Por isso é fundamental combater a perda muscular, que pouca gente conhece pelo nome utilizado pelos médicos: sarcopenia. Esta é uma condição que vai definir a qualidade de vida de cada um. O médico João Toniolo Neto, geriatra com mestrado e doutorado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) fala sobre o tema:
“Normalmente, no processo do envelhecimento, fala-se muito dos ossos, por causa do risco de fraturas. Mas é indispensável dar a devida importância aos músculos, porque, da mastigação à locomoção, todos os órgãos dependem do seu bom funcionamento”, diz ele. E acrescenta: “a sarcopenia engloba perda de massa muscular, de força muscular e de desempenho, como uma reação em cadeia. Embora as pessoas não tenham uma percepção muito clara do problema, isso vai impactar a qualidade de vida do indivíduo. Pode ser uma dor na coluna, outra no joelho, gerando um comprometimento progressivo, porque o músculo é que segura tudo”.
Pesquisa liderada pelo Núcleo de Estudos Clínicos em Sarcopenia (NECS) da Unifesp, realizada em novembro de 2016, mostrou que apenas 7% diziam ter ouvido falar em sarcopenia, mas 88% sabiam o que significava perda muscular. Um questionário on-line foi respondido por 836 pessoas acima dos 35 anos nas principais cidades brasileiras: 58% eram mulheres e 42% homens, sendo que 50% estavam entre 35 e 49 anos; 30% entre 50 e 64 anos; e 20% acima dos 65. No levantamento, embora os exercícios físicos tenham sido indicados como importantes para a manutenção da saúde (51%), a maioria alegou ser sedentária (22%) ou realizar atividades físicas raramente (38%). Para os que estavam acima dos 50 anos, essas atividades eram cada vez mais raras. No entanto, eles relacionavam a perda muscular a quedas frequentes, fragilidade óssea, caminhada mais lenta e câimbra.
“A perda muscular aumenta com a idade e vai interferir na funcionalidade do paciente. Num estudo realizado com adultos de 40, 60 e 80 anos submetidos a exercícios durante 90 dias, o ganho de massa muscular foi relevante em todas as faixas etárias. Não houve tanta diferença entre elas, ou seja, o ganho de quem tinha 60 foi apenas ligeiramente inferior ao de quem tinha 40. Em seguida, o mesmo grupo ficou inativo durante 90 dias e a perda mais significativa foi a do grupo na faixa dos 80 anos. Por isso o exercício correto e a alimentação balanceada são fundamentais”, afirma o dr. Toniolo.
A perda muscular está em torno de 8% entre 40 e 70 anos. Já entre os mais velhos a perda é por volta de 15%. Isso ficou claro na pesquisa NECS/Unifesp, quando, entre aqueles que estão com mais de 65 anos, 54% achavam que suas condições de saúde tinham piorado. É que aí fica mais clara a percepção de velocidade e tempo de caminhada, mudança que pode estar relacionada à piora na disposição física. Curioso é que, numa projeção daqui a 15 anos, mesmo com avanços tecnológicos na área da saúde, 89% disseram que alimentação saudável continuará sendo um diferencial e 79% apontaram o exercício físico como indispensável. Então, se todo mundo sabe qual é a fórmula para envelhecer bem, não há mais tempo a perder.
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