terça-feira, 3 de abril de 2018

Niterói tem o Mário com um bom caneco gelado

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Não diga que conheceu Niterói, este paraíso turístico e popular situado do outro lado da Baía de Guanabara, no Rio, se não falar nesse bar-restaurante tão famoso entre os boêmios. É o Mário do Caneco Gelado, tão bem lembrado pelo jornalista e diretor da Rede Globo de Televisão, Luiz Cláudio Latgé, que estamos reproduzindo aqui no Blog Qsacada. Quando desembarcar na Cidade Maravilhosa, vá até a Praça XV e atravesse para o outro lado. Nós garantimos a sua satisfação.

MÁRIO DO CANECO, por Luiz Claudio Latgé

              
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A chuva e o engarrafamento me fazem buscar refúgio no Mário. Na verdade, é só uma desculpa: teria desviado o caminho para parar ali, como tantas vezes fiz na vida. O Mário é o Mário do Caneco Gelado do Mário. Um restaurante de Niterói, especializado em peixes. Fica perto da saída da ponte, num endereço improvável para qualquer recomendação, ao lado da Rodoviária. 

Mas o Mário está acima de tudo isto, da geografia, da chuva, da intervenção no Rio... Peço um bolinho de bacalhau e uma cerveja, claro. É preciso explicar para quem não conhece: é o melhor bolinho de bacalhau do planeta - e considere que o planeta inclui Portugal. Mas entenda também que o lugar não se chama Bolinho do Mário, mas Caneco Gelado, então, a cerveja é obrigatória. Por isso o salvo conduto da chuva e do engarrafamento... Para quem ninguém interprete errado o fato do cidadão se refugiar no botequim numa terça feira... Olho para o cardápio, apenas por distração. O Mário passa para servir uma mesa ao lado. Imagino que terá perto de 80 anos. O bar existe desde... 

Ele percebe que olho o prato. Para diante de mim e pergunto o que estava servindo. Um congrio rosa, ele diz. Nas minhas referências, o congrio é chileno. 0 peixe de Pablo Neruda, servido no Plaza, antes do golpe. Postas grandes, a belle manière. O Mário diz que também tem congrio no Brasil. Não tão grande, mas já comum nos mercados. Não seria minha escolha, num restaurante português. E estava satisfeito com o bolinho, Mas ele ordena o pedido, sem me consultar: um congrio aperitivo! Não há como recusar. O Mário às vezes assume a cozinha, pessoalmente, apesar do tamanho do restaurante. Imagino que terá perto de 80 anos. 

O restaurante já tem 49 anos. Faz algum tempo levou três tiros, seguido à saída do restaurante, num assalto. Mas não mudou sua rotina. Foi para cozinha fazer meu congrio. O peixe é perfeito, tudo o que prometia. Ele passa na mesa para saber se gostei, com um sorriso desafiador de quem já sabe a resposta. Satisfeito por ter me servido bem. Agradeço. 

Acho que venho aqui há uns 30 anos. Algumas vezes parei no balcão apenas para comer um bolinho e o Mário apareceu para conversar. É provável que não saiba meu nome. Não lembro de ter contado minha história alguma vez. O nome dele conheço pela placa na porta. É um bom amigo. Destes que a gente topa no caminho num dia de chuva e nos faz pensar que a humanidade pode ter futuro.

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