sexta-feira, 12 de maio de 2017

Paquetá, tranquilidade e beleza a poucos minutos do Centro do Rio

Nesses dias de violência e insatisfação existentes na "Cidade Maravilhosa", que tal um refúgio que já foi perpetuado na literatura brasileira?

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Quem nunca sonhou em viver longe da violência urbana, dos congestionamentos diários, da poluição e do barulho das buzinas dos carros? O que parece algo utópico no Rio de Janeiro, faz parte do cotidiano dos moradores da bucólica Ilha de Paquetá, localizada a 40 minutos de distância do Centro da cidade.

No local, todas as pessoas se conhecem pelo nome e o principal meio de transporte é a bicicleta. Por se tratar de uma ilha, não existem carros, semáforos e uma badalada vida noturna. O silêncio é absoluto nas ruas. Exceto quando as crianças saem para brincar e correr tranquilas pelas ruas de terra batida.

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A estudante Renata Borba, de 36 anos, abriu mão da vida agitada no bairro da Tijuca, onde morava com a família, para criar os dois filhos em Paquetá. “Tomei a decisão há dois anos, após ser assaltada pela segunda vez durante a minha gestação. Estava à caminho da clínica para fazer o meu pré-natal quando fui rendida por um bandido portando uma faca. Fiquei traumatizada. Aqui os meus filhos podem brincar tranquilos sem medo da violência”, festejou.

Os encantos de Paquetá não estão restritos apenas aos seus moradores. Muitos casais aproveitam a calmaria que o local proporciona para passar uma noite romântica. Foi o caso do vigilante Aroldo de Souza, de 43 anos, que escolheu a Ilha como roteiro turístico para aproveitar com a namorada Alba Jacqueline Benedito, de 38 anos.

Moradora de Marília, no interior paulista, a servidora pública ficou encantada com o passeio. “ É um local perfeito para caminhar em paz e aproveitar o dia”, comentou. Aroldo, que é morador de Mesquita, na Baixada Fluminense, disse que escolheu Paquetá por causa da segurança e do roteiro turístico. “Nem parece que estamos no Rio de Janeiro”, comentou. Ele ressaltou, ainda, que a Ilha proporciona aos visitantes a oportunidade de visualizar as belezas naturais do Rio por um outro ângulo.

O sorriso largo e a hospitalidade são marcas registradas da população local. Esse foi um dos motivos apontados pela pensionista Esdras Alves, de 52 anos, para escolher Paquetá para viver ao lado do companheiro Julio Cezar Pires, de 66 anos. Longe do barulho dos carros e da violência, o casal aproveita as manhãs para passear na Ilha e contemplar as 12 praias do bairro.

Caminhar por aqui é uma experiência maravilhosa. Os pássaros vivem livres, cantam com alegria e em alguns casos, voam bem perto das pessoas, sem medo. Não trocamos isso aqui por nada”, afirmaram. Em Paquetá existe o único cemitério do país exclusivo para o sepultamento de pássaros. Como o espaço é mantido pelos próprios moradores, não é cobrado nenhum tipo de taxa para realizar os enterros.

Esdras também indicou o Parque Municipal Darke de Matos como uma parada obrigatória para os visitantes. O destino abriga árvores centenárias, jardins, trilhas e o mirante Boa vista, no Morro do Cruz, de onde é possível contemplar uma vista panorâmica da Baía de Guanabara.

Cercada de lendas e encantos, a Pedra dos Namorados, localizada na Praia José Bonifácio, é o local mais procurado pelos visitantes solitários. Reza a lenda que a pedra é utilizada para quem está em busca de um namorado.

Para isso, é necessário ficar de costas e atirar três pedrinhas, caso alguma delas fique em cima da Pedra dos Namorados, a pessoa pode comemorar, pois em breve irá formar um par romântico. Para os apaixonados, é possível, ainda, alugar pedalinhos na praia para passear pela enseada. Deixando a lenda de lado, o local também é perfeito para quem pretende levar a família para passear.

