sábado, 23 de junho de 2018

Quem tem fé vive mais, afirma pesquisa

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Apesar de exemplos constatados pela própria medicina, ateus afirmam o contrário e discutem essa possibilidade.

Pessoas que acreditam em Deus vivem, em média, quatro anos a mais do que ateus. É o que aponta uma pesquisa recente a Universidade de Ohio, nos Estados Unidos. O estudo, publicado na revista científica “Social Psychological and Personality Science”, foi baseado em 1.601 obituários. 

Os pesquisadores apontam diversos fatores para a correlação entre fé e longevidade. Entre eles, o fato de a maioria das religiões levar os fiéis a um estilo de vida mais saudável, com restrições a ingestão de álcool e uso de drogas, por exemplo.

Não foi surpresa para a maranhense Marina Pereira Lopes, que completou 88 anos. Após celebrar a data em uma missa na Igreja de Sant’Anna, no Centro do Rio, ela contou que pretende alcançar a marca da avó, uma senhorinha muito devota que viveu 110 anos.

— A fé me ajuda a superar os problemas e ajudar meus irmãos, pela oração. Todos os dias rezo o terço e, sempre que posso, participo das atividades da igreja — conta dona Marina, que se mudou para o Rio há dez anos, para ficar mais perto da família de sete filhos, 13 netos e cinco bisnetos.

Para o reverendo anglicano Abimael Rodrigues, reitor da Catedral Anglicana do Redentor, o trunfo dos religiosos está no comprometimento com o próximo.

— Nessa sociedade em que as pessoas estão com o coração estranhamente apegado ao ter, ao possuir, o ato de servir e adorar a Deus compromete a pessoa com o próximo, com a necessidade do mais frágil. Você deixa de pensar só em si ao se envolver com coisas da fé — afirma.

Já o babalowo Ivanir dos Santos, representante de religiões de matriz africana, ressalta a união entre o corpo e o espírito.

— No ocidente, é muito comum separar o corpo do espírito. Mas a espiritualidade está ligada ao cuidado corporal. Ao olhar para as duas coisas ao mesmo tempo, a tendência é que a pessoa viva ainda mais. Na Nigéria, é muito comum ter religiosos que vivem mais de cem anos — diz.

Padre Omar Raposo, reitor do Santuário Cristo Redentor destaca que a religiosidade transforma as pessoas.

— A fé é capaz de gerar uma requalificação integral do ser humano. Uma fé equilibrada é saudável, terapêutica. Ao longo da vida, a pessoa de fé é capaz de agregar à sua existência valores que geram consistência e, com isso, a prevenção de fatores que poderiam minimizar o tempo de sua estada nesse mundo.

A Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro acredita ser “mais fácil para uma pessoa de fé conviver com os problemas e infortúnios pelos quais todos passam, tendendo a uma vida mais leve e livre de doenças advindas da infelicidade ou do estresse”.

Evidências

Coautor do estudo, Baldwin Way, professor de psicologia na Universidade de Ohio, afirma que o resultado vai ao encontro de um número crescente de pesquisas que mostram um efeito positivo da religião na saúde.

“Embora possa parecer uma tolice para os ateus, o estudo fornece fortes evidências de que existe relação entre a vivência religiosa e a quantidade de anos que uma pessoa vive”, afirma.

A pesquisa foi composta de dois estudos. O primeiro envolveu 505 obituários publicados na cidade de Iowa, entre janeiro e fevereiro de 2012. O segundo analisou 1.096 obituários publicados de agosto de 2010 a agosto de 2011, em 42 cidades do país. Considerando só os dados de Iowa, religiosos tiveram 9,45 anos a mais de vida do que ateus.

Ateu questiona estudo

Presidente da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, Daniel Sottomaior questiona a pesquisa.

— A estatística é uma ótima ferramenta, mas com frequência é utilizada para distorcer e não, esclarecer os fatos — diz ele, criticando o fato de o estudo se basear em obituários: — Quem garante que a pessoa que fez o obituário sabia a religião do morto? Sabe-se que grande parte dos ateus está no armário. Isso leva à sub-representação dos ateus e introduz um viés na amostra.

Daniel argumena ainda que correlação não é sinônimo de causa.

— Ainda que o estudo não tivesse nenhum desses problemas, não mostraria que ateus vivem menos porque são ateus — afirma ele.


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