terça-feira, 13 de março de 2018

Sábado tem "podrão" no Maracanã

Evento vai reunir dez barraquinhas de comidas de rua não-gourmetizadas. Entre as guloseimas estão sanduíches de 2kg, barca de açaí e pastel com refil de caldo de cana, além da famosa batata de Marechal Hermes.

       Batata frita mais famosa da Zona Norte, em Marechal Hermes.
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Quem nunca saiu de uma balada, de uma noite estendida de trabalho ou de um jantarzinho na casa daquela amiga de dieta com uma fome de leão? Aqueles que nunca se socorreram numa barraquinha de comida de rua na madrugada ou que querem afirmar o valor de um verdadeiro "podrão", terão no fim de semana a sua chance. Nas tardes deste sábado (17) e domingo (18) vai ser realizada a 1ª Feira Nacional do Podrão, no Maracanã, na Zona Norte do Rio.

Segundo os organizadores, a feira é o primeiro evento a reunir comerciantes de "comida de rua não-gourmetizada". Ou seja, os famosos "podrões" – sanduíches, salgados e outros quitutes em quantidades generosas – que não têm grife, mas que com simplicidade e capricho, enchem não só os olhos, mas, principalmente, estômagos vazios noite adentro. E a preços bem em conta.

A ideia da feira surgiu do apetite das amigas Natália Alves e Suzanne Malta, da Digital Influência, de buscar uma alternativa aos caros food trucks. E o evento ganhou o "nacional" no título por não se ter notícia de nenhuma feira semelhante no país. Mas, garantem as organizadoras, a feira de podrão é em sua essência carioca.

"Achamos o tema proposto por seguidores interessante e que tinha tudo a ver com a gente. Pesquisamos e vimos que ninguém nunca fez uma feira de 'podrões'. Aí, fomos a campo. Fomos comer em todo os lugares que conhecíamos e que nos foram indicados. Queríamos uma alternativa às feiras de food trucks. Queríamos uma coisa popular, povão mesmo. E tinha de ser diferente, gostoso e, principalmente, barato", disse Natália, que não se furta a ir aos locais mais escondidos e distantes atrás de uma boa e calórica guloseima.

E essa é a tônica da 1ª Feira Nacional de Podrão: comida farta, boa e barata. Suzanne explica que, como se trata de uma primeira iniciativa, optaram por fazer um evento de um tamanho bem modesto. Foram selecionados dez comerciantes de rua, principalmente das zonas Norte, Oeste da capital e da Baixada Fluminense. E os preços vão variar de R$ 3 a R$ 30. Mas uma segunda edição já está em gestação.

"A feira já é um sucesso antes mesmo de começar. Nossa proposta é dar vez à verdadeira comida de rua, de raiz, feita com capricho, com toque caseiro e especial, mas sem frescura. Queremos abrir o leque e valorizar o trabalho dessas pessoas que têm uma barraquinha simples, mas que fazem uma comida de qualidade e que cabe no orçamento de todo mundo", destacou Suzanne, que já teve mais de 20 mil visualizações da feira e seis mil confirmações de presença pelas redes sociais.

Com a ajuda do produtor Paulo Pereira, Natália e Suzanne vão levar para a feira lanches que podem ser verdadeiras refeições como o x-tudo de mais de dois quilos, a barca de açaí de mais de um quilo com frutas e mais de dez coberturas – podrão não tem topping, tem cobertura -, o saco de um quilo de batatas fritas com calabresa e frango à passarinho ou o pastel com recheio variado e com refil de caldo de cana.

Estarão na feira as barraquinhas de Caldo e Sopas do Márcio (Rio Comprido), Barraca da Baiana Pilar (Copacabana), Batata Frita de Marechal (Marechal Hermes), X-Tudo do Bebezão 1 (Rio das Pedras), Cachorro Quente Gigante do Bebezão 2 (Rio das Pedras), Churrasquinho do Rodrigo (Glória), Esfiha do Abdula (Botafogo), Açaí da Cátia (Rocha Miranda), Salgados da Rita (Duque de Caxias) e Pastel do Alê (Madureira). Além dos “podrões”, também haverá espaço para entreter o público, como exposição de fotos, artesanato, bijuterias e até um estande de tarô.

A 1ª Feira Nacional do Podrão acontece no Sinttel (Rua Morais e Silva, 94), no Maracanã, na Zona Norte. No sábado (17), vai das 14h às 22h, e no domingo (18), das 12h às 20h. A entrada é gratuita e o visitante só paga o que consumir. Não há estacionamento no local.

