terça-feira, 21 de julho de 2015

Cuidado! Empresas inovam e prolongam prazo de validade de alimentos; veja como


                              


Leite tipo A Letti é vendido em 45 cidades com embalagem plástica que prolonga a validade de 7 para 15 dias. O que já estava perigoso para o organismo, e uma porcaria para consumir, sem vitamina nenhuma, compravam agentes sanitários que, no entanto, não falam abertamente sobre o assunto, poderá piorar ainda mais com a promessa de que o café da manhã dos brasileiros irá durar mais, pelo menos no que se refere ao prazo de validade de alimentos como o leite e até o pão de forma. Matéria saiu na Folha de São Paulo, nesta segunda-feira (20/7).

Empresas brasileiras estão apostando em inovações —uma delas já colocada em prática— que prolongam a vida útil dos produtos. Prorrogar o chamado "tempo de prateleira" é importante porque alivia produtor e comerciante, que terão o alimento válido por um período maior, e também o consumidor, que não verá o produto estragar tão rapidamente no armário ou na geladeira.

A paulista Nanox desenvolveu aditivos para embalagens de leite pasteurizado, à base de prata. É um bactericida inserido no processo de fabricação da garrafa plástica e que eleva de 7 para 15 dias a validade do leite.

O produto, segundo a empresa desenvolvedora e uma indústria que já o utiliza, não migra para o alimento e é totalmente seguro.

A empresa já fabricava aditivos antimicrobianos, para aplicar em tapetes, carpetes, refrigeradores e bebedouros de água, até iniciar os testes no mercado de alimentos, em 2013, segundo Luiz Gustavo Pagotto Simões, diretor-presidente da Nanox.

O bactericida foi homologado pela FDA (agência que regula alimentos e medicamentos no EUA), o que despertou a atenção da Agrindus, de Descalvado (SP), única empresa que hoje utiliza o sistema na produção do leite tipo A.

Mesmo gerando uma alta de custo de R$ 0,05 por litro de leite (o consumidor paga cerca de R$ 3,50), a empresa diz que o sistema é lucrativo, devido ao ganho que tem evitando o desperdício e aumentando a área de abrangência para a venda da bebida.

"Procuramos a empresa quando ela ainda nem tinha registro na Anvisa e no FDA. Após a certificação, que dizia que o produto não gerava risco ao alimento, começamos os estudos", disse Helena Fagundes Karsburg, gerente técnica da Letti, que processa 25 mil litros de leite tipo A por dia, vendido em 45 cidades de São Paulo e Minas Gerais.

De acordo com ela, havia dúvida se a inovação agregaria valor à distribuição e ao preço ao consumidor, mas a empresa resolveu apostar e afirma ter ganhado "fôlego". "Absorvemos o custo por crer na tecnologia em si e por querermos ser inovadores, ganhando em biossegurança, logística e distribuição."

A Nanox, que já investiu cerca de R$ 1 milhão —metade disso em certificações— também produz filmes plásticos flexíveis (para embalar alimentos) com antimicrobianos, lançados no fim do ano passado.

Agora, busca um investidor norte-americano para abrir uma operação nos EUA, já que possui a homologação da FDA.

Outro foco da empresa, em fase de testes, é o mercado de leite de saquinho. O objetivo é elevar a validade de quatro para dez dias. Há, ainda, testes com maçã e banana, mas ainda são incipientes, segundo Simões.

Já a mineira Phoneutria desenvolveu, em parceria com a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), um produto natural, a partir do óleo de cozinha, para ser usado no pão de forma. A empresa desenvolve produtos ligados à biotecnologia (reagentes).

Diferentemente do bactericida do leite, ele é "pulverizado" no próprio alimento, e não na embalagem.

Um tratamento de enzimas com o óleo gerou um componente que protege e amplia a conservação do alimento.

Ele é aplicado utilizando os mesmos equipamentos dos conservantes químicos. A validade do pão de forma, normalmente de sete a dez dias, chega a dobrar.

"Todos consomem algum tipo de pão, não importa qual, e manter esse alimento válido por mais tempo é importante. O sistema é inovador também por não necessitar de nenhuma máquina nova no setor de panificação", disse o sócio da empresa e docente da UFMG Evanguedes Kalapothakis, do departamento de biologia geral.

A perspectiva inicial era de que a validação do produto no país –superar as barreiras burocráticas– ocorresse até o final de 2016, mas a crise na economia pode atrasar sua chegada ao mercado, segundo Kalapothakis. A descoberta já foi testada em laboratório em queijos e ovos, com resultados positivos, de acordo com ele. Há perspectiva de testes em massas e carnes, futuramente.

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