Outro ponto de concentra um grande número de visitantes é a Praia da Moreninha, onde é possível escalar uma pedra de mesmo nome, por meio de trilhas ou por uma escada de madeira, e contemplar uma vista panorâmica. A artesã Marcia Ofredi, de 45 anos, aproveitou para levar o filho, Gustavo, de 7 anos, para conhecer as maravilhas da Pedra da Moreninha. O menino adorou o local. “Aqui não tem carro, posso brincar à vontade”, festejou.

As belezas de Paquetá também foram apontadas por turistas belgas que aproveitaram a manhã de sol, para passear no bairro. A ideia foi do engenheiro Hugo Peeters, de 66 anos, que escolheu o Rio de Janeiro para morar após se casar com uma brasileira. Ele convidou o irmão e o sobrinho que passam férias no Brasil para conhecer Paquetá. “Aqui temos contato direto com a natureza, sem a poluição e o barulho dos carros. A ilha (de Paquetá) é um diferencial do Rio”, opinou.

O Passeio

A viagem nas belezas de Paquetá começa no trajeto feito pelas barcas, que, diariamente, realizam 11 viagens entre a Praça XV, no Centro do Rio e a Ilha. O trajeto dura em média 50 minutos e custa R$ 5,90. Nos finais de semana são ofertadas 12 viagens.

Muitos visitantes aproveitam para contemplar a Baía de Guanabara e as belezas naturais do seu entorno. É muito comum encontrar pessoas tirando fotos de dentro do veículo de transporte enquanto aguardam o desembarque. Ao desembarcar em Paquetá, existem duas opções de passeio: os Ecotaxis (bicicletas elétricas) e as Charretes Elétricas - carrinhos de até 5 lugares que substituíram os cavalos.

Ambos os veículos de transporte da cidade oferecem dois tipos de pacote: um roteiro completo por todos os pontos turísticos da cidade e um segundo pacote mais modesto que também contempla uma viagem pelos principais encantos da Ilha. As charretes cobram R$ 100 pelo primeiro pacote e R$ 70 pelo segundo. Já os Ecotaxis cobram R$ 50 por 1 hora de passeio e R$ 35 por 30 minutos.

O trajeto pode seguir o mapa cultural oferecido pelos condutores ou o que for escolhido pelo passageiro. Ambos os veículos de transporte não poluem o meio ambiente e não fazem barulho. Existe a opção de pagar R$ 5 por passageiro para se deslocar para algum ponto turístico específico. Também é possível alugar uma bicicleta comum por R$ 5.

Existe ainda um trenzinho, considerado como um "ônibus" para os moradores, com partidas programas de acordo com os horários de saída e chegada das barcas. O veículo realiza uma volta em praticamente toda a orla da ilha, gratuitamente.

Apesar do grande número de atrações, os charreteiros afirmam que houve uma queda no número de visitantes. O presidente da Associação dos Charreteiros, Thiago Araújo, 32, pede que a prefeitura inclua Paquetá no roteiro turístico da cidade.”A crise financeira afetou muito o turismo aqui na ilha. A prefeitura precisa criar um calendário de eventos para promover Paquetá”, cobrou.

O presidente da Associação de Moradores e Amigos de Paquetá, Alfredo Gomes, festejou o fato da Riotur ter inserido a Ilha de Paquetá na página Visit.Rio, que é o canal oficial do órgão de turismo da cidade. No entanto, ele cobra obras de infraestrutura na região.

“As ruas estão em péssimas condições e o serviço de esgoto está deixando a desejar. A segurança é um ponto positivo, mas percebemos que o consumo de drogas aumentou e está chegando perto das crianças. Essa situação nos causa uma preocupação para o futuro”, comentou. A Polícia Militar informou que  agentes do 5° BPM (Centro) realizam rondas a pé e a cavalo.

A segurança ainda é um grande atrativo para a ilha. Mesmo com a crise econômica, os comerciantes decidiram investir em melhorias. Marca registrada da cidade, o Restaurante do Zeca, ampliou sua capacidade e colocou uma variedade de pratos no cardápio. Além de peixes, churrasco, massas e frango, tem espaço até mesmo para os adeptos de comida vegana (sem carne).