Açaí começou como brincadeira e virou o sustento da família

Uma das atrações da 1ª Feira Nacional de Podrões é o Açaí da Cátia, de Rocha Miranda, na Zona Norte do Rio. A novidade fica por conta do tamanho do recipiente e da quantidade coberturas e caldas que podem compor a guloseima. Para os tímidos há copinhos que variam de R$ 3 a R$ 10. Mas tem também a barca, que sai a R$ 30. “Embarcados” vão oito bolas de açaí, que podem receber uma dezena de caldas, quatro tipos de frutas –morango, banana, kiwi e uva – e mais de 15 coberturas, que vão de granola, confete, paçoca a Nutela, marshmallow, Ovomaltine e o chantilly feito pela própria Cátia.

“O nosso diferencial é justamente não cobrar nada a mais pelo se coloca no açaí. A gente tem três sabores de açaí (morango, banana e natural) e o cliente pode escolher o que ele quiser botar no pote. O importante é a satisfação do cliente”, garante Cátia.

Cabeleireira de quinta a sábado, ela conta que começou na venda de açaí, há cerca de dois anos, ao brincar com filho Diogo, de 22 anos. Voraz consumidor da iguaria, comia três potes por dia na rua, estava levando a mãe à ruína, quando ela sugeriu começarem a vender açaí para equilibrar o orçamento.

A empreitada começou timidamente no quintal da casa da mãe de Cátia. Conforme os clientes iam aumentando, surgiu o serviço de entregas, feito por mãe e filho, primeiro de bicicleta, depois de moto. Mas em cinco meses a moto foi roubada e eles decidiram entrar no I-Food. Há seis meses Cátia alugou uma lojinha perto de casa. E recebe encomendas até do Titanic – barca com dois quilos de açaí, que alimenta muito bem seis famintos – que sai a R$ 52.

“O negócio está crescendo. Vem gente não só de Rocha Miranda, mas de muitos lugares porque meu açaí é gostoso e barato e tem esse diferencial, a gente não cobra nada à parte. A gente quer prestar um serviço de qualidade, ver as pessoas satisfeitas. E fico muito feliz quando vejo que o negócio, que começou como uma brincadeira, está crescendo”, diz Cátia, que atualmente faz entrega em dez bairros da Zona Norte.

Sonho de ser grande

Quem vê pela primeira vez os irmãos Francisco e Thiago Fonseca, da comunidade de Rio das Pedras, em Jacarepaguá, na Zona Oeste, já imagina que eles sejam o que se costuma chamar de “bom garfo”. Mas, por incrível que pareça Bebezão 1 e Bebezão 2 – respectivo apelido dos irmãos – não conseguem encarar as próprias criações, os lanches gigantes.

A ideia de fazer o Tenebroso, um x-tudo de dois quilos, que leva oito carnes, oito queijos quantidades generosas de bacon e calabresa, maionese caseira, cheddar, ketchup, alface e tomate, surgiu de um sonho. Francisco conta que sonhou que fazia um hambúrguer gigante num pão tipo broa. Ele contou a história a Thiago e, juntos, decidiram incrementar a barraquinha de lanches que tinham comprado com empréstimos um ano e meio antes, quando ficaram desempregados.

“Investimos na ideia. Pedimos para o padeiro do bairro para fazer um pão especial e começamos a fazer o mega hambúrguer. A aceitação foi ótima e começamos a fazer os mega lanches, com os quais estamos ficando famosos", disse Francisco.

"Vem gente de todo canto experimentar nossos sanduíches. O Tenebroso custa R$ 30, mas não sai caro porque pode ser comido facilmente por mais de quatro pessoas”, destacou Francisco, que descobriu sua vocação para o “podrão” quando trabalhou como auxiliar de cozinha. 

Thiago, que já tinha administrado uma lanchonete com a ex-mulher em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, aproveitou para também elaborar um cachorro quente gigante, o Colosso. O sanduíche aberto leva oito salsichas ou linguiças, catupiry, vinagrete especial, maionese caseira, ketchup, mostarda, milho, ervilha, queijo ralado e batata palha. Um delírio gastronômico de dois quilos, que sai a R$ 18 e pode ser compartilhado tranquilamente por quatro pessoas.

“A gente filmou os sanduíches e jogou nas redes sociais. Em pouco mais de uma semana, tivemos quase quatro milhões de visualizações. Usei a minha experiência anterior para criar o vinagrete e a maionese. O pessoal gostou e os mega lanches viraram nossa marca. Mas o mais incrível é que nós dois sozinhos nunca conseguimos comer mais que um quarto dos sanduíches. Tanto que estamos lançando um desafio: quem conseguir comer sozinho o Tenebroso ou o Colosso em 20 minutos, ganha R$200. Se não conseguir, paga a conta em dobro”, diverte-se Thiago, que espera superar a média de 30 mega lanches por semana nos dois dias da Feira do Podrão.

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