Primeiro foi Portugal, agora a escassez de mão de obra leva Japão a se dispor a receber mais imigrantes, o que torna mais uma vez ótima oportunidade para brasileiros descendentes, principalmente. Em 2017, país tinha 1,28 milhão de trabalhadores estrangeiros, o que representa 2% da mão de obra total e o dobro do registrado 5 anos antes.
No Japão há cada vez mais estrangeiros que trabalham em bares e restaurantes ou como vendedores e enfermeiros, devido à gradual abertura de um país pressionado pela falta de mão de obra e onde a imigração continua sendo um tabu.
O país, historicamente blindado, registrou um acentuado aumento no número de empregados estrangeiros durante os últimos anos por causa de medidas específicas do governo para satisfazer a demanda mão de obra, uma tendência que se reforçará ainda mais com uma nova legislação.
No Japão havia 1,28 milhão de trabalhadores estrangeiros em 2017, o que representa 2% da mão de obra total e o dobro do registrado cinco anos antes, segundo dados do Executivo, que, no entanto, mantêm o país como uma das nações desenvolvidas com menor proporção de empregados estrangeiros.
O governo liderado pelo conservador Shinzo Abe acaba de desenvolver uma reforma legislativa destinada a aumentar esse número em 500 mil pessoas até 2025, mediante a flexibilização de requisitos de entrada e de residência para trabalhadores estrangeiros pouco qualificados.
Esta medida entrará em vigor em 2019 e tem como objetivo principal atrair mais imigrantes do sudeste asiático a setores como agricultura, enfermagem, construção, cuidado de idosos e trabalho doméstico.
Além de um crescente encarecimento da mão de obra - em junho foi registrado o número recorde de 162 ofertas de emprego para cada 100 pessoas que procuram trabalho -, o acelerado envelhecimento da população do país e sua baixa natalidade preocupam a terceira maior economia mundial.
No ano passado, até 114 companhias japonesas foram obrigadas a interromper suas atividades por falta de trabalhadores, segundo dados da empresa de consultoria Teikoku Data Bank, 44% a mais do que em 2016 e o maior número dos últimos cinco anos.
"Aceitar mais trabalhadores estrangeiros é o mais lógico, dada a situação no Japão e o panorama futuro", disse Yoshimitsu Kobayashi, presidente do sindicato Keizai Dokuyai, em entrevista coletiva em Tóquio.
Consciente de que a imigração é um tema delicado para uma sociedade pouco acostumada a conviver com estrangeiros, o governo optou por um enfoque discreto e pragmático, com ações pontuais dirigidas a cobrir a demanda laboral, e que ao mesmo tempo mantém fortes barreiras para a permanência dos imigrantes.
Organizações humanitárias e especialistas criticaram esta estratégia feita sob medida das empresas e da conjuntura econômica, e assinalam a ausência de políticas destinadas a fomentar a integração dos imigrantes e a permitir sua estadia no país a longo prazo.
"O governo carece na realidade de uma política migratória. Simplesmente improvisa medidas em função da necessidade em cada momento, e não tem um plano em nível nacional de assistência social para os imigrantes", afirmou à Agência Efe Jeff Kingston, diretor de Estudos da Ásia da Universidade Temple do Japão.
O acadêmico define esta estratégia como "de usar e descartar": "O Japão quer trabalhadores imigrantes, mas não deseja ter uma ampla comunidade de estrangeiros residindo a longo prazo", explicou Kingston.
A nova legislação que entrará em vigor em 2019 ilustra perfeitamente esta ideia, já que permitirá estender de cinco para dez anos os vistos de trabalho para estrangeiros pouco qualificados, embora sem possibilidade de conceder a eles a residência permanente e sem permitir que tragam suas famílias ao Japão.
Em uma situação também delicada estão muitos dos aproximadamente 260 mil jovens estrangeiros residentes no Japão com visto de estudante, um status que limita seus horários de trabalho e que foi objeto de vários casos de exploração e outras práticas abusivas.
Apesar da progressiva abertura do Japão, a imigração continua sem fazer parte do debate político, o que também significa que nenhum partido é "abertamente xenofóbico ou anti-imigração, como acontece em alguns países da Europa e nos Estados Unidos", destacou Kingston.
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