um hospital, diz a infectologista Rosária Vommaro, do Hospital Lourenço Jorge. "Nunca garrotear ou chupar o local, porque agrava a lesão". Picadas de cobras, aranhas e escorpiões podem causar dor, coceira, vermelhidão, bolhas, úlcera, necrose, complicações cardíacas e renais e morte se o socorro demorar. Geralmente é administrado soro. Lacraias geram dor e ardência, sem gravidade, explicou ela. A Vigilância Sanitária deve ser acionada para retirar o animal.
O Dia/Qsacada Ilha TV
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