No entanto, o dono do estabelecimento, José Augusto da Fonseca, conhecido como Zeca, de 82 anos, demonstrou preocupação com a baixa no turismo. “Fazemos tudo com muito carinho para servir bem os nossos visitantes. Precisamos de divulgação para que a ilha fique cheia com mais frequência”, avaliou.

O dono da pousada Acordes do Luar, Conrado Gonçalves, 26,  também investiu na ampliação do espaço. Segundo ele, existe a expectativa de aumento de demanda no próximo verão. A Ilha também conta com outros restaurantes, hotéis e pousadas com preços variados.

A falta de um caixa eletrônico 24horas também foi motivo de queixa dos comerciantes. Os estabelecimentos comerciais aceitam cartão de crédito, mas os passeios nos ecotaxis e nas charretes, por exemplo, só podem ser pagos em dinheiro.

A Riotur prometeu incluir a Ilha de Paquetá no roteiro turístico da cidade e nas redes sociais usadas pela prefeitura para divulgar os pontos de maior interesse do Rio. Em até dois meses, segundo o órgão, será lançada uma campanha para conscientizar os moradores sobre a importância de receber bem os visitantes.

“ O melhor cartão postal do Rio é o carioca”, avaliou Marcelo Alves, presidente da Riotur. Ainda segundo ele, o desejo de divulgar Paquetá partiu da primeira dama da cidade, Sylvia Jane. O bairro será contemplado com um roteiro cultural para atrair um número maior de turistas nos finais de semana.

Outras atrações turísticas de Paquetá

Árvore Maria Gorda: Espécie de Baobá, de origem africana, que mede mais de 7 metros de circunferência.

Ponte da Saudade: localizada na Praia José Bonifácio.

Casa de José Bonifácio: O patriarca da Independência, José Bonifácio de Andrade e Silva, teria residido nesta propriedade entre os anos de 1829 e 1831, antes de ser tutor dos filhos de D. Pedro I. A casa está localizada na Praia José Bonifácio.

Capela de São Roque : É a padroeiro do bairro, construída em terras da Fazenda São Roque e inaugurada em 1698. A construção abriga importante obra de Pedro Bruno.

Canhão de Saudação a D. João VI: A peça, localizada na Praia dos Tamoios, fazia parte de uma bateria de canhões usada para saudar a chegada de D. João VI ao bairro a partir de 1808.

Casa de Artes Paquetá: Localizado na Praça de São Roque, o centro cultural de Paquetá promove eventos artísticos e culturais no bairro. 

    
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                Ilha de Paquetá e o Romance A Moreninha

Em 1843, Joaquim Manuel de Macedo escreveu o romance "A Moreninha", que é considerado o iniciador do "romantismo" na literatura brasileira. O livro se tornou um grande sucesso e muitos acreditam que a estória poderia ser real, ter realmente acontecido na Ilha de Paquetá, o que a tornou nacionalmente conhecida. Até onde vai a fantasia, até onde vai a realidade?

O livro foi escrito em 1843 por Joaquim Manuel de Macedo e publicado em 1844, sendo tido como o primeiro marco do "romantismo" na literatura brasileira. Um estilo literário que tem como caracteristicas linguagem simples, exatidão de descrições de costumes, incentivo à virtude e respeito à decência, e geralmente de um conteúdo sentimental e açucarado beirando o exagero, mas que agradava bastante.

Macedo era estudante de medicina quando escreveu o livro. O romance foi um grande sucesso, e se tornou um dos livros mais lidos de todos os tempos no Brasil. O livro só foi equiparado ou talvez superado por "O Guraraní", escrito por José de Alencar. Tanto Macedo como Alencar se tornaram nomes muito conhecidos à sua época e também nos dias de hoje. Macedo abandonou posteriormente a medicina, foi deputado, e se tornou inclusive amigo próximo da familia do Imperador Pedro II, tendo lecionado para os filhos do mesmo. Além de deputado e professor, foi sócio -fundador do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e eleito patrono da cadeira nº 20 da Academia Brasileira de Letras.

Fonte O Dia

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